Humberto Maia Junior, O Estado de São Paulo
Nos anos 90, a produtividade brasileira correspondia a 25% da americana. E nada mudou em 30 anos. Segundo estudo da consultoria internacional Conference Board divulgado no final do ano passado, cada brasileiro produziu, em média US$ 30.265 em 2016. Um americano, US$ 121.260.
Além dos EUA, outros 76 países estão na frente do Brasil nesse ranking, com 124 nações. “Não acompanhamos o desenvolvimento de economias mais maduras”, diz o economista Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central. Em 1950, a produtividade da Coreia do Sul correspondia a 11% da produtividade dos EUA, por exemplo. Em 2016, chegou a 60%.
A baixa escolaridade no Brasil ajuda a explicar esse atraso. Na empresa de tecnologia de informação Totvs, por exemplo, os profissionais contratados para trabalhar nas subsidiárias da Rússia e dos EUA, em geral, já chegam treinados. “No Brasil, precisamos de até 120 dias de treinamento até que comecem a dar retorno.”
Mas o problema não se restringe à educação. A burocracia também é um limitador. É possível identificar isso no caso da Lukscolor. Como fabricante de tintas, o objetivo da empresa é, obviamente, produzir e vender tintas.
Mas cerca de 30 dos 500 funcionários da empresa, 6% do quadro, têm como única função passar o dia acompanhando as mudanças tributárias que ocorrem nos âmbitos federal, estadual e até municipal, e cuidar do recolhimento dos tributos. “Não é investimento em vendas, que gera receita. São custos que não podemos cortar”, diz Angélica Albuquerque, diretora da Lukscolor.
O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) estima que o trabalho de acompanhamento das mudanças tributárias custe em média 1,5% do faturamento das empresas (ou R$ 200 bilhões anuais). De 1988 até outubro de 2017, a burocracia estatal brasileira criou 377.566 normas tributárias, das quais apenas 26.268 estavam em vigor em setembro do ano passado.