quinta-feira, 29 de março de 2018

PF prende amigos de Temer: Yunes, coronel Lima e Rossi


José Yunes, ex-assessor do presidente Temer - Divulgação/ YCB


Aguirre Talento e Mateus Coutinho, O Globo


O advogado José Yunes, amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer, foi preso nesta quinta-feira, em São Paulo, pela Polícia Federal. Também foram presos o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi, o dono da empresa Rodrimar, Antonio Celso Grecco, e o coronel reformado da Polícia Militar João Baptista Lima Filho. As prisões foram determinadas pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), em decorrência do inquérito que apura irregularidades no decreto presidencial sobre o setor portuário. Os pedidos de prisão foram feitos pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Foram presos nesta quinta-feira:
• José Yunes, ex-assessor da Presidência
• Wagner Rossi, ex-ministro da Agricultura
• Antonio Celso Grecco, dono do grupo Rodrimar

• João Baptista Lima Filho, coronel da reserva da PM e amigo de Michel Temer
As prisões são temporárias, ou seja, com prazo de cinco dias. Por volta das 8h, Yunes seguia para a sede da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, no bairro da Lapa. Wagner Rossi foi detido em Ribeirão Preto, e Antonio Celso Grecco, em Monte Alegre do Sul, no interior de São Paulo. O empresário está a caminho da capital paulista, onde ficará detido na carceragem da PF.

Por meio de nota, o advogado José Luis de Oliveira Lima, que defende Yunes afirmou que a prisão de do advogado é “inaceitável” e que seu cliente compareceu espontaneamente para depor nas investigações. “Essa prisão ilegal é uma violência contra José Yunes e contra a cidadania”, diz o texto.

No começo do mês, Barroso já havia determinado a quebra dos sigilos bancários de Temer e Yunes no âmbito da investigação do decreto dos portos. Além dos dois, também foram alvo da medida o ex-assessor especial da Presidência Rodrigo Rocha Loures, flagrado com uma mala de dinheiro dada pelo grupo J&F. A decisão também quebrou os sigilios do coronel João Baptista Lima Filho, amigo de Temer, de Antônio Celso Grecco e de Ricardo Mesquita, diretor do grupo Rodrimar.

AMIGO DE TEMER DESDE 1960

O último encontro de Yunes e Temer ocorreu na última segunda-feira. Fora da agenda, o presidente jantou com o amigo em São Paulo, como revelou o colunista Lauro Jardim.

Amigo de Temer desde a época da faculdade, nos anos 1960, Yunes foi assessor especial da Presidência até dezembro de 2016, quando pediu demissão do cargo após ter sido citado na delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho. O delator disse aos investigadores que Yunes recebeu dinheiro em espécie em seu escritório em São Paulo.

Em sua delação premiada, o doleiro Lúcio Bolonha Funaro, operador financeiro do PMDB, afirmou ter buscado uma caixa com R$ 1 milhão no escritório de Yunes. O dinheiro pertenceria a Temer a partir de um acordo de caixa 2 feito com a Odebrecht. A quantia teria sido remetida a Salvador, mais especificamente para o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), outro amigo íntimo do presidente da República, preso em setembro do ano passado.