quarta-feira, 28 de março de 2018

Equador corta comunicação de Assange com mundo exterior



Julian Assange está refugiado na Embaixada do Equador em Londres há quase seis anos - JUSTIN TALLIS / AFP


Com O Globo e agências internacionais



QUITO — O Equador anunciou nesta quarta-feira a suspensão do sistema de comunicação da sua embaixada em Londres que permitia ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange, manter contato com o mundo fora da sede diplomática, onde vive desde 2012. A decisão veio depois que Assange se pronunciou durante a semana sobre questões diplomaticamente sensíveis, incluindo a situação do governo da Catalunha e a crise entre Rússia e Reino Unido, desrespeitando a advertência de Quito para que ele não comentasse sobre assuntos políticos locais ou internacionais.

O governo argumentou que o comportamento de Assange nas redes sociais coloca em risco as boas relações equatorianas com o Reino Unido, o resto da União Europeia e outros países.

"A medida foi adotada frente o incumprimento por parte de Assange do compromisso escrito que asusmiu com o governo no fim de 2017, pelo qual fica obrigado a não emitir mensagens que supusessem interferência em relação a outros Estados", disse, em nota oficial, o governo do Equador. "Por tudo isso, para prevenir potenciais danos, a embaixada de Londres interrompeu neste 27 de março as comunicações com o exterior a que Assange tem acesso."

O Equador concedeu asilo político ao australiano Assange após ele pedir refúgio à embaixada britânica em 2012 para evitar ser extraditado ao país onde vivia, a Suécia, onde é alvo de acusações de abuso sexual. A Suécia retirou o caso em maio, mas ainda assim Assange permanece na embaixada porque pode ser preso no Reino Unido por faltar a julgamento.

Assange, que nega as acusações de estupro, teme ser deportado para os Estados Unidos, onde enfrentaria acusações por ter vazado através do WikiLeaks milhares de documentos militares e diplomáticos secretos dos EUA, vazados pela ex-analista de Inteligência do Exército dos EUA Chelsea Manning, libertada após sete anos na prisão. Recentemente, foi acusado por políticos democractas de conspirar com a Rússia e a campanha de Donald Trump ao vazar documentos comprometedores roubados da equipe da ex-candidata Hillary Clinton.

Desde que lhe concedeu o asilo, Quito espera que as autoridades britânicas lhe entreguem um salvo-conduto para que ele possa sair do Reino Unido. A chanceler equatoriana diz que a situação de Assange "do ponto de vista humano não é sustentável".

Em abril do ano passado, autoridades dos Estados Unidos anunciaram preparar acusações para prender Assange. A investigação do Departamento de Justiça sobre Julian Assange e o WikiLeaks está aberta desde quando o site ganhou ampla atenção.