quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Dilma ´trambique` e a arte de torturar números

Veja

Entre os feitos citados pela presidente e atribuídos a seu governo, houve exagero, mentiras e meias verdades


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A candidata Dilma Rousseff (PT), durante intervalo do debate entre os presidenciáveis promovido pela Rede Bandeirantes, em 26/08/2014
A candidata Dilma Rousseff (PT), durante intervalo do debate entre os presidenciáveis promovido pela Rede Bandeirantes, em 26/08/2014 - Ivan Pacheco/VEJA.com
No debate dos candidatos à Presidência da República transmitido pela Band na terça-feira à noite, a presidente Dilma Rousseff mostrou ao público um Brasil com o qual poucos se identificam: inflação sob controle, pleno emprego, estabilidade econômica, alto padrão de consumo, entre outras características que poderiam ser atribuídas a países escandinavos.
Questionada sobre o problema do baixo crescimento econômico, a presidente atribuiu a culpa, como de costume, à crise internacional. Dilma não só parece estar vivendo num Brasil completamente fora desta dimensão, como também mostrou seus argumentos lançando mão de informações equivocadas e meias verdades. O site de VEJA selecionou algumas delas.

Os sete erros de Dilma no debate

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Política econômica

O que Dima disse: “Fizemos um compromisso com a questão da estabilidade econômica e cumprimos esse compromisso”
Qual é a realidade: É consenso entre especialistas em gestão pública, economistas e cidadãos brasileiros que acompanham o desenrolar dos assuntos econômicos que estabilidade não é bem a melhor característica que define a economia nos dias atuais. A grande crítica ao governo Dilma é a deterioração do tripé econômico (composto pelo sistema de metas de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal), um mecanismo criado no governo de Fernando Henrique Cardoso para fazer a economia brasileira a entrar nos eixos. Os dois maiores indicadores da instabilidade econômica são o baixo superávit fiscal e o altissimo deficit em transações correntes. O primeiro, que significa a economia feita pelo governo para pagar os juros da dívida, vem se deteriorando desde 2012. Devido ao aumento dos gastos num ritmo mais acelerado que o da arrecadação, o governo não tem conseguido cumprir as metas anuais de superávit. Em 2014, por exemplo, a meta é de 99 bilhões de reais, ou 1,9% do PIB. Até junho, o superávit estava em apenas 34 bilhões de reais, apenas um terço do resultado total. Num intento de maquiar o fracasso fiscal, o governo tem se valido de medidas de contabilidade criativa. A última delas foi atrasar os repasses de recursos para a Caixa que devem financiar programas sociais, como o Bolsa Família. Já o deficit em transações correntes mostra um diagnóstico do fluxo de negócios do Brasil com o exterior. É impactado, sobretudo, pela balança comercial. O deficit até julho estava em 49 bilhões de dólares, mas o BC espera que o resultado até o final deste ano fique negativo em 80 bilhões de dólares, ou 3,5% do PIB. Como resultado da deterioração das contas públicas e externas, o país teve sua nota rebaixada pela agência Standard and Poor’s, além de ser considerado, em 2014, uma das cinco economias frágeis, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).