O jornalista francês François Forestier não se esquece de seu primeiro encontro com Marlon Brando:
"Ele era magnético, elétrico, encantador e, ao mesmo tempo, tinha algo de repulsivo. Eu podia ouvir na minha cabeça: Perigo... perigo... perigo...".
Brando (1924-2004) foi o maior ator de sua época, mas sua vida foi uma sucessão de tragédias. Lindo, seduziu centenas de mulheres e homens, dormiu com metade de Hollywood e destruiu a vida de muita gente.
Uma filha se matou, assim como várias amantes. O filho foi acusado de assassinato. Por onde passou, o ator deixou corações arrasados e vidas despedaçadas. Terminou a vida sozinho, obeso, deitado num sofá, sem receber nem os amigos.
François Forestier, crítico de cinema da revista francesa "Le Nouvel Observateur", levou dois anos para escrever "Marlon Brando - A Face Sombria da Beleza", uma biografia curta e arrasadora sobre o ator que mudou o cinema.
O livro foi gestado durante três décadas, durante as quais ele entrevistou dezenas de amigos do ator.
"Brando era extraordinariamente sedutor, e cada testemunha estava feliz em compartilhar suas histórias comigo. Este homem tinha tantas amantes que o livro poderia parecer um catálogo telefônico."
Brando, diz Forestier, era um ator incomparável e uma pessoa abominável, um monstro. "Mas me interesso por monstros, acho que eles são nosso verdadeiro lado humano. Tentei revelar a monstruosidade do mundo dele."
O autor diz que ficou impressionado com a forma egoísta com que Brando tratava mulheres e filhos. "Ele simplesmente não se importava com ninguém. Brando era um monstro do ego, um monstro de infelicidade, um poço de solidão, sem bússola moral, sem senso de direção", diz.
"Nos últimos anos de sua vida, estava apenas se inclinando sobre a autodestruição, arrastando todos os seus filhos. Algumas pessoas sonham com a criação de um mundo em chamas. Brando sonhou em fazê-lo desaparecer num buraco negro."
Forestier descreve os filmes estrelados por Brando, e é curioso perceber como o grande ator de obras-primas como "Sindicato de Ladrões" (1954) e "O Poderoso Chefão"(1972) também se meteu em abacaxis.
"O mito de Brando é tão esmagador que ele se torna mais importante que seus filmes. A verdade é que um bom ator está no seu melhor em filmes ruins. Sua arte transcende tudo. Se você gosta de Brando, esquece os abacaxis que estrelou."
Até hoje, diz o jornalista, não há ator que se compare a ele. "Há um período 'antes de Brando', e 'depois de Brando'. Ninguém está nessa liga hoje em dia. Ele era o deus dos atores, e o diabo também."
MARLON BRANDO - A FACE SOMBRIA DA BELEZA
AUTOR François Forestier
TRADUÇÃO Clóvis Marques
EDITORA Objetiva
QUANTO R$ 29,90 (200 págs.)
"Ele era magnético, elétrico, encantador e, ao mesmo tempo, tinha algo de repulsivo. Eu podia ouvir na minha cabeça: Perigo... perigo... perigo...".
Brando (1924-2004) foi o maior ator de sua época, mas sua vida foi uma sucessão de tragédias. Lindo, seduziu centenas de mulheres e homens, dormiu com metade de Hollywood e destruiu a vida de muita gente.
Uma filha se matou, assim como várias amantes. O filho foi acusado de assassinato. Por onde passou, o ator deixou corações arrasados e vidas despedaçadas. Terminou a vida sozinho, obeso, deitado num sofá, sem receber nem os amigos.
Reuters | ||
O ator Marlon Brando em cena do filme 'O Selvagem' (1953), com direção de Laszlo Benedeck |
François Forestier, crítico de cinema da revista francesa "Le Nouvel Observateur", levou dois anos para escrever "Marlon Brando - A Face Sombria da Beleza", uma biografia curta e arrasadora sobre o ator que mudou o cinema.
O livro foi gestado durante três décadas, durante as quais ele entrevistou dezenas de amigos do ator.
"Brando era extraordinariamente sedutor, e cada testemunha estava feliz em compartilhar suas histórias comigo. Este homem tinha tantas amantes que o livro poderia parecer um catálogo telefônico."
Brando, diz Forestier, era um ator incomparável e uma pessoa abominável, um monstro. "Mas me interesso por monstros, acho que eles são nosso verdadeiro lado humano. Tentei revelar a monstruosidade do mundo dele."
O autor diz que ficou impressionado com a forma egoísta com que Brando tratava mulheres e filhos. "Ele simplesmente não se importava com ninguém. Brando era um monstro do ego, um monstro de infelicidade, um poço de solidão, sem bússola moral, sem senso de direção", diz.
"Nos últimos anos de sua vida, estava apenas se inclinando sobre a autodestruição, arrastando todos os seus filhos. Algumas pessoas sonham com a criação de um mundo em chamas. Brando sonhou em fazê-lo desaparecer num buraco negro."
Forestier descreve os filmes estrelados por Brando, e é curioso perceber como o grande ator de obras-primas como "Sindicato de Ladrões" (1954) e "O Poderoso Chefão"(1972) também se meteu em abacaxis.
"O mito de Brando é tão esmagador que ele se torna mais importante que seus filmes. A verdade é que um bom ator está no seu melhor em filmes ruins. Sua arte transcende tudo. Se você gosta de Brando, esquece os abacaxis que estrelou."
Até hoje, diz o jornalista, não há ator que se compare a ele. "Há um período 'antes de Brando', e 'depois de Brando'. Ninguém está nessa liga hoje em dia. Ele era o deus dos atores, e o diabo também."
MARLON BRANDO - A FACE SOMBRIA DA BELEZA
AUTOR François Forestier
TRADUÇÃO Clóvis Marques
EDITORA Objetiva
QUANTO R$ 29,90 (200 págs.)
Marlon Brando
Associated Press
Marlon Brando em teste para o filme "Rebelde sem Causa" (1955)
O ator Marlon Brando, em foto de 1950
Reprodução
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O ator Marlon Brando em cena do filme "Um Bonde Chamado Desejo" (1951)
Reuters
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O ator Marlon Brando em cena do filme "O Selvagem" (1953), com direção de Laslo Benedeck
Divulgação
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Marlon Brando (em pé) em cena do filme "Julio César" (1953), do diretor Joseph L. Mankiewicz
Divulgação
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Marlon Brando como Valentine Xavier em cena do filme "Vidas em Fuga" (1959)
Marlon Brando (como Valentine Xavier) e Anna Magnani (Lady Torrance) em cena do filme "Vidas em Fuga" (1959)
Marlon Brando persegue a atriz Maria Schneider em cena do filme "Último Tango em Paris" (1972)
Divulgação
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Marlon Brando como Don Vito Corleone em cena do filme "O Poderoso Chefão" (1972)