O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, em Curitiba, que a imprensa foi "conivente" com os ataques sofridos pelos petistas na visita aos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Por causa do atentado contra os ônibus da caravana, o PT decidiu ampliar o ato programado para encerrar o giro pelo Sul. Lideranças nacionais e parlamentares do partido e de legendas aliadas foram chamados a Curitiba. Com o objetivo de tornar o evento suprapartidário, os pré-candidatos a presidente do PSOL, Guilherme Boulos, e do PCdoB, Manuela D'Ávila, também compareceram.
Apesar disso, Lula não teve constrangimento em falar de sua campanha. Citou os convidados apenas rapidamente.
O líder petista listou todos os ataques sofridos pela caravana. Falou das pedras e ovos disparados contra ônibus e palanques, de agressões físicas a integrantes da equipe e dos três tiros disparados na terça-feira contra dois dos três ônibus. Em seguida, se virou para os repórteres que cobriam o ato e disse:
- A imprensa foi conivente com isso o tempo inteiro.
Lula ainda disse que nunca se viu "um ato de violência" da sua parte.
Ao falar sobre a ação do Ministério Público para impedir a sua visita à Unipampa, em Bagé (RS) no início da caravana, o ex-presidente citou o juiz Sergio Moro.
- Não vou acusar que é (uma atuação) do Moro, do MBL, que é usineiro e arrozeiro.
Lula também criticou a série "O Mecanismo", do Netflix.
- Vamos processar a Netflix. Eles colocam na minha boca coisa da boca de outros.
O ex-presidente contou que sofreu para chegar a Curitiba, na noite de terça-feira, por causa dos manifestantes que tentavam fechar estradas.
Também provocou os manifestantes que faziam um ato a 800 metros da praça em que discursava. No momento em que o grupo soltou fogos, ele disse:
- São eles. Guardem esses rojões para minha posse.
Antes da chegada de Lula, plateia, que se dividia entre a Praça Santos Andrade e a escadaria da Universidade Federal do Paraná, pedia pelo ex-presidente e atacava o juiz Sergio Moro. "Fora Sergio Moro", gritavam os simpatizantes do PT. Numa faixa, estava escrito "Moro, juiz imoral, porco imperialista".
Ao discursar, o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, chamou o pré-candidato do PSL a presidente, Jair Bolsonaro, de "psicopata" por ajudar a convocar o ato contra Lula a 800 metros do local.
Medeiros ainda afirmou que o ataque à caravana resultará em "união da esquerda", apesar da manutenção das candidaturas de cada partido.
Como foi rotina durante os dez dias de caravana por causa de manifestações e fechamento de estradas por parte de opositores, Lula também se atrasou para chegar. Apesar de não ter enfrentado protestos desta ves, o ex-presidente subiu ao palco com quase três horas de atraso.
O líder petista chegou acompanhado da ex-presidente Dilma Rousseff, de Boulos e Manuela.
- Graças a Deus, o Lula não estava no ônibus. Mas eles queriam atingí-lo - discursou Dilma.
Ainda antes de o líder petista falar, João Pedro Stédile, da coordenação nacional do MST, conclamou os presentes a assumirem compromissos a favor de Lula.
- O primeiro é nós nos comprometermos a não deixar que a burguesia prenda o Lula. O segundo compromisso é vocês saírem de casa com spray e em cada muro escreverem: "Lula incocente, Lula presidente".
No final, Stédile ainda pediu:
- Ao saírem daqui, cada um de vocês cuspa naquela faixa - disse, apontando para a faixa com o nome de Moro.
O presidente do PT do Paraná, Dr. Rosinha, criticou o juiz por ter soltado nota condenando o ataque à caravana de Lula.
- Isso significa que ele é conivente.
Já Boulos foi o mais agresssivo nos ataques a Bolsonaro.
- Precisamos responsabilizar o senhor Jair Bolsonaro por isso. Bandido, criminoso, sem-vergonha, que tem semeado o fascismo.