sábado, 30 de maio de 2015

Medo toma conta de dirigentes na Fifa após operações do FBI

Jamil Chade - O Estado de São Paulo


Cartolas se apressam a deixar Zurique e voltar para casa mais cedo

Assim que e eleição de Joseph Blatter foi concluída na sexta-feira, no centro de convenções que recebia centenas de cartolas, cartazes foram colocados nos portões da Fifa informando aos participantes sobre os destinos dos carros oficiais: "aeroporto".

Desde que as operações do FBI foram realizadas no hotel de luxo que serve de base para a Fifa em Zurique e que terminou com a prisão de sete pessoas, dirigentes de todo o mundo não dormem bem e se apressaram para deixar a Suíça. "Eu não tenho nada a ver com isso. Mas sei de muita gente que se queixa de não estar conseguindo dormir", declarou ao Estado um membro da Conmebol, na condição de anonimato.
Nenhum deles quer viver a mesma situação que José Maria Marin, Eugenio Figueredo e outros, acostumados a uma vida de luxo, suítes presidenciais, tratamento de chefe de estado e privilégios. Agora, estão em uma prisão sem celular, com uma hora apenas de banho de sol por dia e uma comida correta, mas sem excessos.
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Arnd Wiegmann/Reuters
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Apesar de a prisão usada ser uma detenção modelo, com banheiro privativo, a situação de Marin se contrasta com o hotel Baur au Lac onde se hospedava em quartos de mais de R$ 3 mil, salas no prédio de mármore e vidro de US$ 230 milhões da Fifa, das Mercedes negras com motoristas com luvas e um exército de meninas impecáveis que se ocupam de sorrir, carregar pastas e conduzir os dirigentes a suas reuniões.
O Estado antecipou que a Justiça suíça dificilmente dará a Marin o direito de esperar pela extradição em liberdade condicional. Mas ele poderá até mesmo receber a opção de trabalhar na prisão, se desejar.
Nos últimos dias, o medo tomou conta dos dirigentes e a Fifa, mesmo com o cartola suíço em seu comando, entrou numa nova era. Blatter admitiu que "mais notícias ruins virão", enquanto autoridades americanas confirmaram na sexta-feira que uma nova rodada de indiciamento vai ocorrer.
Conselheiros jurídicos contratados por diferentes federações chegaram a fazer recomendações para que aqueles que estivessem mais preocupados que não hesitassem em deixar a Suíça. Muitos ainda anteciparam suas viagens e, ainda na sexta-feira, sairiam diretamente da Fifa para o aeroporto. Outros já se questionavam se deveriam voltar para a Fifa em setembro, quando ocorre a nova reunião dos cartolas.
Nesta semana, muitos desses cartolas ainda fugiam da imprensa, por entradas nos fundos de hotéis, garagens e pedindo proteção extra de seguranças. Um dos guardas contou ao Estado que recebeu a ordem de evitar qualquer contato dos jornalistas com os dirigentes.
Em encontros a portas fechadas, os cartolas exigiam saber o que estava ocorrendo e se suas confederações teriam assistência legal.