sexta-feira, 29 de maio de 2015

Na IstoE: Cartolagem bandida

Amauri Segalla e Eliane Lobato - IstoE



Investigação do FBI escancara os esquemas de corrupção da Fifa e mostra como executivos da entidade e seus parceiros comerciais embolsaram milhões de dólares ilícitos. Agora, o futebol tem uma oportunidade única para virar esse jogo


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O empresário J. Hawilla, dono da Traffic Group, é um dos réus que se declarou culpado nos escândalos da Fifa. A colunista Gisele Vitória conseguiu, por telefone, uma entrevista exclusiva. Entenda o caso

José Maria Marin, um senhor de 83 anos fanático por tintura de cabelo, colaborou com a ditadura brasileira, surrupiou uma medalha de um garoto, foi acusado de roubar energia elétrica do vizinho e mandou pendurar na fachada do prédio da CBF no Rio uma placa com o seu nome. Chuck Blazer é um nova-iorquino fanfarrão de 70 anos que conseguiu a façanha de gastar US$ 26 milhões do cartão de crédito corporativo, investindo em festas, prostitutas e artefatos decorativos africanos. José Hawilla, 71 anos, misterioso, recluso e sorumbático empresário do meio esportivo, tem medo da cor preta e não faz negócios em meses múltiplos de quatro (abril, agosto e dezembro), porque acha que eles dão azar. Joseph Blatter, um francês baixinho e gorducho de 79 anos, foi presidente de uma certa Sociedade Mundial de Amigos da Cinta-Liga e tem o hábito de conversar com a finada mãe, que mais de uma vez lhe pediu para fazer companhia no além. Os cavalheiros citados acima parecem ter em comum, além das estranhas manias, a mesma obsessão: amealhar a maior quantidade possível de dinheiro, mesmo que, para isso, tenham que cometer uma série de crimes. Todos estão intimamente ligados à Fifa, a entidade que rege o futebol mundial.Segundo investigação do FBI, a polícia federal americana, a Fifa não só serviu de escada profissional como forneceu os elementos para que alguns deles pudessem subornar, corromper, extorquir e lavar dinheiro. Marin foi preso. Chuck e Hawilla estão livres apenas porque, na condição de informantes, revelaram como se deu a rapinagem. Blatter não foi pego – ainda.

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Na quarta-feira da semana passada, o hotel Baur au Lac, em Zurique, na Suíça, onde já se hospedaram Nelson Mandela e “pelo menos uma dezena de prêmios Nobel”, segundo o texto da propaganda, foi palco de uma ação policial extraordinária. Doze agentes do FBI chegaram à recepção às 6h, mostraram suas credenciais para o concierge e exigiram as chaves, parecidas com cartões eletrônicos, dos quartos de sete executivos que participavam do Congresso anual da Fifa. O elegante funcionário telefonou para cada um dos aposentos e deu rápidas instruções aos hóspedes. Eles deveriam abrir a porta ao toque da campainha ou a entrada seria arrombada. Tiveram apenas o tempo de se aprontar e separar documentos. Um a um os profissionais do futebol foram escoltados até uma saída lateral, sem algemas e com uma bagagem de mão. A notícia das prisões se espalhou pelos corredores, ultrapassou paredes e chegou aos 120 quartos lotados pela tropa da Fifa. Um sujeito desceu as escadas até a recepção, ainda de chinelos. Queria saber se estava na lista. As mulheres dos presos exigiam informações. Um assessor sentiu-se na obrigação de reunir o grupo, mas não havia muito o que dizer. Sabia apenas que as prisões haviam sido feitas pelo FBI, e que elas se deviam a denúncias de corrupção. Uma senhora caiu no choro. Outra tentava, desesperada, fazer contato por celular.
Iniciadas há 4 anos, as investigações do FBI concluíram que os presos receberam fortunas em propinas na venda de direitos de transmissão de jogos pela tevê, nos contratos de marketing para as Copas do Mundo de 2010 e 2014 e nos acordos de patrocínio para a seleção brasileira. No mesmo dia em que as prisões foram realizadas, Loretta Lynch, secretária de Justiça dos Estados Unidos, deu uma entrevista em Nova York ao lado de diretores do FBI e da Receita Federal americana. Segundo Loretta, as autoridades da Fifa embolsaram cerca de US$ 150 milhões ilegais como parte de uma complexa rede de subornos. “O esquema é generalizado e está profundamente enraizado numa organização que gera receitas bilionárias”, disse Loretta. De acordo com o FBI, a corrupção se prolongou por mais de 20 anos e envolve diretores da Fifa, empresários de marketing e intermediários que se aproveitam da popularidade do futebol para enriquecer de maneira ilícita. Os agentes afirmaram que as investigações partiram de seu país porque os conspiradores recorreram “pesadamente” ao sistema financeiro dos Estados Unidos para movimentar cifras astronômicas. O dinheiro do suborno teria sido depositado em contas dos bancos J.P. Morgan, Chase & Co. e Citibank, em Nova York. A incomum entrevista dos agentes americanos foi concluída com uma ameaça aos conspiradores. “Estamos só no começo”, afirmou Loretta.

