sexta-feira, 9 de junho de 2017

Janot reitera ao Supremo pedido de prisão de Aécio Neves


Com O Globo

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reforçou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira o pedido de prisão preventiva do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Ele também se manifestou pela manutenção da prisão da irmã do senador, Andrea Neves da Cunha, do primo, Frederico Pacheco, e do assessor do senador Zezé Perrela (PMDB-MG) Mendherson Souza Lima. Janot solicita que o caso seja apreciado pelo plenário da corte com máxima urgência.
O senador tucano foi denunciado por corrupção passiva e obstrução de justiça com base nas investigações da Operação Patmos. Apesar de não ter sido preso, ele foi afastado das atividades parlamentares e proibido de conversar com outros suspeitos. O ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato, rejeitou o pedido de prisão.
Segundo o procurador-geral, a prisão preventiva de Aécio é imprescindível. Ele destaca que "são muitos os precedentes do Supremo Tribunal Federal que chancelam o uso excepcional da prisão preventiva para impedir que o investigado, acusado ou sentenciado torne a praticar certos delitos enquanto responde a inquérito ou processo criminal, desde que haja prova concreta do risco correspondente."
“A manifestação demonstra, com a transcrição de conversas entre os envolvidos; que há fartas evidências tendentes a demonstrar que Andrea Neves, Frederico de Medeiros e Mendherson Souza Lima trabalham diretamente nos negócios escusos feitos pelo senador tucano . "Andrea Neves e Frederico de Medeiros trataram diretamente com Joesley Batista e Ricardo Saud, respectivamente, sobre a solicitação de propina no valor de R$ 2 milhões, ocorrida no ano em curso", diz o documento.
De acordo com Janot, Andrea Neves tem papel de protagonismo e existem provas contundentes de seu papel “na defesa do interesses criminosos dos seu irmão, o Senador Aécio Neves". Ainda segundo ele, a posição da irmã e do primo nos fatos não são isolados.
"A relação espúria que os une é muito anterior ao episódio mais recente de corrupção e as provas colhidas demonstram que há um risco concreto de que, caso não sejam mantidos presos, reiterem nas graves condutas delitivas e possam destruir eventuais provas existentes em relação aos fatos ilícitos envolvendo Aécio Neves e ainda não totalmente esclarecidos".
Uma das provas do inquérito é uma gravação feita pelo dono da JBS, Joesley Batista, de um diálogo mantido com o senador. Aécio pede ao empresário Joesley Batista R$ 2 milhões para pagar um advogado para defendê-lo na Operação Lava-Jato. Em uma ação controlada, com autorização do STF, a Polícia Federal filmou o diretor da JBS Ricardo Saud entregando R$ 500 mil a Frederico Pacheco, que depois repassou a quantia a Mendherson, ex-assessor do senador Zezé Perrella (PMDB-MG).
O PGR ressalta também que "não bastasse toda essa narrativa, vislumbra-se grande probabilidade de que a lavagem de parte dos R$ 2 milhões recebidos da propina paga recentemente pela J&F com participação direta de todos os requeridos ainda esteja em curso”.
Aécio responde a oito inquéritos do STF. Além do caso JBS, há cinco investigações abertas a partir de delações de executivos da Odebrecht, todos são da Lava-Jato e estão sob a relatoria do ministro Edson Fachin. Há ainda outros dois inquéritos instaurados a partir da delação do ex-senador Delcídio do Amaral, que são relatados pelo ministro Gilmar Mendes.