Em sabatina à Confederação Nacional da Indústria (CNI), o candidato tucano à Presidência da República, Aécio Neves (PSDB), iniciou seu discurso com críticas à política econômica do governo Dilma Rousseff (PT). O senador mineiro defendeu que o baixo crescimento do setor no Brasil não seria resultado da crise econômica mundial, mas sim dos erros nas diretrizes econômicas traçadas pelo governo.
— O atual governo falhou na condução da economia, nos legou a pior equação fiscal das últimas décadas. Todos conhecemos as consequências graves da crise internacional, mas os resultados pífios da economia são obras de brasileiros. Consequência de erros do governo - disse Aécio.
— Sou cético em relação aos monopolistas da verdade, da ética e das mudanças — pontuou.
PROMESSAS
O candidato tucano fez duas promessas de campanha direcionadas ao setor industrial. Estabeleceu como meta até 2018 aumentar o nível de investimentos de 18% para 24% do PIB e também dar início a uma simplificação tributária nos primeiros anos de governo, caso seja eleito. Aécio destacou que essas seriam suas duas prioridades na área econômica.
— Temos necessidade de avançarmos na nossa taxa de investimentos. Vamos estabelecer um desafio para o próximo governo e para o setor produtivo: que possamos ao final de 2018 saltar do patamar que estamos amarrados hoje em 18 % do PIB para 24% do PIB em investimentos. E vamos enfrentar a simplificação do sistema tributário na largada do governo— prometeu.
Aécio afirmou ainda que o atual governo atua com "arrogância e unilateralismo" em suas decisões e disse que, em um eventual governo seu, haverá um diálogo permanente com o setor produtivo. O tucano defendeu um resgate da credibilidade do governo e da economia.
— Vamos inaugurar um tempo de previsibilidade, de retomada dos investimentos. O Brasil cansou de tudo que esta aí - disse.
Aécio aproveitou para rebater ataques que vem sofrendo por parte do PT de que tomaria medidas impopulares, como a redução ou mesmo a extinção de programas sociais do governo caso fosse eleito. O senador disse que, se eleito, terá "liderança política" para guiar o crescimento econômico.
- Fui acusado, exploraram de forma excessiva ao longo dos últimos meses, quando eu disse que tomaria as medidas necessárias para que o Brasil retomasse o crescimento. Mas, as medidas impopulares já foram tomadas por esse governo, foram elas que nos levaram a esse crescimento pífio - afirmou.
Em outro momento, quando respondia às perguntas de representantes do setor, o senador usou a comparação de baixo crescimento e alta inflação com a derrota do Brasil de 7 X 1 para Alemanha na Copa do Mundo.
- O que me preocupa é o 7 X 1 que o governo deixará para nós, que é 1% de crescimento e 7% de inflação.
Aécio lançou ainda um desafio para dar fim a "estruturas carcomidas" e disse que, caso o governo atual seja reeleito, os desafios daqui a quatro anos serão maiores.
— Ou o Brasil encerra esse ciclo e constrói uma grande e nova aliança na sociedade para rompermos com essas estruturas carcomidas que aí estão, ou daqui a quatro anos os desafios serão ainda maiores.
PETROBRAS: ‘VÍTIMA DE ARMADILHA’
Sobre a Petrobras, o candidato afirmou que a empresa é "vítima de uma armadilha" formada pelo atual governo, mas não se referiu aos escândalos de corrupção na estatal, que deram origem a duas CPIs. As investigações o Congresso estão esvaziadas pela própria oposição, devido ao período eleitoral.
— Estamos na contramão do mundo ao subsidiar combustível fóssil. A Petrobras é a única empresa petroleira do mundo que quanto mais vende combustível, mais prejuízo tem. Ficamos amarrados e afastamos inúmeras empresas internacionais do Brasil — disse.
O candidato encerrou sua participação levantando novamente a "polêmica" de que fará "o necessário" para retomar o crescimento brasileiro:
— Não vai me faltar coragem desde o primeiro dia do governo para tomar todas as medidas necessárias para que o Brasil encerre esse ciclo perverso e possa apontar para nosso ciclo de crescimento sustentável. O Brasil não merece o governo que está aí e nós temos capacidade de construir o novo. E o novo de verdade, com coragem e condições para fazer o que é preciso, somos nós.
MENOS MINISTÉRIOS
Em entrevista depois do debate, o presidenciável prometeu que reduzirá pela metade o número de ministérios. Atualmente, são 39 pastas. O tucano não disse quais serão extintos porque sua equipe ainda está analisando, mas garantiu que ficarão entre 19 e 23 ministérios. Aécio disse também que reduzirá ao menos um terço dos cargos comissionados, se eleito. São cerca de 22 mil funções comissionadas no país. Segundo o tucano, número desproporcional e que serve apenas para abrigar militantes partidários.
- No nosso primeiro dia de governo teremos algo em torno da metade dos ministérios que estão aí atualmente, mas isso não quer dizer que as políticas públicas tocadas por esses ministérios deixem de ser importantes. Quando Fernando Henrique deixou o governo, tínhamos 23. Hoje, tem ministérios existem para acomodar militantes políticos - afirmou.
Aécio fez críticas à centralização da presidente Dilma na área econômica, e condenou a intervenção que chamou de “atrapalhada” no setor elétrico. Disse que Dilma deixou de ser presidente full time “há muito tempo”, para ser candidata “full time”, e que cedeu a pressões dos partidos por cargos por ter projeto pessoal de poder.
Mais uma vez, o presidenciável Aécio Neves (PSDB)P não respondeu se alguma vez usou para pousos ou decolagens o Aeroporto de Cláudio (MG), construído em sua gestão como governador de Minas Gerais, distante apenas seis quilômetros da fazenda em que costuma descansar. Questionado após participar de sabatina da CNI, o tucano foi evasivo:
- Sobre esse assunto já dei os esclarecimentos que achei relevantes - minimizou.