quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Brasil libera uso de celular e tablet em modo 'avião' durante todo o voo

Ricardo Gallo - Folha de São Paulo


A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) vai liberar até o final do ano o uso de equipamentos eletrônicos a bordo em todas as fases do voo, desde que em modo "avião" –em que não há transmissão de sinal ou conexão à internet.

As instruções para as empresas aéreas obterem autorização da agência serão publicadas nesta quinta-feira (30) no "Diário Oficial" da União.

Na prática, os passageiros poderão manter ligados, durante todo o voo, celulares, tablets, videogames, notebooks e leitores de livros digitais, entre outros. Hoje, eles têm de ser desligados quando o avião está prestes a decolar ou a aterrissar; podem operar assim que a aeronave atinge 3.048 metros, ou 10 mil pés.

Fazer chamadas e navegar na internet, porém, continuam proibidos.

Outra novidade é a autorização para que os passageiros possam usar o celular logo depois do pouso. Pela regra vigente, o telefone tem de ser mantido desligado até o avião parar –norma que muitos já descumprem hoje.

Durante a decolagem e o pouso, os eletrônicos terão de ser guardados, mesmo ligados, no bolso do assento à frente ou no bagageiro, por segurança: uma freada brusca pode fazer um celular ou tablet voar na cabine e atingir um passageiro.

Em situações específicas, como uma turbulência, ou se o avião tiver de pousar sob baixa visibilidade, a tripulação poderá pedir que os aparelhos sejam desligados.

As liberações não serão automáticas. As empresas terão de comprovar à Anac, por documentação ou testes, que seus aviões são seguros o suficiente para voar com os aparelhos eletrônicos ligados. Também precisarão treinar tripulantes para a nova regra.

A agência estima que as primeiras autorizações sejam dadas em até dois meses. TAM, Gol e Azul já fizeram pedidos.

Editoria de Arte/Folhapressoo
EUA E EUROPA
As regras anunciadas hoje no Brasil estão em vigor há um ano nos EUA, o primeiro país a avançar no tema.
Lá, um grupo formado por empresas aéreas, fabricantes de aeronaves, pilotos, comissários de bordo e a indústria de eletrônicos concluiu que, em modo "avião", não havia interferência significativa nos equipamentos de navegação da maior parte das aeronaves comerciais usadas no mundo –inclusive no Brasil.
Era esse, até então, o maior motivo para a proibição continuar, a despeito da popularização de smartphones e tablets no mundo: o temor de que, ligado, o dispositivo poderia alterar o funcionamento de equipamentos do avião.
Em setembro, a Europa anunciou uma espécie de fase 2.0: abriu caminho para passageiros possam também trocar mensagens de texto e se conectar à internet. Isso não se aplica a períodos antes e durante pousos e decolagens. EUA e Brasil ainda não têm previsão de avaliar esse uso