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O Brasil é o coração, o cérebro e a espinha dorsal do sistema de corrupção da entidade máxima do futebol. Se fosse preciso reconstituir a árvore genealógica das atividades ilegais, o carioca João Havelange, presidente da Fifa entre 1974 e 1998, seria o ancestral comum de todos. Ele se perenizou no poder oferecendo cargos e mimos a dirigentes  de confederações. Segundo o jornalista escocês Andrew Jennings, autor de vários livros sobre os bastidores da Fifa, entre eles o best seller “Jogo Sujo”, Havelange articulou uma rede de corruptores que, de forma conjunta, embolsou centenas de milhões de dólares em subornos. Antes dele, a Fifa era uma entidade que apenas e tão somente organizava campeonatos de futebol. Depois de Havelange, se tornou uma corporação multinacional que busca o lucro a qualquer preço, mesmo que sustentado por operações sorrateiras. Um caso específico foi comprovado por investigação interna feita pelo Comitê de Ética da Fifa. Havelange e seu parceiro de negócios, Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e genro do então presidente da Fifa, afanaram US$ 100 milhões em propinas. Segundo a investigação, o suborno foi pago pela empresa de marketing esportivo ISL, que promovia campeonatos de futebol na América do Sul. Quando o episódio se tornou público, Havelange afastou-se do conselho da Fifa e Teixeira abriu mão da CBF, para se exilar em Miami, nos Estados Unidos.
Ricardo Teixeira, um sujeito que chegou a declarar que não gostava de futebol, embora fosse presidente da Confederação que comanda esse esporte no Brasil, encontrou uma alma gêmea nos negócios. Trata-se de José Hawilla, que abandonou o pré-nome assim que ficou famoso (hoje em dia ele assina J. Hawilla) e dono da trajetória mais fulminante da história esportiva empresarial brasileira. Em apenas uma década, ele deixou de ser um jornalista remunerado da TV Globo, onde dirigia a área de esportes em São Paulo, para se tornar um homem rico. Hawilla agora é o principal informante do FBI para negócios relativos à roubalheira no futebol. Na semana passada, a imprensa internacional revelou que boa parte das denúncias contra a Fifa está ancorada em declarações, documentos e dados fornecidos por este paulista de 71 anos.

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Hawilla, dono do Traffic Group, maior agência de marketing esportivo da América Latina, teria confessado, de acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que é culpado de extorsão e lavagem de dinheiro. Foi ele quem forneceu o fio da meada para que as investigações seguissem adiante. Segundo o FBI, o empresário relatou um primeiro episódio de corrupção no início da década de 1990. Ele queria comprar os direitos da Copa América de seleções, mas ouviu de Nicolás Leoz, presidente da Conmebol, entidade que regula o futebol no continente sul-americano, que o negócio só seria fechado mediante o pagamento de propina. Hawilla topou e abriu as portas para os subterrâneos do futebol. A partir daí, habituou-se a pagar suborno para comprar direitos comerciais de torneios e viu suas atividades prosperarem na mesma proporção em que pagava propinas cada vez mais volumosas. Entre outros negócios, a empresa de Hawilla intermediou o contrato de US$ 160 milhões celebrado em 1996 entre a Nike a CBF para o patrocínio da seleção brasileira. Segundo a investigação conduzida pela polícia americana, a parceria rendeu, pelo menos, US$ 15 milhões em propina ao ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. O empresário paulista, enfim, enriqueceu e ajudou outros a prosperarem nas franjas da Justiça.  
Com o cerco do FBI, Hawilla resolveu falar o que sabe. Detalhou os mecanismos da corrupção, revelou os nomes dos envolvidos e expôs detalhes dos negócios assinados com a Fifa. Réu confesso, comprometeu-se a devolver US$ 151 milhões ao governo americano, dos quais US$ 25 milhões já foram ressarcidos. Na manhã da quinta-feira da semana passada, a jornalista da ISTOÉ Gisele Vitória rompeu o muro de proteção construído em torno do empresário. Numa conversa por telefone, Hawilla, direto de Miami, disse que o dinheiro entregue por ele à Justiça americana não tem a ver com seus negócios no Brasil e recusou-se a comentar a prisão de alguns de seus parceiros comerciais, como o ex-presidente da CBF José Maria Marin. “Não existe delação”, disse Hawilla. “Isso é lenda da imprensa. O que houve foi uma investigação.”

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Ao ser abordado por um agente do FBI no hotel de Zurique, José Maria Marin teve uma reação covarde. “Mas sou apenas eu?”, perguntou ao seu algoz. “Cadê os outros?” Marin está apavorado com a possibilidade de ser extraditado da Suíça para os Estados Unidos. Se isso acontecer, corre o risco, diante do rigor da Justiça americana, de passar o resto de seus dias em uma cela. Marin, afinal, é um idoso de 83 anos. Pela legislação americana, seus crimes estão sujeitos a pena de 20 anos de reclusão. Os indícios não são nada favoráveis a ele. Segundo o FBI, o ex-presidente da CBF, que deixou o cargo em 2014, dividiu propinas recebidas pela exploração comercial da Copa do Brasil, um torneio de clubes do futebol brasileiro, com Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, atual presidente da CBF.
As investigações da agência americana descobriram que, em uma reunião em abril, em Miami, Marin pediu à Traffic que a propina que vinha sendo compartilha com seu antecessor, Ricardo Teixeira, deveria agora ser paga a ele e a Del Nero. “Em determinado momento, quando o coconspirador 2 perguntou se era realmente necessário continuar pagando propinas para seu antecessor na presidência da CBF, Marin afirmou: ‘Está na hora de vir na nossa direção. Verdade ou não?’” diz o trecho do inquérito. O documento prossegue. “O coconspirador 2 concordou dizendo: ‘Claro, claro, claro. Esse dinheiro tinha que ser dado a você.’” Segundo os documentos do governo americano, o coconspirador 2 é J. Hawilla. Del Nero, que estava no hotel de Zurique para participar do Congresso da Fifa, desistiu do encontro e voltou às pressas para o Brasil. Na sexta-feira 29, em entrevista no Rio, disse que não tinha conhecimento sobre a corrupção e que não irá renunciar à presidência da CBF. “Não sou conspirador”, afirmou.

