Leiam trecho da minha coluna na Folha desta sexta.
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O Hamas tem dois grandes aliados: um número maior de mortos e o ódio covarde a Israel. É um ódio dissimulado, sem coragem de dizer seu nome, que usa os corpos de mulheres e crianças como escudo moral, mas que mal esconde sua natureza. Sessenta e seis anos depois da “partilha”, renegada, então, pelo mundo árabe –e só por isso surgiu uma “causa palestina”–, eis que Israel continua a lutar por sua sobrevivência. Já teria sido “varrido do mapa” se, confiante na paz, não houvesse se preparado para a guerra.
O país poderia ter sucumbido já em 1948. Resistiu. Poderia ter sucumbido em 1967, mas venceu espetacularmente. Poderia ter sucumbido em 1973 –e preferiu, de novo, sobreviver. Mas seus inimigos, e não me refiro aos palestinos, ganharam a guerra de propaganda. O espírito de um tempo sempre se impõe à maioria das consciências porque não se faz de um único equívoco, mas de muitos, que se combinam num sistema e tornam a ignorância confortável. Prevalece até que equívocos novos componham outra metafísica influente.
Israel hesitou bastante em fazer a incursão terrestre a Gaza. Seriam muitos os mortos, dadas as características demográficas da região e a forma como o Hamas se organiza. Adicionalmente, tinha-se como certa a perda de soldados. O óbvio está se cumprindo. Há quantos anos o mundo assiste impassível à conversão de Gaza numa base de lançamento de mísseis? Quantas foram as advertências ignoradas pelo Hamas? Como reagiu a organização terrorista ao assassinato de três adolescentes judeus? Justificou a ação criminosa, aplaudiu-a e chamou o inimigo para a guerra, esgueirando-se, armada até os dentes, entre mulheres e crianças, cujo sangue fertiliza seus delírios homicidas.