Em entrevista ao “Bom Dia Brasil”, da TV Globo, a presidente e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff, assumiu ter responsabilidade pela escolha de toda a diretoria da Petrobras na época em que era ministra de Minas e Energia e presidente do Conselho de Administração da Petrobras (”o que eu escolhi é responsabilidade minha”, disse). Ela alegou que o ex-diretor Paulo Roberto Costa, envolvido com um esquema de desvio de recursos da estatal, era um “funcionário de carreira” da empresa e foi conduzido à diretoria “por suas credenciais”. Dilma disse que foi “surpreendida” pelo envolvimento de Costa no esquema e disse que teria demitido o executivo se soubesse dos atos ilícitos.
— Ele não foi escolhido fora dos quadros da Petrobras. Ele tem 30 anos da Petrobras. Antes de ir pela diretoria ele fez uma carreira dentro da Petrobras — justificou Dilma — A Petrobras não foi uma indicação política no meu caso nem no caso do Lula. Paulo Roberto tinha credenciais.
Dilma Rousseff negou ainda que esteja fazendo uma campanha do medo contra sua principal opositora na corrida eleitoral, a candidata do PSB, Marina Silva. Ela disse que está apenas "alertando" a população sobre as repercussões que as propostas de sua opositora podem ter. Dilma questiona, por exemplo, como Marina manterá os investimentos sem a ajuda dos bancos públicos. Outro ponto contestado por Dilma é a independência do Banco Central.
— Tudo o que eu falo está no programa da candidata. Ela diz que vai tornar o Banco Central independente. É simplesmente colocar um quarto poder na Praça dos Três Poderes. Aí vai chamar Praça dos quatro poderes. Ela diz que vai reduzir o papel dos bancos públicos. Eu acho que estou alertando. Reduzir o papel dos bancos públicos que que significa? Quero saber como é que vão financiar a infraestrutura no Brasil — questionou Dilma, citando que atualmente o governo dá, via bancos públicos, financiamentos com 30 anos para pagar e 5% de juros.
A presidente também citou o programa de habitações populares Minha Casa Minha Vida e o Plano Safra como beneficiários de subsídios dados pelos bancos públicos, como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.
— Quero saber como vai sair o Plano Safra — provocou.
Confrontada sobre o fato do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, ter suspendido propaganda do PT por ser tendenciosa e poder gerar "estados emocionais desapegados da experiência real", Dilma disse que esta é a opinião do procurador e que aguardará parecer final do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
— Ele pode ter a opinião dele, é um direito — afirmou.
Dilma disse ainda que, diferentemente dela, Marina tem alinhamento com os bancos:
— Ela tem uma posição favorável aos bancos. Eu não tenho. Acho os bancos importantíssimos, mas a acho que as pessoas têm que ter casa própria. Sou contra o desmame da indústria. Ela é contra o conteúdo nacional. Eu não sou.
Nesta noite, às 22h, a presidente embarca para Nova York, onde vai discursar na Cúpula Sobre o Clima das Nações Unidas.