quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

'New York Times' investirá US$ 5 milhões para cobrir governo Trump

Folha de São Paulo


O "New York Times" anunciou, ao divulgar nesta terça (17) um estudo estratégico sobre o futuro do jornal, que separou US$ 5 milhões (cerca de R$ 16 milhões) adicionais para a cobertura do governo de Donald Trump, que toma posse como presidente americano nesta sexta-feira (20).

"Nossos leitores têm vindo até nós em quantidades recordes porque sabem que somos uma das poucas organizações de informação com poder e força moral para cobrir todos os aspectos dessa mudança histórica no poder americano", escreveram em nota o editor-executivo, Dean Baquet, e o secretário de Redação Joe Kahn.

Ramin Talaie/AFP
Vista da fachada do prédio do jornal "The New York Times", em Nova York (EUA)
Vista da fachada do prédio do jornal "The New York Times", em Nova York (EUA)

A cobertura "de forma agressiva, justa e implacável" será prioritária —daí os US$ 5 milhões, que vão permitir retratar "com ainda mais ambição a era Trump, em Washington, Nova York, o país e o mundo", em áreas como impostos, imigração, educação e clima.

O projeto é "cobrir Trump e a nova ordem global", ou seja, além do governo, será "também sobre a estabilidade da ordem global que prevaleceu desde a Segunda Guerra Mundial e sobre o lugar dos Estados Unidos nesse mundo".

Baquet e Kahn admitem, por outro lado, que serão feitos novos cortes no jornal.
"Nada pode disfarçar o fato de que a mudança contínua do impresso para o digital exige uma Redação um pouco menor e mais focada", afirma a nota.

"Haverá cortes de orçamento este ano. Apresentaremos os detalhes nas próximas semanas e meses. Não podemos fingir que estamos imunes às pressões financeiras, mas vemos este momento como um reposicionamento necessário da Redação do 'NYT', não como um rebaixamento."

O "plano de ação" de Baquet e de Kahn prevê desde já a redução nos níveis hierárquicos da Redação, com menos editores, a separação da edição dedicada ao impresso e a contratação de mais 12 jornalistas para vídeo, arte e interação.

Parte das ações anunciadas tem relação direta com o estudo estratégico também divulgado nesta terça-feira, intitulado "Jornalismo que se destaca". Foi elaborado ao longo de um ano por um grupo de sete jornalistas encabeçado por David Leonhardt, colunista do "NYT".

O estudo diz que o jornal se adaptou ao ambiente digital, com "inovação significativa nos últimos dois anos", mas "o ritmo tem que ser acelerado". Entre as recomendações, reportagens mais visuais e com maior participação dos leitores.