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O futebol mundial é comandado por gente extravagante. O Brasil é exemplo disso. Em 2012, Marin, achando que as tevês não iriam flagrá-lo, enfiou no bolso uma medalha que deveria ser dada, durante a cerimônia de premiação, a um jogador do Corinthians campeão da Copa São Paulo de futebol júnior. Um ano depois, um vizinho do apartamento onde morava, na capital paulista, contou que Marin fez uma ligação irregular na rede elétrica, de modo que o seu consumo de energia fosse atribuído para o sujeito do apartamento ao lado. Detalhe: Marin já era rico, não precisava de pequenos golpes na conta de luz para economizar uns trocados.
Outro personagem fundamental do escândalo da Fifa é Chuck Blazer, ex-diretor da Concacaf, a Confederação que reúne países da América Central e do Norte. Chuck foi flagrado sonegando impostos e embolsando propinas em contratos da Fifa com sua Confederação. Para não ser preso, concordou em levar um gravador para várias reuniões do comitê da entidade. Essas gravações ajudaram a revelar as fraudes cometidas pelos dirigentes da Fifa. Antes disso, era conhecido como um maluco que gastava US$ 1 milhão para levar prostitutas para passeios de barco no Caribe.

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As denúncias investigadas pelo FBI devem desencadear mudanças na forma de gerir o futebol. Não faz sentido o esporte mais popular do planeta ser administrado por uma entidade que não se submete a regulações internacionais, avessa a balanços financeiros e que é comandada por executivos, pelo menos alguns deles, simpáticos à corrupção. Na semana passada, a eleição para a presidência da Fifa foi o retrato acabado de uma organização que precisa se reconstruir. A vitória do atual chefe da entidade, Joseph Blatter, era dada como certa até poucos dias antes, mas o cenário virou do avesso após as prisões feitas pelo FBI.
Na tarde da sexta-feira 29, Blatter foi reeleito, mas, diante da avalanche de denúncias, é impossível cravar se o resultado terá validade. Seja qual for o desfecho, não há mais clima para que os corruptos continuem agindo à sombra da lei. “Estou com nojo de tudo isso”, disse o ex-jogador Michel Platini, atual presidente da Uefa, que reúne as confederações dos países europeus. Platini está em campanha para levar adiante as acusações contra Blatter. “Agora o Blatter é o principal alvo das investigações do FBI”, diz o jornalista Andrew Jennings, o primeiro a fazer denúncias consistentes contra a Fifa. “Há muito por vir.”
Não é apenas a reputação da Fifa que está em jogo. Tudo indica que ela sofrerá perdas financeiras. Desde a final da Copa do Mundo do Brasil, cinco de seus principais patrocinadores (Sony, Emirates, Castrol, Continental e Johnson & Johnson) romperam seus contratos. Os que ficaram estão receosos. “Nosso desapontamento e nossa preocupação são profundos”, disse a Visa em comunicado. “Esperamos que a Fifa tome decisões imediatas. Caso isso não aconteça, nós informamos a entidade que vamos reavaliar o patrocínio.”

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No Brasil, o episódio também deve provocar desdobramentos. Na quinta-feira da semana passada, o senador Romário (PSB-RJ), um crítico contumaz da CBF, protocolou um requerimento para a abertura da CPI do futebol. “Vamos repaginar tudo, prender os ladrões, acabar com a corrupção e fazer um esporte limpo e honesto.” Em entrevista à ISTOÉ, Romário disse que está “aliviado por ver essa gente do mal sendo presa.” Sua batalha, agora, é para ser escolhido relator da CPI. O craque da Copa de 1994 garante que uma varredura será feita. “Serão investigados os contratos de patrocínio da CBF, os jogos organizados para a Seleção Brasileira, os contratos da Copa das Confederações, da Copa do Mundo e  dos torneios nacionais.” E explicou a pressa. “O Marin está preso e este é o momento oportuno para fazermos uma verdadeira devassa na CBF.”
O FBI promete não dar folga. Para os corruptores, a má notícia é que a agência costuma ser implacável. Os americanos estão verdadeiramente interessados nas coisas do futebol. O campeonato nacional tem médias de público muito superiores à brasileira e compatíveis com a de algumas ligas europeias. Parece que, agora, eles querem mesmo entrar no jogo. Um episódio demonstra como o assunto se tornou importante. Em dezembro de 2010, os Estados Unidos perderam para o Catar o direito de organizar a Copa do Mundo de 2022. Bill Clinton, então presidente de honra da candidatura dos Estados Unidos, chegou ao hotel pouco depois da votação. Estava vermelho e furioso. No quarto, pegou um vaso e o arremessou contra um espelho. Cacos de vidro se espalharam pelo aposento. Agora, mais de 4 anos depois, aqueles estilhaços atingem em cheio a Fifa.

