quinta-feira, 28 de agosto de 2014

MP tenta derrubar lei que regulariza invasão do MTST, outro braço da gangue de Lula

Eduardo Gonçalves - Veja

Promotoria pediu ao procurador-geral da Justiça que considere inconstitucional a lei que autoriza a construção de moradia em invasão


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Coordenadores do MTST recolhem presença das pessoas que compareceram no protesto do movimento, no centro de São Paulo
Coordenadores do MTST recolhem presença das pessoas que participaram do protesto no dia 29 de julho, no centro de São Paulo - Felipe Cotrim/VEJA.com
A Promotoria de Habitação e Urbanismo do Ministério Público de São Paulo recomendou ao procurador–geral de Justiça do Estado, Márcio Elias Rosa, que entre com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra a lei que regulariza a construção de unidades habitacionais no terreno invadido pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo – a invasão foi chamada de Copa do Povo pela proximidade do estádio Itaquerão.  
Na recomendação, os promotores Camila Mansour Magalhães da Silveira e Marcus Vinicius Monteiro dos Santos afirmam que a lei é ilegal porque o tipo de zoneamento da área, originalmente industrial, foi alterado para habitação social sem considerar medidas previstas na Constituição do Estado, como a consulta à população local e a análise técnica do terreno, que abriga mananciais e tem restrições ambientais para construção. Segundo o documento, a lei “serviu exclusivamente para atender aos interesses da proprietária da área e do movimento, deixando de observar o interesse público, especificamente no que se refere à forma de uso e ocupação do solo daquela área da cidade, posto que mudanças de tal magnitude devem ser feitas quando voltadas à garantia da qualidade de vida da população”.
Após três audiências na Justiça, o MTST chegou a um acordo com a dona do terreno, a Viver SA. Um termo de compromisso foi assinado entre as duas partes, no qual ficou combinado que os sem-teto teriam prioridade na compra do terreno, avaliado em 35 milhões de reais. A maior parte desse dinheiro será repassado pelo governo federal por meio do Minha Casa, Minha Vida Entidades, conforme foi acordado entre Guilherme Boulos, líder do movimento, e a presidente Dilma Rousseff em rápido encontro no dia 8 de maio – a petista cedeu às pressões de Boulos por temer uma onda de manifestações durante a Copa do Mundo. Nessa modalidade do programa de moradia, o grupo ganha o direito de indicar os beneficiários, escolhidos segundo o critério de “militância” – leia-se: quem comparece a todos os protestos e realiza atividades nas invasões.
Um dos artigos da lei, que impedia a entrega do terreno nas mãos do MTST, foi vetado pelo prefeito Fernando Haddad (PT) no dia 8 de agosto. O autor da lei, vereador Police Neto (PSD), pediu uma ação de inconstitucionalidade à Procuradoria da Câmara Municipal contra o próprio projeto. Segundo ele, Haddad vetou o conteúdo principal da proposta, a destinação de prédios desocupados para habitação social, e aprovou apenas a medida que regularizava a Copa do Povo, incluída de última hora no texto, a pedido do prefeito. "Defendo que a lei seja revogada ou que os vetos sejam derrubados. Esta lei, do jeito como foi sancionada, não se sustenta", disse o parlamentar.
No texto, os promotores sustentam que haviam alertado as autoridades sobre os problemas de ceder o terreno ao grupo. "A providência poderia importar em burla ao cadastro municipal, pois famílias que há muito se inscreveram regulamente e aguardam ser contempladas com unidades habitacionais seriam preteridas em prol de integrantes do MTST."
Em nota, a prefeitura de São Paulo negou que o texto da lei beneficie os sem-teto e afirmou que os "vetos mantém o regramento próprio pré-existente, do Ministério das Cidades, e, portanto, não há brecha para 'furar a fila'”.