Fraude na CPI – Cai o assessor de Graça, mas ela fica. Parece brincadeira!
José Eduardo Barrocas, chefe do escritório da Petrobras em Brasília e homem de confiança de Graça Foster, presidente da estatal, deixou o cargo. Na prática, foi demitido. Na versão oficial, pediu para sair. Ele é uma das personagens que aparecem num vídeo revelado pela VEJA combinando uma estratégia para fraudar a CPI instalada no Senado para apurar a compra da refinaria de Pasadena. É uma tentativa de fazer a questão esfriar.
Pois é… Barrocas fez parte do grupo que conspirou contra a CPI, e uma das beneficiárias dessa conspiração era… Graça. Pode-se dizer que ela participou duplamente da armação: não só recebeu previamente perguntas que seriam feitas pelos senadores como mobilizou uma equipe da própria empresa para fazer uma espécie de gabarito. Também José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, teve acesso às questões e às respostas previamente elaboradas.
Sabem o que é mais impressionante? Essa reunião foi feita no gabinete da presidência da Petrobras, numa sala contígua à de Graça. Então se demite o assessor, mas se mantém a presidente da empresa? Não é plausível supor que tudo tenha sido feito à sua revelia, sem a sua concordância.
No vídeo, Barrocas, que afirma falar em nome de Graça, diz a Marcos Rogério de Souza, secretário parlamentar do bloco governista no Senado, que não seriam aceitas perguntas sobre os contratos entre a Petrobras e uma empresa de Colin Vaughan Foster, seu marido. Com efeito, nas três horas em que ela ficou à disposição da CPI, não se tocou no assunto.
A biografia de Graça vai engordando. A Polícia Federal instaurou inquérito para investigar se ela omitiu do Senado informações relacionadas à compra da refinaria de Pasadena e sobre a efetiva existência de contratos celebrados pela empresa de seu marido com a estatal. Em meio ao imbróglio de Pasadena, ela doou imóveis para seus filhos, quando a eventual indisponibilidade de bens era uma possibilidade efetiva. O Tribunal de Contas da União, no entanto, como se sabe, usou, no seu caso, um critério distinto do empregado com outros 11 diretores, que tiveram os bens tornados indisponíveis.
Graça Foster está se beneficiando de uma penca de exceções. E, no entanto, preside a maior empresa do país. Isso explica, em parte, por que há no ar um certo enfaro com o petismo.