segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Yousseff ´desiste` da delação premiada. No popular, não vai explicitar a roubalheira Lula-Dilma na Petrobras


Cleide Carvalho - O Globo


O doleiro Alberto Youssef decidiu manter sua estratégia de defesa e não vai pedir benefícios de delação premiada no processo que envolve a investigação dos crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro em obras da Petrobras. A decisão de Youssef foi tomada na tarde desta segunda-feira, após encontro com seu advogado, Antônio Figueiredo Basto, na sede da Polícia Federal em Curitiba, onde está preso há cinco meses. De acordo com Basto, a decisão é manter a estratégia de tentar declarar a nulidade das ações envolvendo seu cliente. Na última sexta-feira, o advogado chegou a dizer que seu cliente estaria disposto a aderir, embora ele próprio tenha se manifestado contra.

- Não vamos aderir a qualquer acordo que venha a ser fechado com Paulo Roberto Costa (ex-diretor da Petrobras). Meu cliente não tem nada a colaborar com a Justiça. Tivemos uma longa conversa nesta tarde e meu cliente concordou comigo. Sou contra um acordo de delação premiada neste momento. Compreendemos a posição do Costa, e caso ele decida fazer é um direito dele - disse Basto.

O advogado não descartou, porém, a possibilidade de o doleiro mudar de ideia.

- Num processo desta magnitude não é possível dizer que tenha uma única estratégia o tempo todo. Ela pode mudar. Mas neste momento a decisão é esta - disse o advogado, acrescentando que Youssef está ciente de que o processo envolvendo a Petrobras será longo.

Lembrado que Youssef assinara acordo de delação premiada no caso Banestado, Basto afirmou que desta vez a situação é diferente pois naquela época existiam "meras anotações contábeis".

Basto afirmou que deve ingressar com mais três habeas corpus (HC) no Tribunal Regional Federal pedindo a nulidade do processo movido contra Alberto Youssef. A defesa vai alegar que as interceptações telefônicas da Polícia Federal foram ilegais e que a Justiça Federal do Paraná não é competente para julgar casos ocorridos em outros estados, uma vez que a Petrobras fica no Rio de Janeiro e as obras da Refinaria Abreu e Lima, objeto de investigação, ficam em Pernambuco. O terceiro HC diz respeito à capacidade do juiz da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, Sérgio Moro, de julgar o processo em primeira instância. Segundo Basto, Moro havia se declarado suspeito de julgar uma ação relacionada a Alberto Youssef em 2007 e a suspeição declarada em outro inquérito gera a suspeição para todos os demais processos relacionados ao doleiro.

O juiz Sérgio Moro havia se declarado suspeito de julgar um processo que envolvia discordância da Polícia Federal em relação aos termos do acordo de delação premiada firmado entre o Ministério Público Federal e Youssef. Naquela ocasião, Moro entendeu que as diligências pedidas pela Polícia Federal para apurar os termos do acordo deveriam ser indeferidas e decidiu se declarar suspeito para julgar porque ele mesmo havia homologado o acordo entre as partes.

No atual processo, Moro já informou que não vê motivo para não atuar, pois o caso do Banestado não tem qualquer ligação com as investigações da Operação Lava Jato.