sábado, 17 de junho de 2017

‘Lula e PT institucionalizaram a corrupção’, diz Joesley, comparsa de... Lula, chefe da organização criminosa



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Arquivo


O Globo
Em entrevista à revista "Época", o empresário Joesley Batista, dono da JBS, relata como funcionaria o esquema de pagamento de propinas ao PT em troca que facilidades para os negócios da maior companhia de proteína animal do mundo. Ele afirma que a institucionalização da corrupção no governo federal começou na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entretanto, Joesley afirma que nunca tratou do assunto propina com o petista.
"Foi no governo do PT para frente. O Lula e o PT institucionalizaram a corrupção. Houve essa criação de núcleos, com divisão de tarefas entre os integrantes, em estados, ministérios, fundos de pensão, bancos, BNDES. O resultado é que hoje o Estado brasileiro está dominado por organizações criminosas. O modelo do PT foi reproduzido por outros partidos", disse o empresário à "Época".
Perguntado por que não gravou conversa com Lula, como fez com o presidente Michel Temer (PMDB) e o senador Aécio Neves (PSDB), Joesley disse que nunca tratou com o petista sobre propina e afirma que o contato dele para resolver esse tipo de questão era o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. 
"Nunca tive conversa não republicana com o Lula. Zero. Eu tinha com o Guido. Conheci o Lula no final de 2013", disse. O empresário conta à revista que esteve com Lula, antes disso, em 2006, quando assumiu a presidência da JBS. "Pedi audiência oficial. Deve estar nos registros. Fui com meu pai apresentar a empresa. Nunca mais vi o Lula até o fim de 2013. Não precisou ter conversa. Meu contato era o Guido".
Ele conta que o ex-ministro "resolvia" tudo que ele precisava especialmente no BNDES. "(Guido) Resolvia. Então pronto. Pra que ter outro (interlocutor)? Não estou protegendo ninguém, mas só posso falar do que fiz e do que posso provar. O que posso fazer se a interlocução era com o Guido?", disse. Segundo Joesley, Mantega tinha forte influência junto ao BNDES. Ele reafirmou que pagava a propina ao ex-ministro em uma conta na Suíça. "Estávamos nas mãos deles. Era só o Guido dizer no BNDES que não era mais do interesse do governo investir no agronegócio. Pronto. Bastava uma mudança de diretriz de governo para acabar com o nosso negócio".
Em dez páginas de entrevista, o empresário conta como, ao longo dos últimos 15 anos, abasteceu esquemas de corrupção, do PT, PMDB e PSDB. O foco, entretanto, são as relações da JBS com o PMDB e o presidente Temer. Ele chama o peemedebista de chefe da quadrilha do PMDB e dá detalhes de como tudo teria começado. “Essa é a maior e mais perigosa organização criminosa desse país. Liderada pelo presidente”, declarou Joesley. “O Temer é o chefe da Orcrim da Câmara. Temer, Eduardo, Geddel, Henrique, Padilha e Moreira. É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto”.
Joesley diz que conheceu Temer em 2010. "Nunca foi uma relação de amizade. Sempre foi uma relação institucional, de empresário que precisava resolver problemas. Acho que ele me via como um empresário que poderia financiar as campanhas dele e fazer esquemas que renderiam propina", afirmou. O primeiro pedido de dinheiro veio ainda naquele ano. "Esse negócio de dinheiro para campanha aconteceu logo no iniciozinho. O Temer não tem muita cerimônia para tratar desse assunto", emendou.
O empresário contou como teria sido o acerto de pagamento de propina ao ex-deputado Eduardo Cunha quando este já estava preso para impedi-lo de fazer uma delação premiada. Esse foi um dos episódios tratado por Joesley no encontro gravado que teve com Temer. "Eu tinha perguntado a ele (Cunha): 'Se você for preso, quem é a pessoa que posso considerar seu mensageiro?'. Ele disse: 'O Altair procura você. Qualquer outra pessoa não atenda'. Passou um mês, veio o Altair. Meu Deus, como vou dar esse dinheiro (R$ 5 milhões) a um cara que está preso? Aí o Altair disse que a família do Eduardo precisava de dinheiro e que ele estaria solto logo, logo. Fui pagando em dinheiro vivo, ao longo de 2016", disse Joesley.
