Blog Augusto Nunes - Veja
“Forçada a enfrentar a crise, Dilma imita Lula e a procissão de bravatas recomeça”, resumiu o título do post publicado em maio de 2012. O texto reconstituiu os piores momentos dos governantes que, diante dos estragos decorrentes de uma crise econômica de dimensões planetárias, não aceitam ver as coisas como as coisas são. Passados dois anos e meio, sempre copiando o padrinho, a afilhada agora assombrada pelo fantasma da recessão insiste em sair do beco cavalgando fantasias, falácias, mentiras deslavadas e falatórios sem pé nem cabeça.
Nesta sexta-feira, por exemplo, Dilma ampliou a lista dos sabotadores da política econômica com a inclusão da Copa dos 7 a 1, até recentemente festejada como a Copa das Copas, a prova definitiva de que só pessimistas vocacionais se recusam a aprender que ninguém pode com o Brasil governado pela seita lulopetista. “Por causa da Copa do Mundo, tivemos a maior quantidade de feriados na história do Brasil, nos últimos anos, nesse trimestre”, recitou a chefe do governo que decidiu melhorar o trânsito em dias de jogo com a decretação de folgas coletivas.
O falatório é tão veraz quanto a história inventada por por Lula em 27 de março de 2008, quando a crise nascida nos Estados Unidos já contaminara vários países. “Um dia acordei invocado e liguei para o Bush”, gabou-se o então presidente. “Eu disse: ‘Bush, meu filho, resolve o problema da crise, porque não vou deixar que ela atravesse o Atlântico’”. Como Lula só fala português, Bush não deve ter entendido o recado do colega monoglota e a crise seguiu seu curso. Só seis meses mais tarde o então presidente voltou ao assunto. ”Que crise? Pergunte ao Bush”, recomendou em 17 de setembro. “O Brasil vive um momento mágico”, emendou no dia 21.
No dia 22, a ressalva entre vírgulas informou que o momento não era tão mágico assim: “Até agora, graças a Deus, a crise americana não atravessou o Atlântico”. Uma semana depois, a ficha começou a cair. “O Brasil, se tiver que passar por um aperto, será muito pequeno”, garantiu em 29 de setembro. Pareceu render-se no dia 30: “A crise é tão séria e profunda que nem sabemos o tamanho. Talvez seja a maior na História mundial”. Em 4 de outubro, o otimista delirante voltou ao palco: “Lá nos Estados Unidos, a crise é um tsunami”, comparou. “Aqui, se chegar, vai ser uma marolinha, que não dá nem para esquiar”.
No dia 5 de outubro, achou prudente depositar o problema no colo do Legislativo. “Queremos que esse tema da crise mundial seja levado ao Congresso”, comunicou. No dia 8, conseguiu enxergar o tamanho do buraco. “Ninguém está a salvo, todos os países serão atingidos pela crise”. Em 10 de novembro de 2008, a metamorfose ambulante encerrou com uma aula tão curta quanto bisonha o desfile de frases amalucadas. “Toda crise tem solução”, ensinou. “A única que eu pensei que não tivesse jeito era a crise do Corinthians”. O raquitismo das taxas de crescimento registradas de lá para cá mostrou o que acontece a um país governado por alguém que enfrenta com bazófias e bravatas complicações econômicas de dimensões globais. A longevidade da crise confirmou que esse tipo de monstro é impiedoso com populistas falastrões.
Mas o Brasil não aprende: três anos depois, a estratégia inaugurada pelo Exterminador do Plural começou a ser reprisada em dilmês. Lula acordava invocado com Bush. Em março de 2012, Dilma perdeu o sono por causa de um certo “tsunami monetário”. Num improviso espantoso, atribuiu a paternidade da criatura a “países desenvolvidos que não usam políticas fiscais de ampliação da capacidade de investimento para retomar e sair da crise que estão metidos e que usam, então, despejam, literalmente, despejam US$ 4,7 trilhões no mundo ao ampliar de forma muito, é importante que a gente perceba isso, muito adversa, perversa para o resto dos países, principalmente aqueles em crescimento”.
Lula recomendava aos americanos que se mirassem no exemplo do Brasil. Dilma se promoveu a conselheira da Europa. “Eu acho que uma coisa importante é que os países desenvolvidos não só façam políticas expansionistas monetárias, mas façam políticas de expansão do investimento”, ensinou em 5 de março de 2012. “Porque o investimento não só melhora a demanda interna, mas abre também a demanda externa para os nossos produtos”. No dia seguinte, concluiu a lição. “Somos uma economia soberana. Tomaremos todas as medidas para nos proteger”.
Quatro anos depois de reduzido por Lula a marolinha, o tsunami foi desafiado por Dilma. “Nós estamos 100% preparados, 200% preparados, 300% preparados para enfrentar a crise”, preveniu em maio. Como o padrinho em 2008, a afilhada resolveu interceptar o cortejo de índices aflitivos com outro balaio de medidas de estímulo ao consumo. Como ficou mais fácil comprar automóveis, os congestionamentos de trânsito ficaram maiores nos dois anos seguintes. E o governo foi obrigado a decretar feriados que, como acaba de descobrir a presidente, apressaram o parto da recessão .
