O Globo
Presidente de saída reviveu espírito progressista que marcou seu mandato
CHICAGO — Foram oito anos fazendo história e política como o primeiro presidente negro dos Estados Unidos. E na terça-feira (horário local), quase oito anos após assumir o cargo mais poderoso do planeta em cima do lema que virou grito de guerra — “Yes we can!” (“Sim, nós podemos!”) —, e faltado apenas dez dias para deixar a Casa Branca, Obama reviveu em seu discurso de despedida o espírito progressista que marcou seu mandato, e como o qual ele esperava eleger a democrata Hillary Clinton. Em dado momento, ele disse:
“Eu ainda acredito!” Com uma fala não explicitamente de contraste, ou de embate com o presidente eleito, o magnata republicano Donald Trump, a mensagem era passar uma visão esperançosa para o futuro dos americanos, em meio a uma onda conservadora que chega junto com o discurso do futuro governante dos EUA.
— Eu vim para Chicago quando eu tinha vinte e poucos anos, ainda tentando descobrir quem eu era, ainda procurando por um propósito para minha vida. Foi em bairros não muito longe daqui onde comecei a trabalhar com grupos de igrejas nas sombras de antigos moinhos de aço. Foi nessas ruas que testemunhei o poder da fé e a dignidade tranquila dos trabalhadores diante das lutas e das perdas. Foi onde aprendi que a mudança acontece somente quando as pessoas estão envolvidas, estão engajadas, e vão juntas exigi-la — discursou o presidente de saída, para uma audiência lotada de cerca de cinco mil pessoas.
O local escolhido foi o Centro de Convenções McCormick Place, o maior do país, em Chicago, cidade mais populosa do estado de Illinois e onde Obama se criou — lá ele estudou Direito, iniciou a carreira política, conheceu Michelle e teve as duas filhas, Sasha e Malia.
— Depois de oito anos como seu presidente, eu ainda acredito! E não é apenas minha crença. É o coração batendo de nossa ideia americana. Nossa experiência corajosa em nos autogovernar. É a convicção de que todos somos criados iguais, dotados por Deus de certos direitos inalienáveis, entre eles a vida, a liberdade e a busca da felicidade — afirmou Obama, para acrescentar: — É a insistência de que esses direitos, embora evidentes, nunca foram autoexecutáveis. Que nós, o povo, através do instrumento da nossa democracia, podemos formar uma união mais perfeita. Este é o grande presente que os fundadores da nação nos deram: a liberdade de perseguir nossos sonhos individuais através do nosso suor, trabalho e imaginação, e o imperativo de lutar juntos também, para alcançar um bem maior.