Blog Reinaldo Azevedo - VejaSerra, em primeiro nas pesquisas, será o candidato ao Senado pela frente que apoia Alckmin; boa notícia para o PSDB, que vai enfrentar o PT, desta feita, na pele de Paulo Skaf
“Tudo vai bem quando termina bem.” O PSDB chega à data-limite para a definição dos palanques com, até agora, uma unidade que não se via no partido desde 1998, quando FHC conquistou, no primeiro turno, o segundo mandato presidencial para o partido. Em 2002, 2006 e 2010, fatores vários levaram à derrota dos tucanos, mas uma coisa é certa: se a legenda dependesse da união para vencer, teria perdido. Parece que ao menos parte substancial da lição foi aprendida. Hoje, quem se digladia com estratégias distintas, nem sempre congruentes, é o PT. Numa caminhada com menos tropeços do que se supunha e com mais conquistas, a esta altura, do que se imaginava, o PSDB assistiu a um princípio de crise em São Paulo — mas a tempo solucionada por ações sensatas de homens sensatos. E José Serra será o candidato ao Senado da coligação que apoia a reeleição de Geraldo Alckmin. Dadas as circunstâncias vigentes até domingo, ele estava relutante — e com razão. Mas aí o governador e o próprio presidenciável Aécio Neves atuaram para adaptar a realidade político-partidária à necessidade. Serra vai disputar o Senado tendo o também tucano José Aníbal, hoje deputado federal, como suplente.
No breve período em que o PSB anunciou que teria candidatura própria em São Paulo, Gilberto Kassab, presidente do PSD e aliado incondicional de Dilma Rousseff na esfera federal, negociava o posto de vice na chapa de Alckmin — e a aliança chegou a ser dada como praticamente selada. O PSB voltou atrás, conquistou o lugar de vice, e Kassab passou a ser considerado candidato à vaga ao Senado na chapa encabeçada pelo tucano. Acontece que o PSDB tinha desde sempre o pré-candidato apontado nas pesquisas como o favorito: José Serra.
Sem a garantia da necessária unidade de todos os partidos da coligação em torno de seu nome, o ex-governador estava mesmo decidido a se lançar candidato à Câmara Federal. Kassab preferiu pôr um fim às negociações com o PSDB, migrou para a candidatura de Paulo Skaf ao governo (PMDB) e, num lance ainda mais inesperado, decidiu se lançar ao Senado. Acontece que Serra seguia sendo o nome com mais densidade eleitoral no grupo que apoia Alckmin. Foi sensível à argumentação da direção do partido, de Aécio e, em particular, do governador, que costurou o apoio das legendas coligadas. A evidência de que se obteve o consenso interno é a indicação do também tucano José Aníbal para a suplência — ele próprio um dos pré-candidatos.
Serra deixa, assim, um lugar que era considerado certo na Câmara dos Deputados para disputar uma vaga que, obviamente, comporta mais riscos. Em 2014, renova-se apenas um terço do Senado, e cada Estado elegerá apenas um representante. É uma disputa majoritária. As pesquisas de opinião o colocam com boa vantagem sobre o segundo colocado, Eduardo Suplicy, do PT, que concorrerá ao… quarto mandato!
Ter um nome forte disputando o Senado é importante tanto para Aécio Neves, que precisa ter votação expressiva em São Paulo — e o paulista Aloysio Nunes não é vice na sua chapa por acaso — como para Geraldo Alckmin, que sabe que enfrentará uma disputa difícil. Como vocês já sabem, com o seu PMDB e o apoio de PDT, PROS, PSD e PP, Skaf será o postulante com mais tempo no horário eleitoral gratuito. O tucano vem em segundo lugar, e, razoavelmente atrás, Alexandre Padilha, que vê sua candidatura ser desvitaminada pelo próprio PT. A esta altura, já escrevi aqui, está claro que o petista fará na disputa o papel daqueles nanicos que se dedicam só à campanha negativa. Ele tentará desconstruir o PSDB, enquanto Skaf se encarregará de fazer “propostas”. O estrategista é Lula.
Logo, não fazia sentido desperdiçar o capital de votos que, segundo as pesquisas, tem Serra. A máquina de desqualificação do petismo, que funcionou com eficiência em 2012, está bastante desmoralizada. Os apenas 17% de aprovação ao petista Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, deixa isso muito claro. A sorte está lançada. O adversário do PSDB no estado segue sendo o PT, desta feita na pele de Paulo Skaf.
PS — Ah, sim! Uma teoria conspiratória que estava em curso se desmoralizou: aquela segundo a qual Serra teria influenciado o apoio de Kassab a Skaf. Acho que não. Serra e Kassab, como se vê, disputam agora o mesmo cargo, não é? Convém não acreditar na versão daqueles a quem a inexistente conspiração interessaria se verdadeira fosse…