A crise econômica não será resolvida tão cedo. A praga que mistura inépcia, cinismo e safadeza pode ser erradicada na eleição de outubro.
Nesta sexta-feira, por exemplo, Dilma ampliou a lista dos sabotadores da política econômica com a inclusão da Copa dos 7 a 1, até recentemente festejada como a Copa das Copas, a prova definitiva de que só pessimistas vocacionais se recusam a aprender que ninguém pode com o Brasil governado pela seita lulopetista. “Por causa da Copa do Mundo, tivemos a maior quantidade de feriados na história do Brasil, nos últimos anos, nesse trimestre”, recitou a chefe do governo que decidiu melhorar o trânsito em dias de jogo com a decretação de folgas coletivas.
O falatório é tão veraz quanto a história inventada por por Lula em 27 de março de 2008, quando a crise nascida nos Estados Unidos já contaminara vários países. “Um dia acordei invocado e liguei para o Bush”, gabou-se o então presidente. “Eu disse: ‘Bush, meu filho, resolve o problema da crise, porque não vou deixar que ela atravesse o Atlântico’”. Como Lula só fala português, Bush não deve ter entendido o recado do colega monoglota e a crise seguiu seu curso. Só seis meses mais tarde o então presidente voltou ao assunto. ”Que crise? Pergunte ao Bush”, recomendou em 17 de setembro. “O Brasil vive um momento mágico”, emendou no dia 21.
No dia 22, a ressalva entre vírgulas informou que o momento não era tão mágico assim: “Até agora, graças a Deus, a crise americana não atravessou o Atlântico”. Uma semana depois, a ficha começou a cair. “O Brasil, se tiver que passar por um aperto, será muito pequeno”, garantiu em 29 de setembro. Pareceu render-se no dia 30: “A crise é tão séria e profunda que nem sabemos o tamanho. Talvez seja a maior na História mundial”. Em 4 de outubro, o otimista delirante voltou ao palco: “Lá nos Estados Unidos, a crise é um tsunami”, comparou. “Aqui, se chegar, vai ser uma marolinha, que não dá nem para esquiar”.
No dia 5 de outubro, achou prudente depositar o problema no colo do Legislativo. “Queremos que esse tema da crise mundial seja levado ao Congresso”, comunicou. No dia 8, conseguiu enxergar o tamanho do buraco. “Ninguém está a salvo, todos os países serão atingidos pela crise”. Em 10 de novembro de 2008, a metamorfose ambulante encerrou com uma aula tão curta quanto bisonha o desfile de frases amalucadas. “Toda crise tem solução”, ensinou. “A única que eu pensei que não tivesse jeito era a crise do Corinthians”. O raquitismo das taxas de crescimento registradas de lá para cá mostrou o que acontece a um país governado por alguém que enfrenta com bazófias e bravatas complicações econômicas de dimensões globais. A longevidade da crise confirmou que esse tipo de monstro é impiedoso com populistas falastrões.
Mas o Brasil não aprende: três anos depois, a estratégia inaugurada pelo Exterminador do Plural começou a ser reprisada em dilmês. Lula acordava invocado com Bush. Em março de 2012, Dilma perdeu o sono por causa de um certo “tsunami monetário”. Num improviso espantoso, atribuiu a paternidade da criatura a “países desenvolvidos que não usam políticas fiscais de ampliação da capacidade de investimento para retomar e sair da crise que estão metidos e que usam, então, despejam, literalmente, despejam US$ 4,7 trilhões no mundo ao ampliar de forma muito, é importante que a gente perceba isso, muito adversa, perversa para o resto dos países, principalmente aqueles em crescimento”.
Lula recomendava aos americanos que se mirassem no exemplo do Brasil. Dilma se promoveu a conselheira da Europa. “Eu acho que uma coisa importante é que os países desenvolvidos não só façam políticas expansionistas monetárias, mas façam políticas de expansão do investimento”, ensinou em 5 de março de 2012. “Porque o investimento não só melhora a demanda interna, mas abre também a demanda externa para os nossos produtos”. No dia seguinte, concluiu a lição. “Somos uma economia soberana. Tomaremos todas as medidas para nos proteger”.
Quatro anos depois de reduzido por Lula a marolinha, o tsunami foi desafiado por Dilma. “Nós estamos 100% preparados, 200% preparados, 300% preparados para enfrentar a crise”, preveniu em maio. Como o padrinho em 2008, a afilhada resolveu interceptar o cortejo de índices aflitivos com outro balaio de medidas de estímulo ao consumo. Como ficou mais fácil comprar automóveis, os congestionamentos de trânsito ficaram maiores nos dois anos seguintes. E o governo foi obrigado a decretar feriados que, como acaba de descobrir a presidente, apressaram o parto da recessão .
A crise econômica não será resolvida tão cedo. A praga que mistura inépcia, cinismo e safadeza pode ser erradicada na eleição de outubro.