quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

A oportunidade Trump

Com O Antagonista


Felipe Moura Brasil, da Veja, é uma raridade: um jornalista que defende Donald Trump.
O Antagonista foi conversar com ele.
A conversa está resumida aqui (ele pretende publicar o resto em seu blog).

Animado com Trump?
Meu temperamento avesso a celebrações antes da hora naturalmente me impede de ficar animado com qualquer governo, incluindo o de Trump, mas a oportunidade que o fenômeno de sua ascensão ao poder abriu para a exposição da distância entre a militância jornalística e a realidade, como fiz durante toda a campanha, é pessoal e culturalmente animadora para mim.
O que comemoro, sim, é a saída de Barack Hussein Obama, o queridinho da mídia cuja estatização do sistema de saúde resultou só para a classe média em um aumento de impostos de 377 bilhões de dólares. Obama ainda elevou a dívida dos EUA em 9,2 trilhões de dólares desde que tomou posse e agora a deixa com um total de 19,9 trilhões – um aumento de 87%.
Sua intervenção desastrosa na Líbia (tão bem retratada no filme “13 horas”) e a retirada precoce das tropas americanas do Iraque em nome do “pacifismo” abriram caminho para o massacre de inocentes e o poder de terroristas islâmicos que ele ainda se recusa a chamar pelo que são. Some-se tudo isto à perda, por exemplo, de 301 mil empregos em fábricas durante seu governo e nem eventuais incertezas sobre Trump impedem um considerável alívio.
O Antagonista defende a supremacia dos Estados Unidos e o dever dos americanos de defender o mundo livre contra as tiranias. Você não considera assustador o discurso isolacionista de Donald Trump, que exacerba o acovardamento de Barack Obama?
É cedo para me assustar, porque não encaixo exatamente na categoria do isolacionismo, seja econômico ou militar, o discurso de Trump até aqui.
Ele é um homem prático, um negociador pragmático que busca, com ameaças e estratégias ousadas, garantir maiores vantagens para o lado que defende em qualquer negociação, não um intelectual ou ideólogo com diretrizes doutrinárias a seguir independentemente do cenário circunstancial.
Enquanto recupera as Forças Armadas americanas enfraquecidas por Obama, o presidente eleito prefere ter a Rússia como aliada no combate ao terrorismo islâmico a alimentar uma tensão desnecessária entre as duas potências nucleares em função de disputas em outros países.
livre comércio e o capitalismo multinacional foram os maiores responsáveis pelo predomínio econômico dos Estados Unidos. O protecionismo de Donald Trump não coloca em risco tudo isso?
Depende de até onde Trump vai levar a sua reação a acordos de livre comércio que tiveram efeitos negativos sobre a economia e a força de trabalho americanas, como o Nafta – entre EUA, Canadá e México –, que ele chamou de o "pior acordo comercial na história".
Rever acordos danosos para os EUA não é necessariamente antiliberal, antimercado ou antiglobalização, pode ser também mais a favor do país que acumular déficits comerciais crônicos com os outros.
O fato de ter incomodado seu grande rival no mundo, a China, que curiosamente virou o xodó de Davos, pode ser visto também como uma indicação positiva, assim como os recordes históricos batidos pelo Dow Jones após sua eleição talvez indiquem que Wall Street não espera um desastre.
Você apoia o muro na fronteira com o México? A América Latina é o quintal dos Estados Unidos. Donald Trump vai renunciar ao seu quintal? Não é grave para o Brasil deixar de ser o quintal dos Estados Unidos?
O muro, é sempre bom registrar, não combate a imigração legal, mas a ilegal, que, embora inclua a entrada de gente que depois não comete outras ilegalidades nos EUA, também inclui a entrada de criminosos que traficam armas e drogas, roubam, estupram, matam.
Considero perfeitamente legítimo que um país proteja suas fronteiras da maneira como julga mais adequado e o eleitorado apoiou Trump na construção do muro. Apoiar mesmo, eu apoio a construção de um igual nas fronteiras brasileiras com a fortuna roubada na propinocracia petista.
Grave para o Brasil e o resto da América Latina é eleger governantes que só despertam nos cidadãos a vontade de ir embora para os EUA.