Segundo a entrevista, a compra do silêncio do ex-deputado era monitorada por um "mensageiro do presidente", o ex-ministro Geddel Vieira Lima. "E toda hora o mensageiro do presidente me procurando para garantir que eu estava mantendo esse sistema. De 15 em 15 dias era uma agonia. Sempre querendo saber se estava tudo certo, se ia ter delação, se eu estava cuidando dos dois. O presidente estava preocupado. Quem estava incumbido de manter Eduardo e Lúcio calmos era eu".
O empresário diz que foi ao encontro de Temer para ter certeza se o esquema de pagar pelo silêncio de Cunha era para continuar. "Eu queria ter certeza de que essa agenda ainda era do Temer. De repente eu chegava lá e ela dizia: 'Não, Joesley, para, não precisa mais não'. Mas ele fala para mim que tem que continuar isso".
Joesley diz que gravou o presidente porque "sabia que estava aumentando a chance" de ele "trocar de lado" e fazer a colaboração com o Ministério Público.
Ele conta também os episódios em que Temer teria pedido dinheiro a ele: "Uma vez foi quando ele pediu R$ 300 mil para fazer campanha na internet antes do impeachment, preocupado com a imagem dele. Fazia pequenos pedidos. Quando o Wagner (Rossi) saiu (do ministério da Agricultura), Temer pediu um dinheiro para ele se manter. Também pediu para um tal de Milton Ortolan que está lá na nossa colaboração. Um sujeito que é ligado a ele. Pediu para nós fazermos um mensalinho. Fizemos. Ele volta e meia fazia pedidos assim".
INTERLOCUÇÃO COM FUNARO E CUNHA
As tratativas de dinheiro, segundo Joesley, obedeciam a uma hierarquia dentro do grupo — primeiro, o empresário tratava de pagamentos com o doleiro Lúcio Funaro; caso não tivesse seu pedido atendido, buscava Eduardo Cunha, que seria subordinado a Temer, a quem recorria por último. Segundo Joesley, Michel Temer “se envolvia somente nos pequenos favores pessoais ou em disputas internas, como a de 2014”.
“Virei refém de dois presidiários. Combinei quando já estava claro que eles seriam presos, no ano passado. O Eduardo me pediu R$ 5 milhões. Disse que eu devia a ele. Não devia, mas como ia brigar com ele? Dez dias depois ele foi preso”, afirmou, referindo-se a Cunha e Funaro.
O Palácio do Planalto não quis comentar as declarações de Joesley.
Joesley justificou por que tomou a decisão de gravar conversas também com o senador Aécio Neves. "Preciso fazer uma ação indiscutível para o entendimento da população e do MP. Vou registrar como se dão as conversas com o número 1 da República e o número 2, que seria a alternativa ao número 1. Se o Brasil não entendesse que o 2 era igual ao 1, o Brasil ia achar que a solução era substituir 1 por 2. Mas o 2 é do mesmo sistema", afirmou.
O herdeiro dos Batista reagiu às acusações de que o áudio entregue à Procuradoria foi editado. "Podem fazer todas as perícias do mundo. Tentam desqualificar o áudio por desespero". Ele diz que encaminhou à polícia indícios de ameaças que teria sofrido quando começou a fazer a delação. "Recebi mensagens anônimas enquanto estava fazendo a delação. No dia em que começamos a delação, o Ricardo (Saud) teve um assalto estranhíssimo na porta de casa, com revólver. Pode ser só coincidência. Mas ficamos olhando um para a cara do outro: será que tem a ver? Eu nunca andei com segurança e passei a andar com quatro. Eram ameaças veladas. Diziam 'Isso não vai dar certo. O fim não vai ser bom'. Passei para a polícia o que consegui registrar".
VENDA DE AÇÕES DA JBS
Joesley negou que tenha se aproveitado da delação para vender ações da empresa. "A CVM pode investigar e temos tranquilidade em responder. São operações feitas absolutamente dentro das regras. Não houve nada de atípico. É público. Eu preciso de dinheiro. Eu tenho ações e preciso vender. Não tem mistério.
Sobre o futuro do grupo empresarial, o empresário diz que venderá ativos o quanto for necessário para que "não paire dúvida sobre nossa solvência". "Vamos vender o que for preciso para recuperar as contas e a nossa credibilidade".