Ronaldo D'Ercole - O Globo
A frágil reação da economia brasileira no primeiro trimestre, que cresceu 1% na comparação com os últimos três meses de 2016, não foi suficiente para tirar o Brasil da lanterna de uma lista de 39 países que já divulgaram o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) no período. Quando se considera a comparação anual, que é o critério usado internacionalmente para avaliar o desempenho das economias, o PIB brasileiro teve retração de 0,4% em relação ao primeiro trimestre de 2016, o pior da lista de países analisados pela consultoria Austin Rating,responsável pela elaboração do ranking.
— A avaliação da economia em períodos iguais é mais precisa, pois o desempenho do primeiro trimestre em relação ao quarto, por exemplo, pode estar contaminado por fatores como a reposição de estoques que baixaram no final do ano — diz Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.
Agostini observa que, se fossem tomados os resultados do primeiro trimestre na comparação com o quarto trimestre de 2016, a expansão de 1% colocaria o Brasil na 14ª posição entre as 39 economias analisadas. Mas, pelo critério usual, o quadro muda.
— Mais uma vez, o Brasil foi superado pelas economias da Grécia, Ucrânia e Rússia, por exemplo — observa.
A Grécia aparece na penúltima posição, com retração de 0,3% no PIB do trimestre passado. A Rússia teve crescimento de 0,5% e ficou na 37ª posição, enquanto a Ucrânia que, aos poucos sai de uma guerra civil, teve expansão de 2,4%, a 24ª na lista.
Entre as economia latino-americanas, o México aparece no ranking na 17ª posição, com expansão de 2,8% no trimestre passado, o Peru, na 28ª, com 2,1%, e a Colômbia, a 34ª, com 1,1%. No topo do ranking de crescimento, a China (6,9%) lidera, seguida por Filipinas (6,4%), e Índia (6,1%).
Apesar do contágio da crise política na economia, que ameaça o avanço das reformas, especialmente a da previdência, no Congresso, a Austin Rating mantém sua projeção para o PIB neste segundo trimestrede 0,1% em relação a igual período de 2016.
— Mesmo que a crise comprometa o avanço da reforma da Previdência, que afetaria fortemente os investimentos, a produção e o consumo, já há uma dinâmica que está sendo fomentada pela liberação das contas inativas do FGTS, pela queda dos juros e pela forte recuperação das exportações. Além disso, a base de compara, 2016, é muito fraca. Assim, há uma dinâmica muito forte que para ser revertida teria de haver uma queda muito forte no nível de atividade — diz Agostini.