O Estado de São Paulo
E a nota redigida pela presidente da Petrobrás, Graça Foster, rasgada pela
presidente Dilma Rousseff e substituída por uma resposta escrita de próprio
punho ao Estado sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas? Nunca mais se
falou nela. Ficou esquecida na lata de lixo em que foi jogada num rompante, cujo
custo revelou-se altíssimo.
Na perspectiva das consequências geradas pelo gesto nesses últimos mais de
dois meses, seria interessante revisitar o texto original. Segundo consta, dizia
que o assunto estava sendo examinado pelas instâncias competentes (Tribunal de
Contas da União, Polícia Federal e Ministério Público, além da própria
Petrobrás) e que a posição do governo já havia sido explicitada por ela e pelo
antecessor, Sergio Gabrielli, em audiências no Congresso.
De fato, ambos haviam ido ao Parlamento para tratar do tema e dito, em suma,
que à época a compra tinha sido considerada um bom negócio. Nenhum dos dois fez
qualquer referência a decisões tomadas com base de informações incompletas e era
nessa moldura que se enquadrava o texto sugerido por Graça Foster e rejeitado
por Dilma. Se aceito, a coisa provavelmente teria ficado por aí.
Agora, todo o esforço do governo na CPI de faz de conta montada no Senado tem
sido para reparar o dano político causado pela equivocada avaliação da
presidente de que, transferindo a responsabilidade para um "parecer técnica e
juridicamente falho", estaria matando o mal pela raiz e se precavendo de
prejuízo maior durante a campanha eleitoral.
Com aquela atitude a presidente não pretendia - como sugeriram alguns aliados
para tentar salvar a situação - enfrentar a questão na base da firmeza e da
transparência. Essa foi a versão escolhida para tentar reduzir o tamanho da
ferida produzida pelo tiro no pé.
E como é possível afirmar que a intenção da presidente não era a melhor? Pela
reação da própria presidente. Se o motor do impulso fosse o desvendar da
verdade, Dilma não estaria hoje dedicando-se à tarefa de fazer o diabo para
impedir o Congresso de mostrar à nação o que vai pela Petrobrás.
De maduro. Não procedem as recentes especulações sobre a
possibilidade de a escolha do vice na chapa de Aécio Neves ficar para depois da
convenção do PSDB marcada para o próximo dia 14. O senador por enquanto ainda
faz mistério, mas pretende antes disso anunciar a decisão.
Inclusive porque, se não o fizer, entrará no chamado processo "indecisório",
cuja marca reforça a imagem do tucano eternamente refugiado no muro.
Agora foi. Há no PMDB o sentimento de que foi um equívoco
marcar a convenção para o dia 10 de junho. Será a primeira e, no entanto, a mais
polêmica. Entre os convencionais contrários à renovação da aliança com o PT
viceja o arrependimento.
A avaliação é a de que houve precipitação, pois até o fim do mês, quando
termina o prazo para as definições partidárias, muita coisa poderia acontecer.
E, no momento, o clima que já esteve pior para o lado do governo melhorou depois
que Lula entrou nas negociações de bastidor para conter insatisfações ao custo
até de alguns interesses do PT.
Filhotes. Protocolar no jantar oferecido a ela pelo PMDB, a
presidente Dilma Rousseff não teria como fugir de desejar "boa sorte" aos filhos
de Jader Barbalho, Romero Jucá, Renan Calheiros e Edison Lobão, candidatos aos
governos dos Estados onde os pais têm seus feudos.
Já os respectivos eleitorados não estão obrigados a seguir liturgias. Livres
para se guiar pela sabedoria popular: quem sai aos seus não degenera. Para o bem
e para o mal.