quarta-feira, 28 de março de 2018

BC reduz taxas de compulsórios em depósitos à vista e de poupança

Lorenna Rodrigues, Eduardo Rodrigues, Eduardo Laguna e Ítalo Rocha, O Estado de S.Paulo

Banco Central reduziu as alíquotas de recolhimento dos depósitos compulsórios à vista e de poupança exigidos das instituições financeiras. As medidas, aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) nesta quarta-feira, 28, terão o impacto de liberar R$ 25,7 bilhões ao Sistema Financeiro Nacional.
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BC reduziu alíquotas de recolhimento dos depósitos compulsórios
à vista e de poupança exigidos das instituições financeiras 
Foto: Rafael Neddermeyeri/Fotos públicas
A alíquota para os depósitos à vista foi reduzida de 40% para 25%. Já as alíquotas dos depósitos da poupança foi reduzida de 24,5% para 20% e, no caso da poupança rural, de 21% para 20%.
"Essas medidas dão continuidade ao processo de readequação dos níveis estruturais dos recolhimentos compulsórios e de simplificação de regras", afirma nota do Banco Central.
Segundo a instituição, a medida traz a alíquota dos depósitos de poupança aos níveis históricos praticados nos anos anteriores às crises de 2008 e têm o potencial para "induzir a redução do custo do crédito, por meio da liberação de recursos atualmente recolhidos pelas instituições junto ao Banco Central".
O diretor de regulação do Banco Central, Otávio Damaso, não respondeu, contudo, quando e o quanto cairão os spreads cobrados nas operações de crédito. Nesta semana, o BC revisou de 3,0% para 3,5% a previsão de expansão da carteira crédito total neste ano.
Além da redução da alíquota dos depósitos à vista, houve também mudanças de regras para essa modalidade, como eliminação da prerrogativa de dedução dos depósitos de governo, captados por instituições financeiras públicas, da base de cálculo do compulsório, a eliminação da prerrogativa do uso do saldo de caixa para cumprimento da exigibilildade, e o aumento, de R$ 70 milhões para R$ 200 milhões, da dedução dos valores sujeitos a recolhimento.
De acordo com o Banco Central, as alterações nas regras do recolhimento sobre recursos à vista propiciam a possbilidade de eliminar a assimetria de tratamento quanto aos depósitos de entes governamentais, otimizar a gestão do caixa com estímulos ao uso de instrumentos eletrônicos de pagamento e à interoperabilide dos terminais ATM (caixas eletrônicos) e diminuir os custos para todo o sistema.
Em nota, o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, afirmou que a nova redução das alíquotas do compulsório significa praticamente mais um corte na Selic. "Esta é uma ação extremamente forte, uma injeção relevante de recursos na economia e mostra o interesse do BC em desobstruir o mais rapidamente possível o canal do crédito, que não está respondendo de maneira adequada", escreveu.
Essa maior disponibilidade de recursos vai forçar os bancos comerciais a "darem dinheiro", afirmou o economista. "E mostra, para além do espaço de corte nos juros, uma vez que a inflação está baixa, que o BC está preocupado, sim, com o nível de atividade, apesar de não ser missão institucional dele ter que fazer algo à respeito", acrescentou.
Já para o economista da 4E Consultoria, Bruno Lavieri, a liberação aprovada pode não ter o efeito esperado pelo governo, uma vez que os bancos estão muito cautelosos com o cenário político. Segundo ele, com o grande volume de dinheiro já parado nos bancos, boa parte do dinheiro liberado deve ficar represado.