quinta-feira, 29 de junho de 2017

Fontes renováveis disputam espaço no mercado de energia

Maria Cristina Frias - Folha de São Paulo


A falta de leilões para contratar energia renovável tem gerado uma disputa por espaço entre as fontes limpas.

O setor de PCHs (pequenas centrais hidrelétricas), que pressiona o governo para participar do leilão previsto para o segundo semestre, aponta uma falta de isonomia entre as fontes, principalmente em relação à eólica.

"Se houver espaço para todos, ótimo. Se não, pediremos prioridade. Desde 2009, nossa contratação é muito menor que a do setor eólico, e nossa energia é mais barata", diz Paulo Arbex, presidente da Abrapch, entidade das PCHs.
O setor também se queixa de desigualdade tributária.



A expansão eólica ocorreu devido aos preços mais atrativos em um momento estratégico, avalia Elbia Gannoum, presidente da Abeeólica.

"Essa falta de isonomia não existe. O governo distribui bem —agora, tem que ver a competitividade da fonte. Mas não há disputa no setor."

O segmento de biomassa, que também pleiteia espaço no certame, se queixa que não participa dos leilões de reserva do governo desde 2011.

"Foi uma decisão política: houve para eólicas, solares, PCHs, mas biomassa, não", diz Zilmar de Souza, da Unica, que representa a indústria.

Para o setor solar, há espaço para todas as fontes no curto prazo, mesmo que a contratação não seja no nível ideal, avalia Rodrigo Sauaia, presidente da Absolar.
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Juro menor faz clientes saírem de fundos exclusivos, afirmam bancos

Alguns investidores com fundos exclusivos, sobretudo os de menor porte, têm optado por desmanchar a operação e migrar para opções com custos menos elevados.

Esse veículo, em geral disponível para clientes com no mínimo R$ 10 milhões a serem investidos, perde um pouco de atratividade com a queda da taxa de juros, afirma Mauro Rached, diretor de gestão de fortunas no BNP Paribas.

"Conforme os juros caem, o peso das taxas fixas sobre a rentabilidade cresce. Temos visto casos de quem migrou porque não valia a pena."

No Itaú, onde esse tipo de fundo representa 35% dos mais de R$ 250 bilhões sob gestão no private bank, uma das sugestões tem sido opções condominiais, em que as despesas são diluídas entre vários cotistas, diz Luiz Severiano, diretor da área.

"Os exclusivos tem mais valor quando se coloca uma parcela de risco maior e há mais recursos. Hoje, temos mais de R$ 8 bilhões em estruturas condominiais, com mais de 8 mil investidores."

"Ainda não temos visto uma migração, mas com a queda da taxa de juros, fundos muito concentrados em papéis atrelados à Selic perdem rentabilidade. É uma conversa que já tivemos com clientes", diz Alexandre Gartner, superintendente-executivo do Bradesco Private.

No CSHG e no BTG Pactual, o movimento não foi notado.


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MEIs devem R$ 1,7 bilhões, e poucos devem aderir a parcelamento

A Receita espera que 300 mil MEIs (microempreendedores individuais) venham a aderir ao parcelamento de dívidas que o órgão abriu, apesar de haver mais de 2 milhões de empresários com débitos de R$ 1,7 bilhão, na soma.

O governo vai começar a inscrever as empresas no Cadin (cadastro de inadimplentes com o fisco), diz Frederico Faber, coordenador de arrecadação da Receita. "Para que elas não percam o benefício de serem MEIs, há esse programa para se regularizarem."

No começo do ano, micro e pequenas empresas puderam parcelar dívidas, o que deve render R$ 12,8 bilhões à Receita, segundo Faber.

"Hoje, 72% das micro e pequenas indústrias têm dificuldade com impostos", diz Rogério Grof, diretor de relações institucionais do Simpi (sindicato do setor).


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Reunião cancelada

Com as idas e vindas da Câmara de Comércio Exterior, o conselho do órgão não se reúne desde outubro de 2016.
No ano passado, a secretaria, que era do Mdic (Indústria), passou à pasta de Relações Exteriores. Em abril de 2017, porém, voltou ao Mdic.
Desde então, a indústria de pneus aguarda uma decisão sobre a taxa de importação de borracha natural. O setor tenta reverter um aumento da alíquota, de 4% para 14%, feito em outubro de 2016.
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Pé na água
A Tuopu, empresa chinesa de autopeças, investiu R$ 30 milhões em uma fábrica em Guarulhos, onde produzirá peças que embalam motores e reduzem a vibração.
Já há um contrato de fornecimento a um automóvel da GM, diz Flávio Passos, diretor da Tuopu no Brasil. "Esse é um investimento inicial, a ideia é aumentar à medida que desenvolvermos negócios com outros clientes."
A instalação teve apoio da agência Investe São Paulo.
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Inteligência A Intel, que planeja ampliar os negócios ligados a inteligência artificial, vai criar dois centros de ensino, em parceria com Unesp e Mackenzie, para formar mão de obra qualificada no país, diz o presidente, Maurício Ruiz.
Mundo animal A rede de pet shops Petz investiu R$ 10 milhões em uma loja no Itaim Bibi, bairro nobre de São Paulo. O aporte na unidade de 3.200 m² é o dobro do que costuma ser gasto nas operações, segundo a companhia.
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Hora do Café
com FELIPE GUTIERREZTAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI