Gabriela Valente - O Globo
Conselho Monetário Nacional determinou que União e estatais não podem ser mais consideradas um único cliente pelas instituições financeiras
O Conselho Monetário Nacional (CMN) adotou uma regra internacional que, na prática, aumenta o limite de endividamento das empresas públicas com bancos do setor privado. As mudanças beneficiam, principalmente, os setores de petróleo e de energia elétrica, os que mais demandam crédito no momento.
Nesta quinta-feira, os conselheiros determinaram que a União e as estatais não podem ser consideradas como um único cliente pelos bancos, mas cada ente deve ser classificado separadamente. Isso muda consideravelmente o valor dos empréstimos que podem concedidos porque a regra bancária diz que uma instituição pode ficar “exposta” em 25% do seu patrimônio a um cliente.
IMPACTOS FUTUROS
Ou seja, um banco não pode emprestar mais que um quarto do seu patrimônio a empresas de um mesmo grupo. Até a alteração da regra do CMN, a União e estatais eram consideradas, juntas, um único cliente. Por isso, as operações de todos esses entes tinham de estar limitadas a 25% do patrimônio de referência.
— Na prática, ainda não tem mudança significativa — argumenta o chefe do departamento de regulação bancária do BC, Caio Ferreira, ao lembrar que nenhuma instituição financeira operava perto desse limite.
No entanto, o ex-diretor do Banco Central Carlos Thadeu de Freitas diz que a alteração visa o futuro. Segundo ele, a novidade será importante no momento em que a economia brasileira voltar a crescer e setores relevantes como energia e petróleo devem demandar muito mais empréstimos.
— É um incentivo ao crédito que eu acho válido. O CMN quer estimular os empréstimos e isso só ajuda e não atrapalha — diz o economista, que alerta: — Eles vão poder pegar mais dinheiro, mas desde que os bancos queiram emprestar.