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De acordo com o Conselho Nacional de Defesa da Ucrânia, é impossível garantir a segurança do trabalho dos peritos internacionais na região
A missão dos agentes internacionais encarregados de investigar a queda do avião da Malaysia Airlines no leste da Ucrânia não está fácil de ser cumprida. Se chegar até o local do desastre aéreo já era considerado perigoso, trabalhar lá pode ser ainda mais arriscado. O Conselho Nacional de Defesa da Ucrânia anunciou nesta quarta-feira (30) que rebeldes separatistas que controlam o leste ucrâniano deixaram minas terrestres entre os destroços do Boeing malaio.
De acordo com informações da rede americana CNN, os militantes pró-Rússia também colocaram minas explosivas nas estradas que dão acesso ao local do acidente, que matou todos os 298 passageiros e tripulantes a abordo, tornando o trabalho dos peritos "impossível".
Fazem parte da equipe internacional 50 agentes da Holanda e Austrália (países com maioria das vítimas do desastre aéreo), além de observadores internacionais da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). Eles acreditam que ainda restam pistas no local da queda sobre o que houve com o avião. E mais que isso: esperam encontrar restos mortais de vítimas cujos corpos não foram entregues às autoridades holandesas.
Cerca de dois dias após a derrubada do avião malaio, no dia 17 de julho, os investigadores internacionais conseguiram acesso ao local dos destroços. Puderam, com o "aval" dos rebeldes, entrar nos vagões refrigerados onde foram colocados os restos mortais da maioria das vítimas e acompanharam parte do trajeto do trem de até Kharkiv, cidade controlada por Kiev e de onde os corpos voaram para a Holanda. Mas desde então, os peritos internacionais vêm enfrentando dificuldades de acesso ao local dos destroços. Desde domingo (27), as equipes estão tentando, sem sucesso, chegar à área da queda do Boeing 777 malaio. O clima de insegurança cada vez pior na região, em decorrência da intensificação dos combates entre o Exército da Ucrânia e as milícias separatistas, não deixa.
A violenta escalada de confrontos no leste do país nos últimos dias, justificada justamente para liberar o território dos rebeldes e facilitar as investigações internacionais, elevou o número de mortos nas regiões separatistas de Donetsk e Lugansk. Segundo estimativas das Nações Unidas, 1.129 pessoas morreram, 3.442 ficaram feridas e mais de 100 mil se refugiaram.