sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Indústria recua pelo quarto mês consecutivo. Dilma afunda o Brasil

- O Globo

Em junho, setor encolheu 1,4%, maior queda mensal desde dezembro

 
O “efeito Copa”, que já influenciou dados de inflação, comércio e mercado imobiliário, pesou também sobre a indústria brasileira em junho. Naquele mês, o setor registrou queda de 1,4%, a quarta consecutiva e a maior desde dezembro de 2013 (-3,6%), segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE. Na comparação com junho do ano passado, o tombo foi ainda mais intenso, de 6,9%, o maior desde setembro de 2009, quando o recuo foi de 7,4%. De acordo com o IBGE, o número de feriados durante a competição prejudicou a produção industrial, que já não ia bem.

— São quatro meses de resultado negativo, mas é claro que a magnitude da queda (-1,4%) tem relação com menor número de dias de trabalho no mês de junho e com redução de turnos de trabalho, ligados ao evento Copa do Mundo, não só pelos jogos do Brasil, como pelos feriados por causa dos outros jogos — avalia André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.

Para o economista Aloísio Campelo, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), o chamado efeito calendário intensificou o resultado, mas uma queda para o mês já era esperada. Entre analistas do mercado financeiro, as previsões eram ainda mais pessimistas, de quedas de 2,25% frente a maio, e 7,65%, na comparação com junho do ano passado.

— O desempenho seria ruim de qualquer forma. Mas a intensidade tem um pouco de efeito calendário, sim — diz o especialista, acrescentando que a forte queda, que levou a base de comparação para baixo em junho, pode resultar em um número melhor no mês que vem. — O efeito de dias úteis pode gerar algum aumento de produção, mas bastante limitado. Acredito que o efeito líquido pode continuar no terreno negativo.

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O IBGE destacou o predomínio de taxas negativas na passagem entre maio e junho, que se viu nas quatro categorias de uso e em 18 dos 24 ramos da indústria pesquisados. Mais uma vez a indústria de veículos automotores, reboques e carrocerias exerceu a principal influência no resultado geral, com queda de 12,1%. Houve impacto também de equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos, com um tombo de 29,6%, e de máquinas e equipamentos, de 9,4%.

Entre as categorias de uso, a indústria de bens de capital - que é um dos principais indicadores de investimento - registrou queda de 9,7%, a mais intensa desde dezembro de 2013. Já os bens de consumo duráveis caíram 24,9%, a maior da série histórica iniciada em 2002, ao lado de recuo de 7,9% de bens de consumo e de 1,3% em bens de consumo semiduráveis e não duráveis.


EM RELAÇÃO A 2013, FORTE QUEDA NO SETOR DE VEÍCULOS

Na comparação anual, o resultado de junho teve impacto principal de veículos automotores, reboques e carrocerias, que caiu 36,3%. Vinte e um dos 26 ramos pesquisados pela indústria registraram queda nesta base de comparação, além das quatro categorias de uso da indústria.

No segundo trimestre, a indústria recuou 5,4% na comparação com igual período de 2013. No primeiro semestre, essa queda foi de 2,6%, também nesta comparação.

Os resultados acumulados em doze meses pela indústria vem desacelerando desde março. Naquele mês, tinha sido de 2%. O desempenho foi seguido por taxas de 0,7% em abril, 0,2% em maio e a queda de 0,6% de junho.

Os indicadores antecedentes da indústria já apontavam para recuo da indústria em junho, segundo analistas. A projeção do Itaú Unibanco, por exemplo, era de uma produção com queda de 3,5% frente ao mês anterior.