terça-feira, 13 de junho de 2017

PSDB decide manter apoio ao governo em nome da aprovação das reformas


O Senador Tasso Jereissati e o governador Geraldo Alckmin (SP) durante reunião da diração do PSDB - ANDRE COELHO / Agência O Globo


Maria Lima - O Globo



Ainda não houve o anúncio oficial, mas a decisão da Executiva nacional do PSDB é permanecer no governo Michel Temer em nome da aprovação das reformas. Na reunião que começou pouco antes da 18 horas desta segunda-feira, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi o porta-voz da ala que quer o afastamento definitivo do senador afastado, Aécio Neves, da direção do PSDB. Em seu discurso, Alckmin disse que é hora de renovar o partido, começando pela antecipação das eleições internas para troca dos dirigentes em todos os níveis.

— A pior coisa para o Brasil e o partido é o PSDB se dividir. O PSDB não fará nenhum movimento agora no sentido de sair do governo. Toda decisão deve olhar para a frente, para o que vem depois — disse o senador José Serra (SP), ponderando que diante de fatos novos, pode-se mudar de ideia.

Virtuais candidatos a presidente da República, em 2018, o prefeito de São Paulo, João Doria, e Alckmin foram as defesas mais veementes pela manutenção do apoio do PSDB ao governo Michel Temer. Mas negaram que a decisão tenha acontecido em função da pressão do PMDB, que ameaçou retirar seu apoio ao partido em 2108.

Doria disse que há consciência do PSDB de que é preciso agir positivamente e, nesse momento, o pensamento majoritário foi de manter o apoio ao governo, às políticas de reforma e aos quatro ministros tucanos.

— O tema é a proteção do Brasil. Ninguém discutiu eleição. O tema é proteção às reformas, à economia, para garantir que é possível reverter a situação do flagelo econômico e da recessão para garantir a retomada do emprego — disse Dória ao sair da reunião.

Em seu discurso, que teve o som do discurso vazado no auditório, o prefeito de São Paulo atacou o discurso do PT, de ricos contra pobres, e fez uma defesa veemente do apoio ao governo Temer.

— Os jovens cabeças pretas devem aprender com a experiência dos cabeças brancas. O compromisso do PSDB é com as reformas e com o Brasil. Temos quatro ministros que estão desempenhando seu papel muito bem — discursou o prefeito de São Paulo, João Dória, sendo aplaudido no final.

Alckmin foi efusivamente aplaudido ao defender a antecipação da convenção nacional para trocar os dirigentes e preparar o partido para a disputa de 2018.

- O governador Alckmin defendeu que a gente tenha eleições gerais o mais rápido possível, em todos os níveis. Argumentou que não é possível fazer eleição partidária no mesmo ano da eleição para presidente. Quando houve aquela recondução do Aécio, de dirigentes estaduais e alguns municipais, eu achei um absurdo, mas agora, pelo jeito, não sou só eu que acho. Para a direção nacional, o consenso é que o senador Tasso Jereissatti é o melhor nome que temos. Assumiu num momento crítico e está indo muito bem - contou o ex-prefeito de Sorocaba, Antônio Carlos Panunzzio, ao deixar a reunião.

Com a recondução de Aécio, a data para a próxima eleição para escolha dos dirigentes nacional e regionais, aconteceria em maio de 2017, mas Alckmin e outros tucanos querem que isso aconteça já.

Sobre a denúncia que deverá ser encaminhada contra o presidente Michel Temer, Serra disse que não houve nenhuma orientação de voto na Câmara.

— Cada um vai analisar a denúncia e decidir seu voto — disse Serra.

Mesmo sem deliberação, o deputado Eduardo Cury (SP), um dos líderes do movimento do desembarque do governo, disse que continuará defendendo a saída do PSDB e que deverá votar pela abertura de investigações contra Temer na Câmara. E continuou defendendo que os ministros tucanos entreguem os cargos.

- Vai acontecer muita turbulência ainda antes da votação dessa denúncia. Nas atuais condições eu voto a favor da abertura de investigação contra o presidente Temer. Eu não sou governo. Vou continuar votando pelas reformas. Nosso debate continua. Acho que a melhor forma de tocarmos a reforma é ter liberdade e mostrar para a sociedade que estamos fazendo a coisa certa - avisou Cury, descartando a possibilidade de punição se votar pela aprovação da denúncia contra Temer na Câmara.

O senador Tasso Jereissati, os governadores Geraldo Alckmin (SP), Marconi Perilo (GO), o ministro Bruno Araújo e o Prefeito João Dória (SP) durante reunião do partido em Brasília para decisão sobre permanência e apoio ao governo Temer - Andre Coelho / Agência O Globo


O deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA), disse que o debate continua, com posições divergentes no partido, mas que a única coisa certa é que o PSDB sairá unido dessa discussão.

- Não é sangria desatada que temos que tomar uma posição hoje. É obvio que não é um casamento indissolúvel, podem ter fatos novos que impliquem numa ruptura. O que nos unifica é a defesa do Brasil e das reformas - disse Jutahy.

Sobre orientação para a votação da denúncia contra Temer na Câmara, Jutahy disse:

- Cada dia com sua agonia.

Antes da reunião, os tucanos negaram que a manutenção do apoio ao governo ocorreu em troca do arquivamento do processo de cassação do senador afastado, Aécio Neves, no Conselho de Ética. O ministro da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy, que defende a manutenção do apoio, disse que o fator principal para a decisão é a grave crise política e econômica por que passa o país.

— Absolutamente, essa decisão nada tem a ver com o apoio do PMDB ao PSDB em 2108, nem a Aécio no Conselho de Ética. Nesse momento grave, o que vai pesar para a decisão soberana do PSDB é o país — disse Imbassahy.