Blog Rodrigo Constantino - Veja
O crescimento da economia dos Estados Unidos acelerou mais do que esperado no segundo trimestre e a contração no período anterior foi menos severa do que o relatado anteriormente, o que pode fortalecer as perspectivas de um desempenho mais forte nos últimos seis meses do ano.
O Produto Interno Bruto (PIB) expandiu a uma taxa anual de 4% entre abril e junho, informou o Departamento do Comércio nesta quarta-feira. Vale ressaltar, porém, que esta é a primeira versão do PIB, cujos dados serão ainda revisados duas vezes.
A economia americana vem crescendo acima de 2% ao ano, mais que o dobro do que o Brasil deve crescer esse ano. Trata-se, ainda, da grande locomotiva do mundo, devido ao tamanho de sua economia. Com um PIB de quase US$ 17 trilhões, os Estados Unidos acrescentam mais de US$ 300 bilhões por ano de produção com essa taxa de crescimento.
A China, a segunda maior economia do mundo, tem um PIB de quase US$ 5 trilhões. Ou seja, seu impressionante crescimento de 7% acrescenta, em termos absolutos, um montante muito similar ao dos americanos. Ambos, juntos, adicionam quase US$ 700 bilhões por ano de produção de riqueza, ou cerca de um terço do PIB brasileiro!
A desculpa usada pelo governo Dilma, de que nossos problemas se devem à crise mundial, não se sustenta com os fatos. Os países emergentes crescem rápido ainda, bem mais do que nós e com menos inflação. E até mesmo a economia americana, desenvolvida, tem crescido mais do que o Brasil. Somos o patinho feito por “mérito” do governo Dilma, ninguém mais.
A questão que surge é: esse crescimento mundial é sustentável? Quanto do crescimento americano, por exemplo, depende dos estímulos monetários do Fed, seu banco central? Não podemos responder a essa pergunta ainda, e essa resposta fará toda a diferença do mundo. Se a economia recuar quando os estímulos forem retirados, o mundo inteiro irá sofrer as consequências.
O desempenho do S&P 500, índice das principais empresas americanas, mostra que pode haver uma bolha de ativos inflada pelos estímulos monetários:
Vários analistas sérios já se mostram preocupados com isso. Até aqui, os Estados Unidos conseguiram empurrar com a barriga o encontro com a realidade, conseguiram evitar a ressaca dos excessos praticados antes e que culminaram na crise de 2008. Mas muito disso pode ser fruto apenas dos novos estímulos, ou seja, um crescimento artificial, uma nova euforia insustentável. Ganharam tempo, mas será que resolveram os problemas estruturais?
Se a resposta for “não”, e a economia americana desacelerar quando forem retirados os estímulos, aí sim o Brasil poderá sofrer um impacto de verdade, hoje inexistente (ou existente apenas no discurso oficial do governo). Por enquanto, a locomotiva mundial vem ajudando a puxar os demais vagões, à exceção do brasileiro, preso no mesmo lugar, fixado no trilho pelo excessivo peso do governo petista.