Lino Rodrigues - O Globo
Para ministro da Fazenda, crédito caro e escasso e alta dos preços dos alimentos diminuíram o consumo das famílias
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, atribuiu o baixo crescimento brasileiro no primeiro trimestre à alta da inflação, que teve impacto no consumo das famílias, ao crédito “caro e escasso” e ao fraco desempenho das economias internacionais, particularmente dos Estados Unidos.
— Embora a massa salarial tenha crescido, o crédito escasso e a inflação de alimentos diminuíram o consumo das famílias — disse.
Segundo Mantega, esses fatores negativos não estarão presentes neste segundo trimestre, quando a economia, afirma ele, deve ter um desempenho melhor que no início do ano. Além, disso, Mantega afirmou que a Copa do Mundo pode ajudar a impulionar a recuperação da atividade neste trimestre.
— Abril já mostra que o consumo das famílias já está crescendo mais e o setor de serviços deve ser beneficiado por causa da Copa do Mundo — disse. — A Copa vai beneficiar o comércio e o setor de serviços, que representam mais de 60%. Vai ser melhor. Talvez a indústria sofra mais com os feriados.
O IBGE divulgou nesta sexta-feira que o Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos) do país teve crescimento de apenas 0,2% de janeiro a março deste ano, na comparação com quatro trimestre de 2013.
Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, o PIB avançou 1,9%. O consumo das famílias caiu 0,1% frente ao último trimestre de 2013, pela primeira vez desde o terceiro trimestre de 2011, quando havia encolhido 0,3%.
A agropecuária, por sua vez, avançou 3,6% na mesma comparação e liderou o crescimento nesse trimestre, favorecida por safras de soja, algodão e arroz. Já a indústria caiu 0,8%, no terceiro trimestre consecutivo de recuo. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador de investimentos, também encolheu: 2,1%.
Mantega, porém, disse que o governo não pretende adotar medidas adicionais para estimular a entrada de novos investimentos externos no país.
— Já existem estímulos suficientes. Hoje, é barato investir no Brasil — disse.
Apesar do fraco desempenho do primeiro trimestre, o ministro descartou revisar neste momento as projeções do governo para o crescimento da economia brasileira neste ano — de 2,3% a 2,5% para este ano.
— É prematuro fazer revisão nas nossas projeções — disse Mantega, destacando que o próprio setor agrícola deve ter uma contribuição ainda mais positiva neste segundo trimestre, que ele chamou de “trimestre das colheitas”.
O ministro disse também que uma performance melhor das economias internacionais devem ajudar a impulsionar o PIB brasileiro este ano.