quinta-feira, 1 de maio de 2014

Candidatos acirram disputa pelo voto do agronegócio

Marcelo de Moraes - O Estado de São Paulo

Na temporada de caça aos eleitores, os candidatos à Presidência da República apontam suas baterias para o agronégocio, setor estratégico em qualquer campanha nacional. E os representantes da oposição parecem estar conseguindo se mover melhor entre os representantes do setor do que fez até agora a presidente Dilma Rousseff.

Nessa quarta-feira, isso ficou claro com o discurso adotado pelo senador mineiro Aécio Neves (PSDB) ao participar da Agrishow, em Ribeirão Preto, em São Paulo. Aproveitando que Dilma acabou não podendo estar presente ao evento, Aécio não só esteve no local como se autointitulou “candidato do agronegócio”.

Para Aécio, ganhar eleitores do setor no interior de São Paulo é mais do que estratégico. É vital para que sua candidatura presidencial se mantenha competitiva. O mineiro tenta atrair os eleitores do interior paulista, que têm votado na sua maioria no PSDB, mas terão, pela primeira vez, um candidato nacional de fora do Estado. Além de se apresentar para esse eleitor, Aécio está tentando fazer o discurso que o setor deseja ouvir, afinal o interior paulista concentra grande parte do chamado eleitorado do agronegócio.

O ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) também tem corrido o interior do País atrás desses votos. No caso específico dele, se carrega a novidade de ser um novo nome na disputa presidencial, traz também a resistência que o setor do agronegócio tem a sua vice, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Não é segredo para ninguém que Marina enfrentou divergências famosas com o setor por conta de suas posições à frente do Ministério, especialmente nas questões de combate ao desmatamento, código florestal e adoção de transgênicos.

Campos não pretende desautorizar a posição de defesa ambiental de Marina. celebrada até no exterior por conta disso. O que ele vem tentando explicar é que seu eventual governo vai apoiar e incentivar o desenvolvimento do agronegócio. Por conta disso, esteve no Paraná e interior de São Paulo e vai investir em outras áreas importantes de plantio, inclusive no Nordeste, além de passar pela Expozebu, em Uberaba, para tentar passar essa mensagem.

Do lado do governo, Dilma não conseguiu ir na Agrishow e acabou vendo seu governo ser criticado pelo presidente da Agrishow, Maurilio Biagi, até pouco tempo atrás um nome que vinha sendo apontado como possível candidato a vice na chapa encabeçada pelo petista Alexandre Padilha para o governo de São Paulo.

Apesar disso, Dilma tem alguns trunfos. Estará na Expozebu também, mas tem procurado sinalizar para os produtores do País com a liberação de financiamentos e também com maciça distribuição de máquinas, extremamente valiosas para cidades pequenas do interior.

Além disso, a presidente tem buscado apoio de representantes importantes do setor, como a senadora Katia Abreu (PMDB-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), e do senador Blairo Maggi (PR-MT), entre outros.

A guerra pelo voto do agronegócio deve ser mais acirrada nos Estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Nas últimas eleições, a maior parte desses locais se alinhou com os candidatos do PSDB. Por causa disso, o governo pode ampliar o investimento de sua campanha nessas áreas, atrás de votos importantes.