Com O Globo e Reuters
SOFIA — A renomada psicanalista e filósofa búlgara Julia Kristeva, que vive na França desde os anos 1960, foi acusada por uma comissão estatal do seu país de origem nesta quarta-feira de ter trabalhado como agente e colaboradora do serviço secreto durante a era comunista. Hoje com 76 anos, ela é autora de mais de 30 livros e trabalhou com diversos intelectuais franceses, incluindo Jacques Derrida, Jacques Lacan e Roland Barthes.
A comissão da Bulgária que identifica pessoas que trabalharam nos serviços secretos da era comunista disse que Kristeva atuou sob o codinome "Sabina" como colaboradora do primeiro departamento da agência de Segurança Estatal, o mesmo que supervisionou esforços de Inteligência na área das artes e da comunicação de massas.
De acordo com as autoridades, Kristeva começou a trabalhar no órgão em 1971. Ela havia se mudado para Paris em 1965, para uma bolsa de estudos do governo francês. O documento não disse por quanto tempo ela trabalhou para o serviço secreto ou se ela recebeu pagamentos.
A filósofa por enquanto não comentou o assunto. Em seu auge, a Segurança do Estado da Bulgária, trabalhando em estreita colaboração com a KGB soviética, operava uma rede de cerca de 100 mil agentes e informantes. Foi dissolvida em 1989 após o colapso do regime comunista.
Questões em torno do acesso e da publicação dos seus arquivos continuou a suscitar fortes emoções na Bulgária durante sua difícil transição para a democracia.
A revista "Foreign Policy' inseriu Kristeva na lista dos 100 maiores pensadores do século XX. Assim como livros sobre psicanálise e filosofia, ela escreveu extensivamente sobre questões culturais e feministas e também é romancista. Ela é professora emérita da Universidade Paris Diderot e ainda leciona na Universidade de Columbia em Nova York.