Elon Musk, o Tony Stark da vida real, apresentou nesta madrugada ao vivo pela internet a cápsula tripulada desenvolvida por sua companhia, a SpaceX, para o programa espacial americano. Uau.
A Dragon V2, que deve começar a levar astronautas à Estação Espacial Internacional em 2017, é uma versão melhorada da espaçonave que já está fazendo transporte de carga para a Nasa. Mas põe melhorada nisso. Se você achava que cápsulas eram um conceito ultrapassado para veículos espaciais, é bom rever seus conceitos.
O exemplo mais concreto disso é que, apesar de não ter asas ou hélices, ela tem a precisão de pouso de um helicóptero. Nada de cair “em algum lugar” do mar, como faziam as antigas cápsulas americanas, ou no meio do deserto, como acontece até hoje com as naves russas Soyuz. A Dragon V2 faz uma descida com propulsão, para controlar com precisão a descida. E ela aterrissa sobre um trem de pouso!
“Assim é que uma espaçonave do século 21 deve pousar”, afirmou Musk para uma plateia entusiasmada, direto das instalações da SpaceX na Califórnia.
A vantagem de um pouso controlado é minimizar os danos ao veículo. A ideia é que as Dragons sejam completamente reutilizáveis, com o objetivo de reduzir o custo do acesso ao espaço. (Algo que os ônibus espaciais americanos prometeram e não cumpriram, diga-se de passagem.)
POR DENTRO
Musk também mostrou o interior da cápsula. É um contraste enorme com qualquer outra espaçonave do tipo. Capaz de transportar até sete astronautas, a Dragon V2 tem um painel retrátil e os assentos dispostos em duas fileiras, uma sobre a outra. O resto é espaço livre.
Pode parecer um desperdício, ou mesmo um veículo depauperado, mas na verdade o que os astronautas mais vão precisar em órbita é de espaço para esticar as pernas. O desconforto das cápsulas Soyuz é legendário, e isso para não falar das antigas Mercury e Gemini americanas. (A Apollo, usada nas missões lunares, era um pouquinho melhor, mas o único veículo a oferecer conforto similar ao da Dragon V2 a seus ocupantes, até hoje, foi o finado ônibus espacial.)
CRIATIVIDADE
O que me encanta no novo projeto da SpaceX é a capacidade de combinar alta tecnologia e, sobretudo, criatividade a velhos conceitos da exploração espacial. Exemplo: um requerimento de segurança para naves espaciais que voam sobre foguetes é uma torre de escape. O que é isso? É um foguetinho que vai em cima de tudo, conectado à cápsula. Ele está ali para o caso de uma emergência. Se o foguetão maior lá embaixo resolve explodir, ele dispara e arranca a espaçonave para longe, salvando a tripulação.
A Soyuz tem um desse. É descartável. Quando a nave deixa a atmosfera, ele é ejetado e jogado fora. O que Musk e seus comandados fizeram? Criaram um sistema de propulsão interno da cápsula que servisse tanto para o pouso controlado como para ser o mecanismo de escape em caso de emergência. Se o foguetão dá problema, ele ejeta a cápsula para longe. Se não dá, o negócio continua lá e permite que, no retorno à Terra, a Dragon V2 desça de forma controlada.
Uma das vantagens mais notáveis de um sistema de propulsão capaz de pouso é que ele não se presta só a descidas controladas na Terra. A rigor, ele poderia ser usado, por exemplo, para missões a Marte. (Aliás, existe uma proposta circulando por aí de adaptar uma Dragon V2 para promover uma missão não-tripulada de retorno de amostras do planeta vermelho — o que seria um passo incrivelmente importante para futuras viagens com astronautas.)
Em resumo, Musk parece ter uma visão coerente de exploração espacial, e o investimento da Nasa em alternativas comerciais está rendendo frutos. Com a recente rusga entre americanos e russos por conta da crise na Ucrânia, a grana deve fluir mais fácil para que empresas como a SpaceX ofereçam o mais rápido possível acesso tripulado ao espaço para os ianques.
