quarta-feira, 30 de julho de 2014

Economia dos EUA tem forte recuperação e cresce 4% anualizados no 2º trimestre

Governo americano revê índice de contração da economia no primeiro trimestre de 2,9% para 2,1%

 
Trabalhador em obra em Springfield, em Illinois: criação de vagas no país tem superado a marca de 200 mil em cada um dos últimos cinco meses - Seth Perlman / AP


WASHINGTON - O crescimento da economia dos Estados Unidos acelerou mais que o esperado no segundo trimestre e cresceu 4% anualizados. Já a contração do Produto Interno Bruto (PIB) no período anterior foi menos severa do que o relatado e ficou em 2,1% ao ano no primeiro trimestre, segundo número revisado, informou o Departamento do Comércio nesta quarta-feira. O dado anteriormente divulgado era de queda de 2,9%.

Os dados fortalecem as perspectivas de um desempenho mais forte nos últimos seis meses do ano e levam o PIB para acima da tendência de crescimento potencial da economia, que analistas colocam em algo entre 2% e 2,5%.

Economistas consultados pela Reuters esperavam que a economia cresceria a uma taxa anual de 3% no segundo trimestre. A economia cresceu 0,9% no primeiro semestre deste ano e o crescimento em 2014 como um todo pode ficar em média acima de 2%.

Diferentemente do que ocorre no Brasil — onde o IBGE calcula a variação trimestre a trimestre da atividade econômica —, os números do PIB americano são divulgados de forma anualizada. Ou seja, o dado trimestral é multiplicado por quatro para indicar uma tendência para o resto do ano, explica o professor Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC e ex-diretor do Banco Central.

A contração nos EUA no primeiro trimestre, que foi em grande parte relacionada ao clima, foi a maior em cinco anos. O crescimento do emprego, cuja criação de vagas superou a marca de 200 mil em cada um dos últimos cinco meses, e leituras fortes sobre os setores industrial e de serviços do Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) sustentam as expectativas otimistas para o resto do ano.


ÍNDICES ATÉ 1999 FORAM REVISADOS

O governo também publicou revisões de dados anteriores do PIB que vão até 1999, mostrando que a economia teve um desempenho muito mais forte na segunda metade de 2013 e para aquele ano como um todo do que relatado anteriormente.

Os dados do PIB, que foram divulgados horas antes das autoridades do Federal Reserve concluírem dois dias de reunião, podem alimentar o debate sobre se o banco central americano pode precisar elevar a taxa de juros um pouco antes do era esperado.

O crescimento no segundo trimestre deveu-se principalmente aos gastos de consumidores e a uma guinada nos estoques de empresas. O crescimento dos gastos de consumidores, que respondem por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, acelerou a um ritmo de 2,5%, uma vez que consumidores americanos compraram bens manufaturados duráveis e gastaram um pouco mais em serviços.

Os gastos dos consumidores haviam desacelerado para 1,2% no primeiro trimestre devido a gastos fracos com saúde. Os estoques por sua vez contribuíram com 1,66 ponto percentual ao crescimento do PIB, após terem tirado 1,16 ponto no primeiro trimestre.

A economia também recebeu um impulso de investimentos de empresas, gastos do governo e investimentos em construção de moradias. O comércio, no entanto, pesou pelo segundo trimestre consecutivo uma vez que parte do aumento na demanda doméstica foi atendida por um salto nas importações.

A demanda doméstica cresceu a uma taxa de 2,8%, ritmo mais rápido desde o terceiro trimestre de 2011, ante um crescimento de 0,7% no primeiro trimestre. A demanda sólida, que ressalta o fortalecimento dos fundamentos da economia, levou à aceleração das pressões de preços no segundo trimestre, uma consequência comemorada por autoridades do Fed que há muito se preocupam com o nível muito baixo da inflação.

Um índice de preços no relatório subiu a uma taxa de 2,3% no segundo trimestre, o mais rápido em três anos, após ter avançado 1,4% no período anterior. O núcleo de preços, que desconsidera custos de alimentos e energia, avançou 2%, nível mais alto desde o primeiro trimestre de 2012, contra 1,2% no primeiro trimestre.