Blog Rodrigo Constantino - Veja
A economia brasileira cresceu ridículos 0,2% no
primeiro trimestre, com queda na indústria e, principalmente, nos investimentos,
que ficaram abaixo de 13% do PIB. Essa taxa é absurdamente baixa e impossibilita
um crescimento sustentável. Economistas sérios concordam que ela deveria ser, ao
menos, o dobro da atual para colocar o país em uma trajetória de progresso.
Não obstante, a inflação permanece perto do teto
da elevada meta, rodando acima de 6% ao ano mesmo com vários preços
administrados pelo governo represados. O ministro Guido Mantega culpa a própria
inflação pelo baixo crescimento, esquecendo que foi sua equipe a responsável por
esse resultado, ninguém mais. Foram os desenvolvimentistas que venderam a
falácia de que era preciso ter mais inflação para ter mais crescimento. Acabamos
com alta inflação e nada de crescimento.
No começo do ano, o governo insistia ainda em um
crescimento perto de 3%, o mercado falava em algo mais perto de 2%, e alguns
economistas liberais, como este que vos escreve, achavam que se a taxa chegasse
a 1,5% já era de “bom” tamanho, frente à quantidade enorme de equívocos de
gestão. Hoje, muitos já falam em 1% de crescimento, e olhe lá! Somos um dos
países que menos crescem no mundo!
Dilma é mesmo a rainha do pibinho e a madrinha da
inflação, como disseram por aí. É responsabilidade dela, e somente dela, esse
lamentável quadro de estagflação: estagnação econômica com elevada inflação. Vem
dela a crença no “novo tripé macroeconômico”, que arruinou de vez com os
fundamentos econômicos do Brasil. Esse clima de mau humor, de desesperança, de
apatia, deve-se totalmente às trapalhadas de Dilma e sua equipe medíocre.
Mas Dilma sempre poderá alegar que o país
cresceu, sob sua gestão, mais do que na era Collor! Não é incrível? Confisco de
poupança, crise aguda, caos econômico: essas foram as marcas deixadas por
Collor, atual aliado do PT. E Dilma, em época de ventos favoráveis para países
emergentes, conseguirá entregar um resultado parecido, talvez um pouco melhor. E
os petistas ainda celebram a mediocridade!
Os empresários jogam a toalha em quantidade cada
vez maior, finalmente compreendendo o que significa manter Dilma no poder. Nem
todos, é verdade. Ainda há gente como Luíza Trajano, da Magazine Luíza, que se
mostra muito otimista com tanta mediocridade, ou Edson de Bueno Godoy, ex-dono
da Amil, que, segundo Jorge Bastos Moreno, declarou abertamente seu voto em um
jantar para a presidente: “Eu não tenho vergonha de declarar que voto na
senhora”. Pois deveria, Edson! Deveria!
A tendência, com a
inexorável deterioração desse quadro já caótico da economia, será mais e mais
gente abandonar o barco, mudar o discurso, tornar-se pessimista. Sim, as coisas
vão piorar ainda! O PT armou várias armadilhas que ainda vão assombrar a nossa
economia. O pior não passou. A rainha do pibinho e a madrinha da inflação ainda
tem mais surpresas na cartola. Será cada vez mais difícil fingir que está tudo
bem. Como escreveu o senador Cristovam Buarque em sua coluna de hoje no GLOBO:
Fingimos ser um país com ambição de grandeza, mas nos
contentamos com tão pouco que os governantes se recusam a ouvir críticas sobre a
ineficiência dos serviços públicos. Preferem um otimismo ufanista, comparando
com o passado que já foi pior, e denunciam como antipatriotas aqueles que
ambicionam mais e criticam as prioridades definidas e a incompetência como elas
são executadas. Antipatriota é achar que o Brasil não tem como ir além, é
acreditar nos fingimentos.
Antipatriota, hoje em dia, é endossar o projeto
bolivariano do PT, autoritário na política e mortal na economia. Não será uma
morte abrupta, com uma crise iminente de imensas proporções, mas uma morte
lenta, que já estamos vendo, com a perda gradual de otimismo, com a deterioração
constante dos fundamentos, uma vez mais deixando uma ótima oportunidade passar.
Tudo isso é muito triste, e essa elite que defende tal projeto tem sua grande
parcela de culpa.