Lucianne Carneiro - O Globo
País se sai bem em inclusão bancária e direitos de minorias sexuais
O Brasil caiu de 5º para 8º em um ranking de inclusão social que engloba 17 países das Américas na passagem entre 2013 e 2014. O Índice de Inclusão Social é calculado pelo Americas Society / Council of the Americas, um grupo de estudos com sede em Nova York, e leva em consideração 21 itens, como crescimento da economia, percentual do Produto Interno Bruto (PIB) investido em programas sociais, direitos civil, de mulheres e LGBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros).
Em 2014, o Uruguai se manteve como líder em inclusão social, com 79,89 pontos, seguido por Argentina, Costa Rica, Estados Unidos e Chile. A lista de 17 países inclui ainda Peru, Equador, Panamá, Bolívia, Colômbia, México, Nicarágua, El Salvador, Paraguai, Honduras e Guatemala.
O levantamento aponta que o Brasil registrou leve queda nas avaliações este ano, diante da desaceleração do crescimento da economia. O recálculo do índice sobre direitos de mulheres também contribuiu, segundo o Americas Society / Council of the Americas, para o recuo da 5ª para a 8ª posição. O país atingiu 57,14 pontos.
Se por um lado se sai melhor que outros países latino-americanos em inclusão bancária, direitos de minorias sexuais e percentuais de pessoas que vivem com mais de US$ 4 por dia, o Brasil está nas piores colocações quando se trata de percepção de reação de governo e poder de pessoas comuns.
O crescimento médio da economia brasileira entre 2003 e 2013 foi de 3,5%, com 9,90% do PIB em gastos sociais. Entre os homens, 77% vivem com mais de US$ 4 por dia, percentual que é de 76,9% entre as mulheres.
O estudo destaca que o acesso ao ensino fundamental no Brasil é baixo frente à média da região e lembra que o investimento em educação (5,7% do PIB) é menor que a maioria dos países, como Argentina (6%), Bolívia (6,3%), Costa Rica (6,3%) e Honduras (7,3%).
“Este é o terceiro ano que coletamos essas informações e há melhoras e recuos nas diferentes variáveis. O que fica claro é que a questão de inclusão social, ao contrário do PIB e até de elevação de renda, é difícil de mudar a curto prazo. Estão envolvidas condições históricas, estruturais e até de atitude”, disse, em comunicado, o diretor de Políticas do Americas Society / Council of the Americas e editor do periódico Americas Quarterly, Christopher Sabatini.