quinta-feira, 1 de junho de 2017

Filho de Mantega, comparsa da dupla corrupta Lula-Dilma, foi sócio por 4 meses de firma citada por dono da JBS


O então ministro da Fazenda, Guido Mantega - Givaldo Barbosa/8-9-2014


Cleide Carvalho - O Globo



Filho do ex-ministro Guido Mantega, Leonardo Mantega foi sócio durante quatro meses da Companhia Brasileira de Distribuição de Material Esportivo e Saúde, cujo nome fantasia é Pedala e que teria recebido US$ 5 milhões do empresário Joesley Batista, do grupo JBS. O empresário afirmou em depoimento de delação que recebeu o pedido de ajuda à empresa diretamente de Mantega, e que o empréstimo seria convertido em sociedade. Ele diz ter feito o repasse por meio de uma de suas empresas, a Antigua Investments, em 2012. 

Como o negócio não prosperou, Joesley teria perdoado o empréstimo.


Os documentos arquivados na Junta Comercial de São Paulo mostram que Leonardo Mantega foi sócio da empresa entre 10 de janeiro de 2012 e 30 de abril de 2012. A Companhia Brasileira de Distribuição de Material Esportivo e Saúde tem sede informada em Palmas, capital do Tocantins, onde obteve incentivos fiscais para se instalar. Os benefícios foram cancelados em 1º de março de 2016.

Quando Leonardo deixou a sociedade, a Pedala continuou com os sócios dele, Dannyel Filgueiras de Lima e Silva e Rafael Attanasio. Joesley não disse em que mês foi feito o empréstimo. Segundo o advogado Conrado Almeida Corrêa Gontijo, a empresa foi criada em 2007 para atuar no e-commerce — venda não-presencial — de materiais esportivos e recebeu investimento de um fundo em setembro de 2012.

“A Pedala jamais recebeu empréstimo ou investimento, de qualquer natureza, da JBS, ao contrário do que foi noticiado. O único investimento no valor noticiado foi realizado em setembro de 2012, por um fundo de investimento que jamais indicou ter qualquer relação com Joesley Batista. Referida operação foi devidamente registrada e formalizada”, informou Gontijo em nota.

O advogado afirmou ainda que a empresa encerrou as atividades em 2014 e todos os valores investidos pelo fundo foram aplicados na companhia, que “entregará todos seus documentos contábeis às autoridades”.

Em setembro de 2014, Leonardo e Dannyel voltaram a atuar em sociedade. Juntos, abriram a Epicom Desenvolvimento de Software. O endereço informado à Receita Federal é na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, em São Paulo. No imóvel, funciona há 10 anos uma empresa de telemarketing. Um dos seus sócios disse ao GLOBO ter emprestado o endereço a Dannyel por serem amigos de longa data, mas que a Epicom nunca funcionou ali e foi instalada em escritório próprio.

O GLOBO esteve no prédio em que a Epicom está instalada, no bairro Vila Olímpia. Pelo interfone, a recepcionista do edifício entrou em contato com a empresa. Os sócios não estavam. Diante de um pedido para que fosse fornecido um telefone da Epicom, a recepcionista disse que a empresa lhe informou não ter telefone de contato.

Gontijo informou que a atividade da Epicom é lícita e que os dados de contato estão no site da empresa. O telefone informado na página não funcionou nos dois dias em que a reportagem tentou entrar em contato com os sócios da Epicom.

Dannyel é sócio também em outras duas empresas registradas na Junta Comercial de São Paulo, a Liga do Esporte e a PDV Solution. Ambas não funcionam nos endereços informados à Junta Comercial e permanecem ativas. A PDV Solution, Comércio e Serviços de Material Publicitário foi aberta em 19 fevereiro de 2008 e o endereço informado no registro da empresa é na Alameda Lorena, nos Jardins. No local funciona desde 2001 um hotel.

O advogado afirmou também que as informações detalhadas serão fornecidas diretamente à Justiça.

No depoimento de delação, Joesley afirmou que, além da ajuda para a Pedala, Guido Mantega lhe pediu que depositasse US$ 20 milhões, retirados do dinheiro destinado ao PT, em outra conta no exterior. Um ano depois, o dinheiro teria sido devolvido ao partido.

Na última quarta-feira, os advogados de Mantega informaram à Justiça que o ex-ministro manteve na Suíça uma conta não declarada no Brasil. Segundo o documento, Mantega “não espera perdão nem clemência pelo erro que cometeu ao não declarar valores no exterior”, mas reitera que nunca pediu ou recebeu vantagens ilícitas.

Os advogados informaram que a conta, no banco Picktet, na Suíça, recebeu um único depósito de US$ 600 mil como parte de pagamento da venda de um imóvel herdado do pai. Mantega abriu mão do sigilo bancário e fiscal, e os advogados disseram que “há outras informações bancárias para fornecer”, não relacionadas ao período investigado.


GESTÃO DE US$ 300 MILHÕES

O ex-ministro foi delatado por dois empresários: Marcelo Odebrecht e Joesley Batista. Marcelo Odebrecht disse que Mantega lhe pediu R$ 50 milhões para aprovar a MP 470, conhecida como “Refis da Crise”, em 2009, mas só começou a usar o dinheiro em 2011 e, para a eleição de 2014, lhe pediu e obteve mais R$ 100 milhões.

Joesley disse que Mantega cobrava 4% do valor dos contratos dos créditos aprovados pelo BNDES e BNDESpar, desde 2005, mas pediu que o dinheiro ficasse com o empresário, que abriu uma conta no exterior para o PT. Em 2014, o valor creditado para o partido alcançava, segundo o empresário, US$ 150 milhões.

Na prática, Mantega teria movimentado R$ 300 milhões em propinas dos dois grupos.