Quase 100 mil pessoas vaiando o hino da Espanha. Isso é o que vai se passar no Camp Nou na final da Copa do Rei entre Barcelona e Athletic de Bilbao, neste sábado, às 16h de Brasília. A torcida pelos times estará dividida ao meio, mas o ódio nutrido pelo governo espanhol é o mesmo. Ele é capaz de deixar a realeza constrangida.
A competição homenageia a realeza, e por isso o rei Juan Carlos (pai de Filipe 4º) e a rainha Sofia estarão presentes. O nome dos dois, no entanto, não deve ser anunciado como de costume.
A rainha da Espanha, Sofía, já opinou sobre o previsto dizendo que era contrária a realização do jogo. O discurso foi defendido pelo presidente da Federação Espanhola, Javier Tebas, que chegou a ameaçar o cancelamento da partida em caso de vaias. Nada que fosse capaz de mudar o quadro. Elas vão acontecer.
Os dois times representam a Catalunha (Barcelona) e o País Basco (Athletic de Bilbao), comunidades autônomas da Espanha, e de população quase que majoritária separatista. As regiões são as mais ricas do país e lutam contra o poder central, exercido pelo rei.
A honra das comunidades é gigante, tendo até idioma próprios - catalão da Catalunha e o euskera do País Basco -. As regiões são unidas por esse ódio a Madri.
Na última vez que final da Copa do Rei foi disputada entre os times, em 2012, o jogo não ficou marcado só pela vitória por 3 a 0 do Barça na despedida de Guardiola, mas também pela sonora vaia ao hino Espanhol.
"Realmente são povos irmãos. Há cumplicidade, pois compartem uma identidade que os separa do nacionalismo espanhol", disse o jornalista Bruno Alemany, da rádio Cadena Ser.
"Agora no futebol sim que encontramos rivalidade. Isso começou nos anos 80 por uma batalha campal que provocaram Maradona (pelo Barcelona) e Goikoetxea (pelo Athletic de Bilbao)", complementou deixando claro que no futebol a união das equipes não existe.
O jogador basco citado foi o responsável por uma jogada desleal com um carrinho no argentino. No lance, Maradona teve fratura no tornozelo esquerdo, a maior lesão da carreira.
É com esse cenário que Barcelona tenta se aproximar da Tríplice Coroa com a conquista do segundo título da temporada – é campeão espanhol. A final da Liga dos Campeões será no dia 6 de junho diante da Juventus, em Berlim, na Alemanha.
O time comandado por Luis Enrique teve ótima notícia antes do jogo com a confirmação de que o uruguaio Luis Suárez, desfalque nas duas últimas rodadas do Espanhol por conta de uma lesão muscular na perna esquerda, está confirmado no time titular. Assim, o poderoso tridente Neymar, Messi e Suárez estará em ação na final.
"O Suárez é um jogador de um nível espetacular. Este ano teria tudo para ser mais difícil, pela adaptação, e ele se adaptou bem. Nesta final nos enche de esperança sabermos que vamos contar com ele", disse o meia do Barcelona, Iniesta.