Blog Ricardo Setti - Veja
Depois de duas décadas sem qualquer candidato viável ao governo de São Paulo, o PMDB finalmente conseguiu um nome que não dá traço em pesquisa e que, embora atrás do governador tucano Geraldo Alckmin, deixa a anos-luz de distância o “poste” escolhido por Lula para disputar o Palácio dos Bandeirantes, o ex-ministro Alexandre Padilha (PT).
Trata-se do empresário Paulo Skaf, presidente licenciado da mais poderosa entidade patronal do país, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Torrando fortunas da Fiesp em campanhas de utilidade altamente duvidosa, mas em que apareceu de forma abundante na TV, Skaf chegou a saudáveis 21% das intenções de voto em pesquisa Datafolha divulgada a 6 de junho passado.
Depois, em novo levantamento, divulgado no último dia 17, caiu para 16%, enquanto Alckmin disparou de 47% para 54%, o que eliminaria o segundo turno.
Há várias interpretações para a queda nas intenções de voto, mas Skaf parece convencido de que ela ocorreu devido à associação de seu nome com o da presidente Dilma Rousseff, que o PMDB apoia em nível nacional a ponto de ter o presidente do partido, Michel Temer, mantido na chapa como candidato a vice. Skaf desde então vem procurando se desvencilhar dessa ligação, e insiste na tecla de que é “oposição ao PT e ao PSDB em São Paulo”.
Não pareceu suficiente. E as últimas atitudes do candidato — inclusive trombadas verbais com o prefeito petista de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, sobre o tema — fizeram com que aumentasse a pressão da direção nacional do PMDB para que Skaf ofereça seu palanque à presidente.
Está instalada, pois, a crise dentro do PMDB paulista, porque o espertíssimo marqueteiro de Skaf, Duda Mendonça, sabe muito bem que associar-se a Dilma em São Paulo é dar um abraço de afogado. O Datafolha mostra que a rejeição à presidente no Estado é altíssima — 47% dos eleitores declaram que não votariam nela em nehuma hipótese — e, na capital, chega a espantosos 49%.
Esse quadro é muito difícil de reverter, sabem os especialistas em eleições. Se não se alterar, Dilma será esmagada em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, com 32 milhões de eleitores (22,4% do total).
Skaf, que há quatro anos prepara sua candidatura pelo PMDB, não quer afundar junto com a presidente.