A Dragon V2, que deve começar a levar astronautas à Estação Espacial Internacional em 2017, é uma versão melhorada da espaçonave que já está fazendo transporte de carga para a Nasa. Mas põe melhorada nisso. Se você achava que cápsulas eram um conceito ultrapassado para veículos espaciais, é bom rever seus conceitos.
O exemplo mais concreto disso é que, apesar de não ter asas ou hélices, ela tem a precisão de pouso de um helicóptero. Nada de cair “em algum lugar” do mar, como faziam as antigas cápsulas americanas, ou no meio do deserto, como acontece até hoje com as naves russas Soyuz. A Dragon V2 faz uma descida com propulsão, para controlar com precisão a descida. E ela aterrissa sobre um trem de pouso!
“Assim é que uma espaçonave do século 21 deve pousar”, afirmou Musk para uma plateia entusiasmada, direto das instalações da SpaceX na Califórnia.
A vantagem de um pouso controlado é minimizar os danos ao veículo. A ideia é que as Dragons sejam completamente reutilizáveis, com o objetivo de reduzir o custo do acesso ao espaço. (Algo que os ônibus espaciais americanos prometeram e não cumpriram, diga-se de passagem.)
POR DENTRO
Musk também mostrou o interior da cápsula. É um contraste enorme com qualquer outra espaçonave do tipo. Capaz de transportar até sete astronautas, a Dragon V2 tem um painel retrátil e os assentos dispostos em duas fileiras, uma sobre a outra. O resto é espaço livre.
Pode parecer um desperdício, ou mesmo um veículo depauperado, mas na verdade o que os astronautas mais vão precisar em órbita é de espaço para esticar as pernas. O desconforto das cápsulas Soyuz é legendário, e isso para não falar das antigas Mercury e Gemini americanas. (A Apollo, usada nas missões lunares, era um pouquinho melhor, mas o único veículo a oferecer conforto similar ao da Dragon V2 a seus ocupantes, até hoje, foi o finado ônibus espacial.)
CRIATIVIDADE
O que me encanta no novo projeto da SpaceX é a capacidade de combinar alta tecnologia e, sobretudo, criatividade a velhos conceitos da exploração espacial. Exemplo: um requerimento de segurança para naves espaciais que voam sobre foguetes é uma torre de escape. O que é isso? É um foguetinho que vai em cima de tudo, conectado à cápsula. Ele está ali para o caso de uma emergência. Se o foguetão maior lá embaixo resolve explodir, ele dispara e arranca a espaçonave para longe, salvando a tripulação.
A Soyuz tem um desse. É descartável. Quando a nave deixa a atmosfera, ele é ejetado e jogado fora. O que Musk e seus comandados fizeram? Criaram um sistema de propulsão interno da cápsula que servisse tanto para o pouso controlado como para ser o mecanismo de escape em caso de emergência. Se o foguetão dá problema, ele ejeta a cápsula para longe. Se não dá, o negócio continua lá e permite que, no retorno à Terra, a Dragon V2 desça de forma controlada.
Uma das vantagens mais notáveis de um sistema de propulsão capaz de pouso é que ele não se presta só a descidas controladas na Terra. A rigor, ele poderia ser usado, por exemplo, para missões a Marte. (Aliás, existe uma proposta circulando por aí de adaptar uma Dragon V2 para promover uma missão não-tripulada de retorno de amostras do planeta vermelho — o que seria um passo incrivelmente importante para futuras viagens com astronautas.)
Em resumo, Musk parece ter uma visão coerente de exploração espacial, e o investimento da Nasa em alternativas comerciais está rendendo frutos. Com a recente rusga entre americanos e russos por conta da crise na Ucrânia, a grana deve fluir mais fácil para que empresas como a SpaceX ofereçam o mais rápido possível acesso tripulado ao espaço para os ianques.