sexta-feira, 30 de março de 2018

"Atriz pornô é menos descompensada do que Hillary sobre Trump", por Vilma Gryzinski

Veja


Stormy Daniels, conhecida em seu ramo de atividade pela capacidade de interagir com múltiplos parceiros, não esconde o jogo.
A atriz pornô quer monetizar o encontro que teve com Donald Trump em julho de 2006. Surpresa, surpresa: o jantar na suíte de hotel evoluiu para uma relação sexual não exatamente de filme, mas o que temos nós a ver com isso?
Uma vez que já está estabelecido como ela ganha dinheiro, também não é nada surpreendente que Stormy, nome de guerra de Stephany Clifford, tenha arranjado um advogado bem briguento para anular o termo de confidencialidade que assinou sobre a interação com o empresário-celebridade transformado em presidente contra todos os prognósticos.
A monetização está funcionando. Já um pouco além do auge da carreira, ela viu a procura por suas produções aumentar mais de 15 000%. Fora os shows eróticos.
“Quem não quer ter mais propostas no trabalho que costuma fazer?”, perguntou ela, retoricamente, a um Anderson Cooper que a tratou como um misto de Madre Teresa e princesa Diana.
Com as pupilas espantosamente dilatadas (Benadryl, garantiu o advogado dela depois das especulações de que talvez estivesse movida a coisas mais excitantes) do que um antialérgico e os implantes XXXG explodindo na roupa “conservadora”, Stormy fez o seu papel.
Ao abordar incessantemente o caso, a oposição democrata também está fazendo o seu. Explorar os pontos fracos do adversário faz parte do jogo democrático, embora ainda haja dúvidas se um encontro sexual com uma atriz pornô quando a Casa Branca ainda apenas um lampejo em seus olhos vá realmente prejudicar Trump.
Menos honestas têm sido Hillary Clinton e seu cortejo de admiradoras, inconformadas com a derrota dela até hoje.
Hillary também está monetizando a fama do encontro político com Trump. Embora seu cachê para palestras tenha caído para apenas 25 mil dólares, depois de chegar a oito vezes mais, ela promove o livro que escreveu com uma lista cada vez maior de culpados pela derrota.
Numa viagem promocional à Índia (onde caiu duas vezes e quebrou o punho, possível indício adicional de que tenha algum problema neurológico), ela aumentou as ofensas às americanas que votaram em Trump para um nível de alta imbecilidade.
“Nós não nos damos bem com homens brancos e mulheres brancas casadas, em parte por causa da identificação com o Partido Republicano e também por causa de um tipo de pressão para votar em quem o marido, o patrão, o filho ou quem seja mande.”
Dá para imaginar americanas seguindo ordens dos maridos ou chefes na hora de votar?
A estupidez dessa premissa irritou até candidatos democratas à eleição de novembro para Câmara e Senado – a grande chance que a oposição tem de retomar a maioria nas duas casas e, eventualmente, levar Trump ao impeachment.
Ofensas absurdas na mesma linha , de que mulheres só são bacanas se pensarem exatamente como as suas influenciaras querem foram feitas pela comediante Sandra Bernhardt.
“Muitas mulheres fizeram concessões, desistiram, foram criar os filhos sem se dar ao luxo de pensar por si mesmas”, disse ela numa entrevista, falando do mesmo voto considerado inaceitável.
“Seja porque estão debaixo das ordens do marido ou por se sentirem ofendidas pelo legado de Hillary Clinton e Bill Clinton, voltaram-se contra ela.”
Como se não fosse suficiente, a comediante acrescentou que as mulheres que votaram em Trump podem ter sentido inveja por Hillary ter um alto nível de instrução e “ter lutado por direitos e igualdade. Muitas mulheres se sentem ameaçadas com isso”.
Bernhardt está participando da retomada da série Roseanne, que chocou o mundo artístico ao retratar a personagem principal como eleitora de Trump.
Roseanne Barr interpreta uma mulher do Meio Oeste de uma família que é “como nós” – americanos simples, bem humanos e acima do peso.
A atriz, de boca mais destramelada que Stormy Daniels – no sentido figurado – é tão à esquerda quanto a maioria do mundo artístico, mas eambém stá aproveitando para monetizar a aproximação com o eleitorado trumpista.
“Você quer que Pence seja presidente?”, disparou contra um entrevistador famoso, Jimmy Kimmel, referindo-se ao certinho e devoto vice, Michael Pence. “Então feche o bico.” Os palavrões foram deixados de fora.
O mundo fica um lugar mais curioso quando Roseanne Barr e Stormy Daniels soam mais equilibradas do que as clintonistas.
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DESMENTIDO: Raramente as notas à imprensa são mais interessantes do que as informações que se destinam a desmentir. Uma dessas exceções é o comunicado da Black Cube, empresa israelense de “inteligência criativa” mencionada como responsável por intervenção em eleição na Nigéria por Christopher Wylie, o ex-Cambridge Analytica. Dizem os trechos substanciais:
“Embora nos sintamos lisonjeados por sermos aparentemente conectados a todos os incidentes internacionais que aconteçam, declaramos categoricamente que o depoimento de Chris Wiley é mentiroso.”
“Nem a Black Cube nem nenhuma de suas afiliadas ou subsidiárias jamais trabalhou com a SCL ou a Cambridge Analytica.”
“A Black Cube nunca operou na Nigéria nem trabalhou para algum projeto relacionado à Nigéria.”
“A Black Cube vai investigar esta afirmação por conta própria e revelará a verdade e as intenções por trás da mentira difamatória de Wylie.”
“Adicionalmente, vamos abrir um processo contra qualquer entidade que porventura tenha difamado a Black Cube.”
Aguardamos com ansiedade as revelações.