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Unidade brasileira da Daimler pode sofrer novo prejuízo anual
SÃO BERNARDO DO CAMPO - A Mercedes-Benz espera que as vendas de caminhões novos e ônibus no Brasil cresçam de 6% a 10% este ano, mas a operação da unidade brasileira da Daimler pode sofrer novo prejuízo anual.
— Ano passado não deu e provavelmente não vai dar neste ano — disse o vice-presidente de vendas de veículos comerciais da maior fabricante de caminhões e ônibus do país, Roberto Leoncini. — Quando você tem custos de 2016, preços de 2009 e volumes de 20 anos atrás a conta não fecha — disse o executivo.
— Se a economia recuperasse mais rapidamente, eu seria mais otimista para 2017, já que esses 10% (de crescimento) era algo que tem que acontecer de qualquer jeito — acrescentou.
Em 2016, o mercado brasileiro de caminhões registrou vendas de 47 mil unidades novas, ante 67,9 mil em 2015 e 133 mil em 2014, segundo dados da montadora alemã. A Mercedes-Benz vendeu 13,9 mil caminhões novos no Brasil no ano passado, ou 29,6% do mercado, ante 26,7 por cento em 2015.
A filial brasileira da Daimler tem ampliado esforços em novas frentes geradoras de receita para contornar a crise do mercado interno, que fez o setor encerrar 2016 com ociosidade acima de 70%, segundo dados da associação de montadoras, Anfavea.
Apenas a Mercedes-Benz tem capacidade de produção de 80 mil caminhões e ônibus em sua fábrica em São Bernardo do Campo, que fechou 2016 com 50% de ocupação, disse o executivo.
Segundo Leoncini, a empresa tem apostado no crescimento de exportações e também na comercialização de veículos usados, que facilita a venda de caminhões novos pelo grupo.
Em 2016, a Mercedes-Benz exportou 6.382 caminhões, dos quais 4.800 para a Argentina, maior mercado de veículos do Brasil. O volume representa crescimento de cerca de 39% por cento ante 2015, disse o executivo.
Ele, porém, evitou comentar expectativas específicas para exportações da caminhões em 2017, citando incertezas como preços do petróleo e posicionamento comercial dos Estados Unidos, cujo presidente eleito, Donald Trump, assume o cargo em 20 de janeiro.
— Vai crescer o volume exportado, mas são muitos fatores que podem influenciar o número — disse Leoncini, acrescentando que a empresa deve ter uma previsão em fevereiro.
No segmento de caminhões usados, a Mercedes-Benz deve abrir em 2017 sua terceira loja no país, no Paraná, em um modelo de negócios que começou na América Latina pelo Brasil em 2013 com caminhões da marca e de rivais. Além disso, um novo ponto deve ser inaugurado na região Nordeste entre este ano e 2018 e a companhia vai estudar abertura no Centro-Oeste. A Mercedes-Benz vendeu no ano passado 850 caminhões usados.
— Este ano creio que vai ter muita troca (de caminhão usado por novo) — disse Leoncini.
— O Brasil hoje é um jogo de palitinho. Se puxar um errado ... não dá tempo de reconstruir de volta — afirmou o executivo.
Ele citou que sinalizações do governo para reformas como a da Previdência e trabalhista, além de definição da política de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para os próximos anos, devem ajudar a dar confiança para decisão de compra de caminhões novos por parte de transportadores.
Porém, "não vão ser movimentos que ocorreram em 2013 e 2014. A tomada de decisão está demorando mais", disse Leoncini, que está na Mercedes-Benz desde julho de 2014.
Ele citou que a expectativa de safra recorde de grãos neste ano deve incentivar alguns grandes transportadores a renovar parte de suas frotas. Segundo o executivo, em 2016, por causa de problemas na safra do país, cerca de metade da frota de caminhões que lida com esse tipo de transporte parou nos últimos meses do segundo semestre.