quarta-feira, 30 de julho de 2014

Bancos oficializam proposta de socorro ao governo argentino no valor de US$ 250 milhões

- O Globo

Um diretor da Associação de Bancos da Argentina foi a Nova York apresentar a oferta

 



BUENOS AIRES - Foi confirmada oficialmente a oferta feita por bancos privados, nacionais e estrangeiros, que operam na Argentina à presidente Cristina Kirchner de socorrer seu governo e tentar evitar o calote da dívida pública. Representantes da Associação de Bancos da Argentina (Adeba) já estão reunidos em Nova York e, nesta quarta-feira, serão recebidos pelo mediador do caso dos fundos abutres, o advogado americano Daniel Pollack, num encontro do qual também participariam os litigantes.

Pollack foi nomeado pelo juiz americano Thomas Griesa, responsável pela sentença que obriga a Argentina a pagar US$ 1,5 bilhão até esta quarta-feira aos donos de bônus que não entraram na renegociação em 2005 e 2010.

A proposta da Adeba seria oferecer uma garantia aos fundos abutres, em torno de US$ 250 milhões, que permita à Justiça americana suspender a vigência da sentença contra o país por um período de pelo menos 90 dias e deixar que o governo Kirchner continue pagando seus vencimentos. O pedido de suspensão da sentença deve ser feita pelos litigantes. Assim, não haveria calote e ambas as partes teriam mais tempo para negociar um acordo.

Segundo uma fonte do mercado argentino, o mais difícil de implementar é a garantia, porque os bancos não teriam como explicar isso em seus balanços. Uma possibilidade seria comprar uma parte da dívida em mãos dos abutres o que, na prática, significaria uma garantia.

— Um diretor da Adeba viajou para levar uma proposta — confirmou o gerente financeiro do Banco Piano, Francisco Ribeiro Mendoça, a uma rádio local.

Ele disse que esta iniciativa "não se pensou em 24 horas" e esclareceu que "ninguém toma uma decisão desta natureza sem sinal verde do Estado".

O chefe de gabinete, Jorge Capitanich, evitou comentar a gestão dos bancos, argumentando que "trata-se de uma questão entre privados". Segundo o jornal “La Nación”, no entanto, o encontro foi orquestrado pelo banco central da argentina. A autoridade monetária, no entanto, nega a reunião.

A Casa Rosada não pode participar da negociação, por sua presença poderia ser usada para ativar a famosa cláusula Rights Upon Future Offers (Rufo), que estabelece que se o governo fechar um acordo com os holdouts deve oferecer as mesmas condições aos credores reestruturados.

— A intenção da Adeba é liberar o caminho, estamos trabalhando para gerar um fundo (entre vários bancos) para que possa ser reposta a liminar (que suspenderia a sentença) — explicou Mendoça.
Um banqueiro, no entanto, afirmou ao “La Nación” que a negociação poderia não ser finalizada a tempo de evitar o calote:

— Não está garantido que cheguemos a fechar um acordo amanhã (esta quarta-feira), antes que as qualificadoras nos declarem em default, mas seria só uma questão de dias.