“Houve uma investigação. Mas não houve delação”
J. Hawilla diz à ISTOÉ que o dinheiro devolvido por ele à Justiça americana nada tem a ver com seus negócios no Brasil, não quis comentar a prisão de Marin e afirma que está recuperado de um câncer na garganta
Gisele Vitória
Na manhã de quinta-feira 28, um dia após vir à público o escândalo da Fifa e a prisão de seus dirigentes, o empresário J.Hawilla, dono da Traffic, atendeu no celular uma ligação de IstoÉ. O empresário justificou que não poderia dar declarações, mas acabou respondendo a algumas perguntas antes de desligar o telefone. Hawilla vive hoje em Miami. Ele confirmou que teve câncer na garganta, e está se recuperando. Este seria o motivo que o levou a mudar para os Estados Unidos, deixando as operações no Brasil a cargo dos filhos. No mercado do marketing esportivo, o que se diz é que as operações da Traffic no Brasil na área de eventos foram reduzidas nos últimos anos, e que a empresa se dedicava às transações para transmissão de jogos e campeonatos de futebol.

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IstoÉ – Me responda apenas uma pergunta. Por que você resolveu fazer a delação premiada e se declarar culpado na investigação que culminou com a prisão de dirigentes da Fifa, entre eles o ex-presidente da CBF, José Maria Marin?
J. Hawilla –
 Não existe delação. Isso é lenda da imprensa, porque simplesmente não houve isso. Desculpe, eu não posso falar.
IstoÉ – O que então aconteceu?
Hawilla – 
Aí você já está entrando numa outra pergunta. Falou que ia fazer uma só. Só posso te garantir que não houve delação nenhuma.
IstoÉ – O que houve então?
Hawilla –
 Eu não posso dizer... não posso dizer. Houve uma investigação. Mas delação não houve.
IstoÉ – Mas você já devolveu quanto de dinheiro?
Hawilla –
 Mas isso é relacionado com os Estados Unidos. É uma empresa nossa nos Estados Unidos. Não tem nada a ver com o Brasil.
IstoÉ – Por que não tem nada a ver com o Brasil? As investigações não ligam o esquema ao Brasil, à Copa do Mundo?
Hawilla – 
Não. Imagina...
IstoÉ – Como viu a prisão de José Maria Marin?
Hawilla –
 Desculpa querida, não posso falar mais nada. Vou cortar a ligação.
IstoÉ – Há uma informação de que você está doente. É verdade?
Hawilla – 
Já estou me recuperando.
IstoÉ – O que você tem?
Hawilla – 
Não tenho mais. Eu tinha.
IstoÉ – Você teve câncer?
Hawilla –
 Tive. Agora não tenho mais.
IstoÉ – Onde?
Hawilla – 
Na garganta.
IstoÉ – Continua o tratamento?
Hawilla – 
Já estou recuperado. Desculpe, querida, eu vou cortar a ligação.
Com reportagem de Alan Rodrigues, Helena Borges e Mariana Barboza
Fotos: Tasso Marcelo/Estadão Conteúdo; Rob Harris/AP Photo; Wilfredo Lee/AP Photo, Michel Filho/Agência o Globo; Alex Carvalho/AGIF/Estadão Conteúdo, Don Emmert/AFP; Photoshot/Nurphoto,Fabrice Coffrini/AFP; FIFA/Getty Images; 
Danilo Verpa/Folhapress; Khalil Mazraavi/AFP