sábado, 31 de maio de 2014

"Rainha do pibinho e madrinha da inflação"

Blog Rodrigo Constantino - Veja


Dilma rainha
 
 
A economia brasileira cresceu ridículos 0,2% no primeiro trimestre, com queda na indústria e, principalmente, nos investimentos, que ficaram abaixo de 13% do PIB. Essa taxa é absurdamente baixa e impossibilita um crescimento sustentável. Economistas sérios concordam que ela deveria ser, ao menos, o dobro da atual para colocar o país em uma trajetória de progresso.
 
Não obstante, a inflação permanece perto do teto da elevada meta, rodando acima de 6% ao ano mesmo com vários preços administrados pelo governo represados. O ministro Guido Mantega culpa a própria inflação pelo baixo crescimento, esquecendo que foi sua equipe a responsável por esse resultado, ninguém mais. Foram os desenvolvimentistas que venderam a falácia de que era preciso ter mais inflação para ter mais crescimento. Acabamos com alta inflação e nada de crescimento.
 
No começo do ano, o governo insistia ainda em um crescimento perto de 3%, o mercado falava em algo mais perto de 2%, e alguns economistas liberais, como este que vos escreve, achavam que se a taxa chegasse a 1,5% já era de “bom” tamanho, frente à quantidade enorme de equívocos de gestão. Hoje, muitos já falam em 1% de crescimento, e olhe lá! Somos um dos países que menos crescem no mundo!
 
Dilma é mesmo a rainha do pibinho e a madrinha da inflação, como disseram por aí. É responsabilidade dela, e somente dela, esse lamentável quadro de estagflação: estagnação econômica com elevada inflação. Vem dela a crença no “novo tripé macroeconômico”, que arruinou de vez com os fundamentos econômicos do Brasil. Esse clima de mau humor, de desesperança, de apatia, deve-se totalmente às trapalhadas de Dilma e sua equipe medíocre.
 
Mas Dilma sempre poderá alegar que o país cresceu, sob sua gestão, mais do que na era Collor! Não é incrível? Confisco de poupança, crise aguda, caos econômico: essas foram as marcas deixadas por Collor, atual aliado do PT. E Dilma, em época de ventos favoráveis para países emergentes, conseguirá entregar um resultado parecido, talvez um pouco melhor. E os petistas ainda celebram a mediocridade!
 
Os empresários jogam a toalha em quantidade cada vez maior, finalmente compreendendo o que significa manter Dilma no poder. Nem todos, é verdade. Ainda há gente como Luíza Trajano, da Magazine Luíza, que se mostra muito otimista com tanta mediocridade, ou Edson de Bueno Godoy, ex-dono da Amil, que, segundo Jorge Bastos Moreno, declarou abertamente seu voto em um jantar para a presidente: “Eu não tenho vergonha de declarar que voto na senhora”. Pois deveria, Edson! Deveria!
 
A tendência, com a inexorável deterioração desse quadro já caótico da economia, será mais e mais gente abandonar o barco, mudar o discurso, tornar-se pessimista. Sim, as coisas vão piorar ainda! O PT armou várias armadilhas que ainda vão assombrar a nossa economia. O pior não passou. A rainha do pibinho e a madrinha da inflação ainda tem mais surpresas na cartola. Será cada vez mais difícil fingir que está tudo bem. Como escreveu o senador Cristovam Buarque em sua coluna de hoje no GLOBO:
 
Fingimos ser um país com ambição de grandeza, mas nos contentamos com tão pouco que os governantes se recusam a ouvir críticas sobre a ineficiência dos serviços públicos. Preferem um otimismo ufanista, comparando com o passado que já foi pior, e denunciam como antipatriotas aqueles que ambicionam mais e criticam as prioridades definidas e a incompetência como elas são executadas. Antipatriota é achar que o Brasil não tem como ir além, é acreditar nos fingimentos.
 
Antipatriota, hoje em dia, é endossar o projeto bolivariano do PT, autoritário na política e mortal na economia. Não será uma morte abrupta, com uma crise iminente de imensas proporções, mas uma morte lenta, que já estamos vendo, com a perda gradual de otimismo, com a deterioração constante dos fundamentos, uma vez mais deixando uma ótima oportunidade passar. Tudo isso é muito triste, e essa elite que defende tal projeto tem sua grande parcela de culpa.