sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Ações da Petrobras despencam mais de 4%

Ana Paula Ribeiro - O Globo


A incerteza sobre a continuidade do programa de swaps cambiais, que são feitos pelo Banco Central (BC) e que equivalem a uma venda de moeda, pressionou a cotação da divisa americana nessa sexta-feira. O dólar comercial avançou 1,70% diante o real, a R$ 2,570 na compra e a R$ 2,572 na venda. Na máxima, a cotação chegou a R$ 2,583. Na semana, a alta acumulada é de 2,4%. Já o Ibovespa, principal indicador do mercado acionário local, reverteu a alta e fechou em leve queda de 0,10%, a 54.664 pontos. Na semana, o recuo é de 2,5%.

Os investidores ficaram em dúvida sobre a continuidade dos leilões de swap em 2015. Na quinta-feira, o presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que “o estoque de derivativos cambiais ofertados pelo BC até o presente momento já atende de forma significativa à demanda por proteção cambial”. Afirmou que ainda que as operações vão ser renovadas no futuro, “observadas as condições de demanda’. A interpretação é que a autoridade monetária poderia reduzir esse programa nos próximos meses, o que pressiona a moeda.

No final da tarde dessa sexta-feira, Tombini negou, em entrevista ao Blog do Planalto, ter dito que esse programa iria terminar. No entanto, a explicação não foi suficiente para o dólar reverter a tendência de alta.

Além disso, na avaliação de Luciano Rostagno, estrategista chefe do Banco Mizuho, a alta do dólar no Brasil acompanha o movimento externo.

— Lá fora, o dólar está com viés de alta frente às moedas de países emergentes produtores de commodities. Só isso já justifica a alta por aqui — afirmou.

Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora, lembra ainda que o fato dessa sexta-feira ser o último dia útil do mês também estimulou a alta, já que é a cotação de hoje que servirá de referência para a liquidação de contratos baseados na moeda americana.
— O dólar subiu como resposta do PIB, que ainda está fraco, e também porque é fechamento de mês — explicou.

PRESSÃO NAS AÇÕES DA PETROBRAS

A principal notícia nos mercados nessa sexta-feira foi o anúncio do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro primeiro, que mostrou um leve crescimento de 0,1% na comparação com o segundo trimestre, revertendo dois trimestre seguidos de queda. No entanto, não chegou a surpreender. No entanto, quem concentrou as atenções foi a Petrobras, dessa vez pela queda do preço do petróleo no exterior.

O volume financeiro do pregão ficou em R$ 5,3 bilhões, pouco abaixo da média. Para Luiz Roberto Monteiro, operador da Renascença Corretora, o volume financeiro reduzido é reflexo da emenda de feriado nos Estados Unidos - na quinta-feira eles comemoraram o Dia de Ação de Graças.

Nesse cenário, as ações mais pressionadas são da Petrobras. Os papéis preferenciais (sem direito a voto) registraram queda de 4,76%, a R$ 12,84, e os ordinários (com direito a voto) recuaram 4,70% (R$ 12,18). Na quinta-feira, a Organização dos Países Produtores de Petróleo) anunciou que irá manter em 30 milhões de barris a produção diária de petróleo.

Essa manutenção não deve ajudar no aumento dos preços do óleo no mercado internacional, o que afeta as empresas produtoras. No mês, a queda é ainda maior. Os papéis preferenciais recuaram 16,2% e os ordinários perderam 17,1% de seu valor.

DOLAR AJUDA EXPORTADOR E PETRÓLEO AJUDA GOL

Entre as ações mais negociadas, o setor bancário fechou sem tendência definida. Os papéis preferenciais do Itaú tiveram queda de 0,36%. Na quinta-feira à noite, a instituição financeira anunciou a recompra de até 10 milhões de ações ordinárias e 50 milhões de preferenciais. Bradesco recuou 0,45% e Banco do Brasil avançou 1,75%. Já as ações da companhia aérea Gol subiram 3,22%, uma vez que a companhia é beneficiada pela queda no preço do petróleo.

Ainda entre as altas, as preferenciais da Vale subiram 1,26% e as ordinárias avançaram 1,39%. A mineradora se beneficia da maior cotação do dólar e de uma pequena recuperação nos preços do minério de ferro no exterior. Também subiram, impulsionados pela alta da moeda, as ações da Usiminas e da Gerdau, que avançaram, respectivamente, 1,96% e 2,83%.

Os investidores ainda analisaram a entrevista dada na quinta-feira pelo ministro indicado para a Fazenda, Joaquim Levy, que se comprometeu em entregar um superávit primário (economia para o pagamento dos juros) de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 e o controlada da dívida pública bruta, que subiu nos últimos anos devido, entre outros fatores, à transferência de recursos do Tesouro Nacional para os bancos públicos. "Porém, o novo ministro afirmou que não havia urgência nas medidas. Resta saber ainda se Levy vai ter autonomia para fazer tudo aquilo que a presidente Dilma Rousseff afirmou que não ia fazer durante a sua campanha", afirmou, em relatório, os analistas da Yield Capital.

Já no mercado externo, a atenção dos investidores foi para os dados da Europa, que mostraram uma nova desaceleração da inflação, indicando que a economia ainda fraca. A interpretação é que novos estímulos serão necessários e que podem ocorrer já no primeiro trimestre de 2015, o que pode ser benéfico para os mercados emergentes.

Na Europa, os principais índices operaram em leve queda. O DAX, de Frankfurt, teve leve variação positiva de 0,06%. O CAC 40, da Bolsa de Paris, subiu 0,18% e o FTSE 100 fechou praticamente estável (-0,01%). Nos Estados Unidos, o S&P 500 fechou em queda de 0,25%. O Dow Jones ficou estável e o Nasdaq avançou 0,46%.