quinta-feira, 29 de março de 2018

Suíça congela dinheiro de quadrilha chavista por violação à democracia

Jamil Chade, Genebra, O Estado de S.Paulo

GENEBRA - O governo da Suíça congelou milhões de dólares em ativos da cúpula chavista e aplicou sanções contra aliados do governo do presidente venezuelano, Nicolas Maduro. Os valores bloqueados não foram revelados. Determinadas tecnologias e produtos de ponta também tiveram a exportação para a Venezuela proibida. 
Nos últimos meses, os suíços colaboraram com as autoridades americanas e detectaram mais de US$ 100 milhões em contas secretas mantidas por venezuelanos, suspeitos de corrupção. Agora, a decisão do governo apertar ainda mais o cerco contra os chavistas e fecha todos os acessos a créditos ou contas que possam ter mantido.
Nicolás Maduro (de vermelho) caminha ao lado de outros dirigentes chavistas antes de ato de governo na capital Caracas
Nicolás Maduro (de vermelho) caminha ao lado de outros dirigentes
 chavistas antes de ato de governo na capital Caracas 
Foto: EFE/PRENSA MIRAFLORES
Tradicionalmente neutra, a Suíça optou por praticamente romper com o governo de Maduro ao adotar tais decisões.  "As medidas restritivas contra a Venezuela foram decretadas diante das violações de direitos humanos e das violações ao estado de direito, assim como a erosão das instituições democráticas", declarou o governo federal suíço, por meio de uma decisão publicada nesta quarta-feira, 28. 
Um dos alvos de sanções é Néstor Luis Reverol Torres, ministro do Interior e "responsável por sérias violações de direitos humanos e repressão". Também foi afetado pelos embargos Gustavo Enrique González López, chefe de Inteligência da Venezuela e responsável por detenções arbitrárias, torturas e repressão. 
Tibisay Lucena, presidente do Conselho Nacional Eleitoral, também foi alvo de sanções por ter tomado medidas para "minar a democracia". Antonio José Benavides Torres, comandante da Guarda Bolivariana até 2017, também passa a ser alvo de sanções e fica impedido de entrar em território suíço. "Suas iniciativas minaram o estado de direito na Venezuela", indicou o governo suíço. 
Maikel Moreno, presidente do Tribunal Supremo de Justiça, é acusado pelos suíços de "apoiar e facilitar" medidas do governo que tendem a afetar a democracia e "usurpar a autoridade da Assembleia Nacional (Legislativo)".  
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Maduro diz que sanções americanas são 'racistas'
Também está entre os alvos da suíça Tarek William Saab, procurador-geral da Venezuela, também acusado de trabalhar "contra a democracia" ao agir contra oponentes do governo de Maduro. Para completar, Diosdado Cabello, aliado-chave de Maduro e número 2 do chavismo, é acusado de violações de direitos humanos ao ameaçar opositores.

Embargos

Além das restrições de viagem e congelamento de fundos, empresas suíças ficam proibidas de vender equipamentos militares ou bens que possam "servir à repressão interna". Também ficam impedidos de vender material de monitoramento. 
Fica ainda estabelecido o "confisco de bens e recursos econômicos, assim como a interdição de sua liberação". Todos os membros do governo ainda são obrigados a declarar eventuais ativos mantido no país e ficam proibidos de entrar na Suíça. Empresas suíças ou bancos que mantém qualquer relação com esses envolvidos também são obrigados a declarar sua existência.
Berna ainda proíbe qualquer tipo de exportação de softwares ou programas que possam facilitar grampos telefônicos ou controles de e-mails por parte do governo venezuelano. As medidas, que passaram a valer já nesta quarta-feira, foram assinadas pelo presidente da Suíça, Alain Berset.