Bruno Rosa e Ramona Ordoñez, O Globo
De acordo com especialistas, a 15ª rodada de petróleo, realizada nesta quinta-feira no Rio, foi bem sucedida. Na opinião de Jorge Camargo, presidente do Instituo Brasileiro do Petróleo (IBP), o interesse das empresas por novas reservas vai aumentar a diversidade na atividade petrolífera do país. Para ele, as petroleiras vão elevar os seus investimentos em um momento de recuperação nos preços do petróleo no mercado internacional.
O leilão de hoje arrecadou pouco mais de R$8 bilhões em bônus, o melhor resultado para um certame sob regime de concessão do país. O valor ficou acima da previsto pelo governo, que esperava R$ 6,9 bilhões com a rodava desta quinta e a de junho, do pré-sal.
Agora, após esse resultado, a meta é de uma arrecadação de pouco mais de R$ 12 bilhões com o certame do pré-sal em junho.
— O Brasil terá um aumento de competição e haverá melhoria na qualidade do desenvolvimento das atividades do setor. Isso traz uma perspectiva de aumento dos investimentos. O Brasil voltou ao radar internacional, atraindo grandes companhias mundiais, como a Catar Petroleum e a Exxon. São empresas diferentes, com estratégias variadas. O sucesso do leilão mostra o acerto político com a mudança regulatória do setor — disse Camargo.
O empresário e consultor do setor João Carlos de Luca afirmou que, apesar do susto inicial com a retirada de blocos pelo Tribunal de Contas da União e as incertezas envolvendo o repetro no Rio, o leilão foi um sucesso. A rodada mostrou ainda que haverá novos investimentos das companhias internacionais no país, como a alemã Wintershall e a americana Chevron.
— A alemã é uma novidade, assim como a Chevron. Essas empresas estão voltando a investir no Brasil. Conversando com as companhias diversas, há uma sensação de que a indefinição com o repetro vai ter uma solução positiva. As companhias estão apostando nesse cenário. É um movimento de retomada com uma maior diversidade — afirmou de Luca.
O sócio do escritório de advocacia Mattos Filho, Giovani Loss, especialista em óleo e gás, comemorou o resultado do certame.
— O resultado da 15ª rodada foi muito bom. A volta da Chevron e da Wintershall como investidores em leilão foi algo importante, além de outras empresas que já tinham adquirido ativos terem reforçado sua posição — avaliou.
Sobre a retirada de blocos às vésperas da rodada, o advogado disse que o leilão teve seu resultado afetado, sim. Isso porque a arrecadação poderia ter sido muito maior, superior a R$ 8 bilhões.
— Entendo que a retirada dos blocos causou entranheza ao investidor, mas não afetou os resultados dos blocos leiloados. Afetou o resultado total em função desses blocos retirados serem muito relevantes — disse Loss.
O deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha, líder do PSDB na Alerj, e autor do Decreto Legislativo que propõe anular o decreto do governo do Estado do Rio que adere ao repetro, também comemorou o resultado do leilão.
— O leilão da Bacia de Campos, sob o regime de concessão, foi exitosa. Mais de R$ 7 bilhões arrecadados de lances vencedores. Está provado que a produtividade dos nossos campos são espetaculares. Continuamos na defesa do Rio. Mais emprego, renda e arrecadação — disse o deputado.
Ele, no entanto, criticou a retirada dos dois blocos pelo TCU. Para ele, ao transferir essas áreas, que seriam regidas pela concessão, para o modelo de partilha, haverá perdas financeiras para o Rio de Janeiro.
— O TCU exclui áreas valiosas do leilão de petróleo. Covardia contra o estado. Para proteger a União e prejudicar o Rio que se altera o sistema de exploração de concessão para partilha. É uma perda de bilhões de reais para o Rio — destacou.