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Medida atingirá os Boeings 777-200, que terão apenas as seções executiva e econômica
As tradicionais três classes em voos internacionais, que já foram uma marca dos mimos aos passageiros, estão desaparecendo na maior companhia aérea do mundo.
Com a queda da procura pelos bilhetes mais caros da empresa levaram a American Airlines a eliminar sua primeira classe, para somar assentos em seus 47 Boeings 777-200. A aeronave terá novos assentos executivos totalmente reclináveis — mais exclusivos do que a classe econômica, mas sem os agrados da primeira classe, como pijamas, pantufas e aperitivos.
— Estamos respondendo à demanda — disse Casey Norton, porta-voz da American. — Examinamos qual era o nível de demanda pela classe executiva e também para o que precisamos na seção principal. É ali que achamos ter atingido o alvo.
As mudanças deixarão os voos internacionais da American com três seções — primeira, executiva e econômica — limitadas aos Boeings 777-300, a maior aeronave da companhia.
A empresa, com sede em Fort Worth, no Texas, possui 14 dessas aeronaves voando em algumas de suas rotas internacionais mais lucrativas, tais como Miami-São Paulo, ao passo que os modelos 777-200 são destinados a pontes aéreas, inclusive Chicago-Pequim.
REMONTAGEM EM ANDAMENTO
Renovar as seções da cabine é uma aposta para fazer dinheiro mediante a venda de mais assentos premium do que as caras tarifas de primeira classe. Uma viagem de ida e volta reembolsável entre Chicago e Pequim custava na semana passada até US$ 37.948, segundo o site da American. Esse preço é quase o dobro do custo de um bilhete executivo num voo comparável, e quatro vezes mais uma passagem executiva não reembolsável.
Embora o anúncio da mudança nas seções da American tenha sido feito em maio de 2012 — quando a companhia estava em concordata e antes da fusão em 2013 com o grupo US Airways —, o primeiro dos modelos 777-200 só está sendo remontado agora.
A mudança empurra a American Airlines para mais perto de outras companhias aéreas que eliminaram ou reduziram seus assentos de primeira classe. Com os assentos ultra reclináveis se tornando padrão nas seções executivas, empresas como a Delta Air Lines, de Atlanta, optaram por torná-la a sua seção mais exclusiva.
A United Airlines, a segunda maior companhia aérea do mundo, ainda mantém aviões com três classes em algumas rotas. A American possui três seções em um voo doméstico: o Airbus A321T, configurado para voos transcontinentais nos Estados Unidos, entre Nova York e Los Angeles e entre Nova York e San Francisco.
Os chamados passageiros premium são importantes para as empresas aéreas não só pelos altos preços que pagam pelos bilhetes, mas igualmente pela frequência com que voam. Depois de a American cortar uma refeição na primeira classe em alguns de seus voos domésticos de curta distância, a United seguiu na direção inversa na semana passada, expandindo sua oferta de alimentação em rotas similares.
DUAS FASES
Inicialmente, a American vai aumentar o número de assentos em 22 aeronaves 777-200, de 247 para 260. Esta fase será concluída no terceiro trimestre de 2015. Em meados do próximo ano, a American vai começar a converter todos os aviões para 289 assentos. Essa fase será concluída no fim de 2016.
O afastamento — a distância entre um ponto num assento em relação ao mesmo ponto na próxima fileira de assentos — não será alterado, disse Norton.
Após a conclusão da reforma, o 777-200 terá 37 assentos executivos que ocuparão mais espaço do que ocupam atualmente. Cada um terá acesso ao corredor e será convertido para uma reclinação de cama de 1,9 metro. O número de assentos da cabine principal (econômica) vai crescer de 194 para 252. Já no 777-300, uma aeronave maior, terá oito assentos de primeira classe, 52 na seção executiva e 250 na cabine principal.
— Por isso temos diferente tipos de frotas — disse Jenna Arnold, outra porta-voz da American. — Os 300 estão num mercado onde os clientes querem cabines de primeira classe e pagam por isso.