Marcello Corrêa - O Globo
Em relação ao mesmo período do ano passado, recuo é de 0,9%, segundo o IBGE
economia brasileira registrou recuo de 0,6% no segundo trimestre, na comparação com os três primeiros meses do ano, informou o IBGE nesta sexta-feira. A mediana de 41 projeções compiladas pela Bloomberg era de que o Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país) tivesse queda de 0,4%. Em relação ao segundo trimestre do ano passado, o recuo foi de 0,9%. Nesse tipo de comparação, os analistas esperavam contração de 0,6%. No primeiro trimestre, o desempenho foi revisado de avanço de 0,2% para recuo de 0,2%, o que caracteriza um quadro classificado pelos economistas como recessão técnica.
A última vez que o Brasil registrou uma recessão técnica foi no último trimestre de 2008 e primeiro de 2009 na esteira da crise internacional. A economia registrou recuo de 4,2% e de 1,7% respectivamente, na comparação com o trimestre anterior. Apesar de mais forte, ela foi rápida e no segundo trimestre de 2009, o PIB já crescia 1,9%.
Em 12 meses, a economia registra avanço de 1,4%. Com o recuo de 0,2% frente ao primeiro trimestre, o PIB brasileiro ficou em R$ 1,271 bilhão entre abril e junho.
Em relação ao primeiro trimestre, o setor que mais registrou recuo foi o da indústria, com queda de 1,5%. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, a queda foi ainda maior, de 3,4%. Já o setor de serviços, maior parte do PIB, teve queda de 0,5% frente ao trimestre anterior, mas avançou 0,2% ante o mesmo período de 2013. A agricultura teve alta de 0,2% frente ao primeiro trimestre e ficou estável (0%) em relação ao segundo trimestre de 2013.
O resultado é divulgado em meio a um crescente pessimismo em relação ao desempenho da economia neste ano. Segundo o mais recente boletim Focus, elaborado semanalmente pelo Banco Central, economistas reduziram pela 13ª vez consecutiva a projeção para crescimento do PIB neste ano, para apenas 0,79%.
Entre os indicadores que fundamentaram a piora das projeções, um dos principais é a produção industrial. Em junho, o setor recuou 1,4%, completando uma sequência de quatro resultados negativos consecutivos. O último dado sobre a receita do setor de serviços, que responde pela maior parte da economia do país, também não animou: subiu 5,7%, menor taxa desde que o IBGE começou a acompanhar o segmento, em 2012. Ambos os resultados tiveram influência do chamado “efeito Copa”, relacionado aos feriados durante o torneio, em junho e julho.
PRÉVIA DO BC INDICOU QUEDA
Há duas semanas, o Banco Central divulgou que a economia encolheu 1,2% no segundo trimestre, de acordo com o IBC-Br. Apesar de ser chamado de “PIB do BC”, o indicador é formado por cálculos diferentes dos utilizados para a apuração do PIB oficial, do IBGE. O segundo é muito mais complexo, representando de forma mais fiel a soma de bens e serviços produzidos no país.
Nesta quinta-feira, durante a divulgação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDE), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que espera que a economia cresça mais no ano que vem, atribuindo os números fracos de 2014 a fatores como seca e crise de energia, que espera que não se repitam. A expectativa do governo para 2015 é de alta de 3%, bem maior que a previsão do mercado, de 1,2%.