O Globo
Presidente endurece triagens, prioriza cristãos sírios e reestrutura Forças Armadas
WASHINGTON - O presidente Donald Trump anunciou a assinatura de ordens executivas que incluem um plano de reestruturação das Forças Armadas dos EUA e a verificação mais dura de imigrantes e de estrangeiros para combater o terrorismo islâmico. Uma ordem executiva cita especificamente a suspensão por 90 dias da entrada de sírios e de pessoas de outros seis países de maioria muçulmana, além de pausar por 120 dias as admissões de refugiados, disse o jornal "Washington Post". No futuro, segundo um decreto, cristãos sírios terão prioridade de entrada.
Em visita ao Pentágono, Trump disse que prepara o Orçamento para submetê-lo ao Congresso, reforçando que os deputados "alegremente aceitarão" a "grande reestruturação" do comando militar.
— Nossa força militar não será questionada por ninguém — sentenciou Trump. — Mas tampouco nossa dedicação à paz será. Queremos paz.
Enquanto firmava o decreto sobre a reconstrução militar, Trump declarou: "Reconstruir nossas Forças Armadas, isto é grande. Não soa bem?!"
O presidente americano assinou ainda um decreto para endurecer as condições de verificação de antecedentes de imigrantes e de visitantes "para manter terroristas islâmicos fora dos EUA".
— Queremos garantir que não estamos deixando entrar em nosso país as verdadeiras ameaças que nossos soldados estão enfrentando no exterior — afirmou Trump. — Estou assinando uma medida para deixar entrar somente quem apoiar nosso país e amar profundamente nosso povo.
PAÍSES MUÇULMANOS NA MIRA
Na ordem executiva, Trump afirma que suspenderá a entrada de sírios até que o processo tenha sido reforçada. A Síria foi originalmente o único país citado nominalmente — apesar de Trump ter avaliado suspender a imigração de pessoas vindas de outras seis nações de maioria muçulmana: Sudão, Somália, Iraque, Irã, Líbia e Iêmen.
A visita ao Pentágono teve como motivo uma cerimônia de posse do novo secretário de Defesa, James Mattis.
Separadamente, Trump disse que os sírios cristãos terão prioridade quando se trata de solicitar o estatuto de refugiado, mas especialistas jurídicos disseram que distinguir uma determinada religião pode ser classificada como uma violação da Constituição dos Estados Unidos.
— Os cristãos foram perseguidos muito, muito duramente — afirmou Trump em uma entrevista à rede especializada CBN News. — Você sabia que se fosse um cristão na Síria seria quase impossível, ou ao menos muito difícil entrar nos EUA?
POLÊMICA COM TORTURA
Como parte de seus esforços antiterror, Trump causou controvérsia ao repetidamente defender a retomada de uma prática considerada como tortura: o afogamento simulado contra suspeitos. Mattis é a favor de manter as atuais regras americanas durante a realização de interrogatórios aos prisioneiros, que proíbem a utilização da tortura. Mattis disse "respeitar e estar comprometido em apoiar a lei internacional sobre conflitos armados, a Convenção de Genebra e as leis americanas, e que isto não mudará".
— James Mattis, nosso novo secretário de Defesa, disse que não acredita em tortura. Não necessariamente concordo, mas digo a vocês que ele reverterá a responsabilidade que eu lhe der. Sinto que a prática funciona, mas fico feliz de estar de acordo com nossos líderes.